O DESPERTAR (Livro 1) || PARADA

23

                           Grayson

Eu estava com uma ressaca do caralho, eu tinha bebido todas naquela madrugada, depois de me afogar em decepção mesclada com raiva.

 Merda! Ela tinha me deixado na mão. Aquela porcaria de jantar tinha sido um fracasso — não que eu já não previsse isso.

 Mas confesso que eu tinha exagerado com Hillary... mas caralho, eu tava bêbado e com raiva, muita raiva dela e ainda estava, naquele momento. Mas falar que ela era insignificante e que ela também tinha culpa por eu ter voltado a beber foi um golpe baixo até pra mim, aquilo não era, em nada, verdade.

   Porra, ela não tinha culpa de nada e eu fui um babaca de novo quando fui reclamar por uma coisa que eu sabia que iria acontecer... eu nunca poderia contar com ninguém, as pessoas sempre me machucavam e me decepcionavam o tempo todo, por quê eu pensei que seria diferente com ela?

    Eu já estava a caminho do Starbuck pra encontrar uns amigos e quase bati o carro, quando passei em frente a uma pracinha próxima a lanchonete, vendo uma cena que me deixou com um medo horrípilo que eu jamais pensei que sentiria na vida. Hillary estava sentada em um banquinho conversando com Jake. Mas que porra! O que diabos ela está fazendo com aquele cretino?

  Eu poderia deixar ela lá com aquele bastardo asqueroso pra deixar de ser burra, mas eu vi desconforto em seu rosto e parei de vez o carro que andava lentamente.

   Andei até eles e os dois me olharam surpresos, Jake abriu um sorrisinho presunçoso que eu imediatamente senti vontade de tirar de seu rosto a socos.

   — Hillary, eu preciso falar com você — disse como cumprimento. Ela me olhou com o cenho franzido e negou com a cabeça. Merda. Ela não tava ajudando.

  — Eu não vou falar com você, Grayson. Não quero ser humilhada de novo — sua voz falhou. Apertei a mão em punho quando lembrei mais da noite anterior. Porra! Eu a fiz chorar. Eu odiava quando meu pai fazia minha mãe chorar quando estava bêbado e foi exatamente isso que eu fiz com a Hillary, eu fui como ele. Eu fui um bastardo bêbado que a fez chorar.

  — Olha, Grayson, não é? — Jake começou e me controlei pra não quebrar a cara dele. — Ela disse que não quer ir... Então é melhor você ir. — ele ergueu a sobrancelha em desafio, estiquei o canto da boca em um sorriso malicioso e continuei no mesmo lugar com as mãos no bolso.

  Ele levantou e começou a andar em minha direção inexpressivo e senti Hillary parando do meu lado. Ele franziu o cenho pra ela, que deu de ombros.

   — Eu acho melhor eu ir com ele. Eu preciso ir pro campus e... tenho que falar com uma amiga — ela não era nada boa em mentir.

   — Mas você já não estava saindo da casa dela quando a gente se encontrou? — mas que porra é essa?

  — É que... eu tenho outras amigas e... Como você sabia que era a casa de uma amiga? — perguntou quando me fiz a mesma pergunta.

  — Bom... você me disse, não lembra? — ele também não sabia ser convincente.

  — Não. Bom, eu realmente preciso ir. Tchau — ela beijou sua bochecha e senti meu estômago embrulhar.

   Ele sorriu pra ela quando nos afastamos.

  — O que diabos você quer? — Hillary perguntou em um tom alto quando entramos no carro.

   — Eu... só... O que você estava fazendo com ele, porra? — perguntei irritado.

   Ela me olhou com incredulidade.

  — Isso não é da sua conta. Você não pode ficar na minha cola toda vez que me vê com algum garoto — disse como se o que fiz estivesse se repetindo.

   Ri com escárnio. Essa garota é completamente louca.

 
   Ignorei todas as sua perguntas até chegar no campus.

  — Não espere um obrigada — disse Hillary enquanto descia do carro furiosa.

  Balancei a cabeça e deu partida.

   Meu celular já tinha cinco chamadas perdidas de Carly quando estacionei em frente o Starbuck.

  — Onde diabos você estava? — perguntou Gus quando me sentei na cadeira ao seu lado.

  — Por aí — disse com indiferença e neguei quando Judie me ofereceu um copo de cerveja. Eles sempre estão bebendo nem que seja os lugares mais improváveis.

   — Qual é, Grayson? Voltou a beber só água agora? — perguntou Gus a assenti.

  Eu estava pensando seriamente em parar de beber, nem que fosse só por alguns dias.

  — Fico feliz por você — disse Ray do outro lado da mesa e acenei com a cabeça.

  Senti alguém chegando por trás de mim e mãos descendo por meu peito.

  — Oi, Gray — sussurrou Carly no meu ouvido e abri um sorriso malicioso. Ela só me chamava assim quando queria uma boa foda e era exatamente disso que eu estava precisando.