O DESPERTAR (Livro 1) || PARADA

08

Eu estava paralisada olhando para as pessoas à minha frente.

  Então quer dizer que a April puritana e estudiosa estava momentos antes transando com o seu futuro meio irmão?

  Aquilo era muito estranho. Tudo aquilo.

  — E então? Você vai ficar aí parada olhando ou vai sair agora mesmo daqui? — indagou Grayson, furioso.

  Eu continuei encarando April que finalmente parou de tentar se esconder e agora me lançava um olhar mortal.

  — E quando for embora não ouse falar nada do que viu aqui para a minha mãe ou para a sua, me entendeu? — ordenou April e eu fiz uma leve careta de reprovação. Ela pensava mesmo que podia mandar em todo mundo.

  — E porque eu não diria?
— perguntei cruzando os braços em desafio e ela arregalou os olhos surpresa, eu também estava um pouco assustada, eu nunca fui de enfrentar ninguém, acho que Jane estava me ensinando a ser mais corajosa.

   — Como é? — ela retoricamente perguntou e começou a andar em passos lentos até mim – praticamente desfilando. — Se você contar pra alguém o que viu aqui eu juro que vai se arrepender! — gritou e como já estava vestida ela pegou sua bolsa que estava em uma poltrona cinza e saiu com os olhos fulminantes de ódio.

  E então Grayson, que até então observava toda a cena encostado na parede e com um expressão de divertimento, andou até mim com um expressão nada amigável.

  Eu imediatamente comecei a dar passos para trás até que minhas costas encostaram na parede e me vi encurralada contra a parede por Grayson… outra vez.

  — Você apareceu nessa fraternidade só pra ferrar comigo, não foi?
— indagou e pude sentir o seu hálito de bebida e menta no meu rosto, pela proximidade.

  Eu neguei com a cabeça incapaz de formar uma justificativa coerente por estar em seu quarto no momento.

  — Eu poderia muito bem te foder agora mesmo pra compensar a transa que você acabou de interromper.
— sussurrou e eu erregalei os olhos, comecei a tentar sair de perto dele mas ele me segurou e me encarou com um expressão desespero.

   — Espera! Você não precisa se assustar, eu nunca te machucaria, desculpa… Quer dizer, eu nunca seria capaz de transar com uma garota sem que ela queira! — tentou se explicar e eu fiquei um pouco mais aliviada ao saber daquilo. — E eu também nunca transaria com você! — afirmou com uma voz estranha e franzi o nariz.

  — Só sai do meu quarto… por favor!
— pediu tentando esconder sua raiva.

  Consegui me soltar de seu aperto mas acabei tropeçando em um livro gigante que tinha no chão e já estava me preparando pro baque quando senti os braços de Grayson me segurarem e consegui suspirar aliviada. Por quê diabos ele tinha um livro daquele tamanho, afinal?

  Virei o rosto e me arrependi quando vi o quanto nossos rostos e corpos estavam colados.

   — Parabéns, além de uma chata você também é um completa desastrada! — disse baixo em um tom de arrogância misturado com raiva.      — Você pode pra sair do meu quarto agora?

  — Está bem. — disse em um sussurro e ele me fitou novamente.

    — Merda. — resmungou e então fez a última coisa que eu queria que ele fizesse, ou esperava…

  Me beijou!

  Um beijo nada romântico e que eu não fazia ideia de como retribuir ou se deveria retribuir… eu queria sair dalí naquele mesmo momento mas os lábios carnudos dele eram tão macios e deliciosos.

  Meu Deus! No que estou pensando.     
  
  Eu precisava sair dalí.

  Ele apertou minha bunda e nesse momento eu o empurrei, ele pareceu perceber o que tinha acabado de fazer pois começou a puxar o cabelo em um ato nervoso.

   — Desculpa. Mas que droga! Eu não sei o que me deu. — ele me encarou e parecia angustiado. — Só sai logo daqui. — resmungou passando a mão pelo rosto, e eu assim o fiz, não porque ele tinha mandado mas sim porque eu realmente precisava sair daquele lugar o quando antes.

  Tudo na minha vida parecia sair do controle quando eu estava naquela maldita casa.

  A casa onde morava a pessoa que acabou por destruir todo o controle que eu exercia sobre mim mesma, em tão pouco tempo.