Capítulo 24

509 42 17
                                    

Luke Hemmings, à caminho de Sydney, 19 de Março de 2019

— Não aguento mais.

É a milésima vez que Angeline diz isso.

Após uma semana de planejamento finalmente conseguimos embarcar rumo a Sydney. Levar a Angel bagunçou todo nosso cronograma, ela cismou que não podia perder nenhuma aula da quinta ou da sexta pois havia se candidatado a um estágio com o professor que dava aula nesses dois dias. "Não posso querer trabalhar com o cara e perder as aulas dele" ela argumentou e ela venceu.

Dezesseis horas de voo era bastante tempo mas eu e os garotos estávamos acostumados, quando pousarmos vai ser sábado de tarde mas não tínhamos grandes planos pro dia. Meus pais e meus irmãos provavelmente estariam em casa cercados por comida e eu passaria a noite toda na cama descansando... ou me cansando mais ainda, tudo dependia do humor de minha namorada que no momento não estava dos melhores.

— Eu disse que a viagem era longa. — a lembro. Eu disse várias vezes por sinal.

Ela me olha com os olhos cerrados enquanto se remexe inteira na poltrona de viagem, tinha acabado de amanhecer e em cerca de cinco horas estaríamos pousando.

— Eu não estava pensando muito bem quando aceitei essa viagem.

"Peça no meio do sexo aí terá menos probabilidade de ela negar", técnica do Michael. Dou uma risadinha e a trago pra perto de mim pra colocar sua cabeça em meu ombro. Angeline solta mais um de seus longos suspiros mas fica menos tensa, ela não parou quieta nesse avião desde o momento em que entramos. Foi cinco vezes na poltrona do Calum conversar com ele, umas dez vezes no banheiro e comeu uns quatro sanduíches. Eu sei que ela é agitada mas essa história de conhecer minha família a deixou uma pilha de nervos.

Uma parte de mim agradece por já conhecer a família dela antes mesmo de estarmos juntos.

— Relaxa amor, vão gostar de você.

Ela me encara e dá um sorrisinho.

— Bom, todo mundo gosta de mim. — rebate. Dou um risinho e acho que está tudo certo até ela bufar. — Quem estou querendo enganar? Eu sou a porra de um clichê americano!

Angeline muda de posição bruscamente, se afastando de mim. O casal de idosos das poltronas ao lado nos encaram, parecendo preocupados. Dou um sorriso amarelo numa tentativa de mostrar que sou amigável e não um agressor e então me viro para minha namorada.

— Minha mãe vai gostar menos de você se usar a palavra porra. — sussurro e ela revira os olhos.

— Não vai me deixar sozinha com eles né?

— Não vou. — prometo.

Angeline assente e se encolhe em sua poltrona de novo encarando o filme que passava na sua tela, era Mama Mia, ela adorava musicais. Estava prestes a voltar a assistir o meu quando Calum enfia a cabeça por cima do encosto de seu banco.

— Relaxa Angie, tia Liz é o cara! — ele diz.

— Ela conversou no telefone com minha mãe ontem, não sei por que está assim.

— Não tem só ela na sua família. — Angel murmura.

— Você está sendo dramática! — rebato.

— É, como foi quando conheceu a família do Josh?

Eu e Angeline encaramos Calum no mesmo segundo, eu faço cara feia e ela uma careta.

— Eu sempre conheci a mãe dele, ela é amiga da minha desde que eu nasci!

— Você vai sobreviver. — meu amigo diz. — Por que não descansa um pouco? Conhecendo os Hemmings você vai chegar e vai ter um churrasco de boas vindas rolando...

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋, 𝘭𝘶𝘬𝘦 𝘩𝘦𝘮𝘮𝘪𝘯𝘨𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora