Capítulo 31

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Luke Hemmings, Los Angeles, 27 de Agosto de 2019

Quando entro na sala Angeline está sentada na mesa cercada de livros enquanto encarava a tela do computador com atenção, eu estava no quarto tocando guitarra — foi o melhor presente do mundo, o que não aliviava minha consciência pelo aniversário. Desde aquele dia as coisas não estão mais as mesmas. Eu havia a magoado muito, quebrado a confiança que ela tinha em mim e no meu amor. Isso não tinha perdão e eu não sabia o que fazer.

Minha personalidade era de atacar quando atacado o que não ajudou nas coisas, falei muitas coisas estúpidas nesse meio tempo e me desculpei por cada uma delas. Angel não estava acostumada a pedir desculpas, geralmente ela murmurava algo parecido com uma quando percebia que havia exagerado. Isso me magoava mas acho que não estava em posição de exigir nada.

— Qual data acha melhor para irmos? — pergunto a ela.

— Não sei. — ela responde, continuando a digitar no computador.

— Final de setembro está bom pra você?

Seus dedos martelavam as teclas enquanto ela nem ao menos parecia pensar a respeito, pigarreio para ver se conseguia um pouco de atenção. Não deu certo.

— Época de prova, acho melhor irmos antes.

Franzo a testa, como assim irmos antes? Estava atolado de entrevistas e tínhamos um bando de músicas e clipes que ainda nem foram gravados, entre eles No Shame. Com o lançamento de Old Me na semana passada parecia que estávamos cada vez mais ocupados.

— Eu tenho um disco pra finalizar. — a lembro.

— Então é só ir sozinho. — Angeline rebate.

Foi como um soco no estômago, sinto que estávamos correndo em círculos.
Depois de muito implorar pelas desculpas dela nós finalmente havíamos nos acertado, ficamos de boa por alguns dias até que outra discussão aconteceu. Eu nem ao menos me lembrava do motivo, foi algo bobo e mínimo que nem merecia nossa atenção mas acho que ambos não conseguíamos controlar a língua.

Estamos assim tem um mês, o mês mais cansativo de toda minha vida. Eu a amava muito e não queria que isso se tornasse uma tragédia mas estamos fora de sintonia. Não queria mais seguir o ciclo de brigar, se desculpar, sexo, alguns dias de paz até brigarmos de novo.

— Você disse que iria comigo. — digo e finalmente ela olha pra mim.

Sua expressão não dizia nada, zero emoções.

— Eu disse há um mês atrás quando achei que tinha tempo. — é tudo o que ela diz antes de virar a cara e voltar a digitar.

— Você tem tempo.

Uma risada irônica escapa de sua boca. Seus dedos martelando num barulho insuportável, não era agressivo mas estava com vontade de tampar esse notebook pro outro lado da sala.

— Desculpe, exclusividade sua ser ocupado. — rebate mais uma vez.

Bufo.

— Pode por favor olhar pra mim quando fala comigo?

Angeline joga o cabelo pro lado e vira o rosto em minha direção dando um sorriso sem exibir os dentes, mas não havia humor nenhum nele.

— Estou estudando Luke e isso demanda tempo mas não tem como você saber já que largou o ensino médio.

Não respondo nada, somente continuo olhando para ela enquanto pensava o que diabos aconteceu para passarmos noventa por cento do nosso dia jogando as coisas na cara um do outro.

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋, 𝘭𝘶𝘬𝘦 𝘩𝘦𝘮𝘮𝘪𝘯𝘨𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora