Capítulo 18

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No final de semana, fomos visitar novamente a minha avó. Ainda bem que não vi o Adam no resto da semana, embora ele tenha me mandando inúmeras mensagens e ligado várias vezes. Mentiu para mim, embora eu tenha entregado meu coração, entregado meu corpo a ele.

- Charlie, depois pega o número daquele advogado com o seu boy? - Martina pediu, no meio da viagem, abrindo um Oreo e sujando o banco do carro inteiro.

- Não.

- Ah, por quê?

- Adam não existe mais para mim.. se queria o número dele, deveria ter pedido diretamente.

Martina ficou calada, olhando para a estrada, até que eu suspirei, resolvendo enviar logo para ela como contatar o Alex. Ela ouviu a notificação e deu um sorriso e um gritinho. Ai , meu Deus !

- O quê quer tanto conversar com a sua avó? - minha mãe quis saber, olhando pelo retrovisor interno do carro, no teto do carro entre ela e o marido.

- Pedir desculpas por não ter dado atenção quando ela falou contra o Adam.

- É sério isso? - Martina se intrometeu
- sempre foi um príncipe com você e no primeiro erro leva um chute na bunda?

- Aquela Evie gosta dele, dá para ver no modo como olha para ele.

- E daí? Ele é seu namorado.

- Você deveria ouví-lo - Jolie instruiu, pensativa- talvez tenha uma explicação para esse comportamento que teve.

Mentir? Eu não teria proibido o mesmo de ir para a casa da outra, mas não suportava mentiras. O T mentiu para mim no início de tudo dizendo que tinha uma namorada, quando na verdade só queria me fazer ciúmes e ser disputado. E eu o perdoei. Não queria fazer papel ridículo, nem outro me julgando idiota.

Até porque nem se explicou e se desculpou quando teve chance, mas preferiu não falar nada sobre isso. Tudo aquilo era nojento.

Não falei nada para a Jasmim, minha vó, quando cheguei na casa. Ela apenas me olhou melhor do que olhara da última vezes, quando soube que estive com o Adam. Tomara que minha mãe não tivesse contado sobre nada, porque realmente não estava a fim de aturar ela esfregando na minha cara esse problema.

- Então, Charlie, e o Adam hem? - ela perguntou, me olhando do sofá.

- Nós estamos bem, obrigada. Achou que não? - respondi. Mesmo que estivéssemos separados, mesmo que eu morresse, na minha lápide estaria bem claro : "namora o Adam".

Ela não teria esse gostinho nunca.

- Jolie, esta menina está muito agressiva!

Minha mãe enrijeceu, olhando para mim. Desviei o olhar. Provavelmente parecia uma menina mimada.

- Charlie, vamos lá fora - Martina pegou a minha mão, me salvando. Mas depois percebi que o motivo não era esse.

- Ué? - estava sendo arrastada até lado de fora, onde havia um jardim, e ela me estendeu o celular.

- Atende.

- Tou me sentindo em agentes da S.H.I.E.L.D.. - falei, involuntariamente colocando o celular no ouvido, com curiosidade.

- Charlie? - Aquela voz..ouvi a voz do Adam do outro lado da linha. Meu coração acelerou.

- Oi, Adam - respondi, chateada. Não queria me abalar. Mas o que eu estava falando? Claro que eu havia me abalado.

Martina estava na minha frente, me observando com os braços cruzados. Para quem o havia ameaçado de perseguição, ela parecia estar bem sentida.

- Charlie, me escuta - ele estava falando muito rápido, parecendo bem nervoso - é complicado explicar, mas eu tenho sim uma justificativa para o que estava fazendo na casa da Evie.

- O quê? Não vou desligar o celular, Adam, pode falar devagar - estava com pena dele atropelando as palavras.

- Que eu tenho uma justificativa para o que estava fazendo na casa da Evie. Eu..

- Não acredito que ela ainda está conversando com este homem! - minha vó gritou, da porta da casa. Mas não podemos responder, porque na mesma hora, ela se ajoelhou no chão devagar
e caiu para trás, desmaiando.

- Vó! - gritei, já sentindo minha barriga gelar - Adam, minha vó acabou de desmaiar. Me liga depois.

- Meu Deus! - só ouvi isso antes de desligar, correndo para onde Martina a levantava com a ajuda do meu pai. Meu avó olhava, abalado e com a boca aberta, a sua companheira de anos desmaiada.

- Vamos levá-la para a emergência agora' essa não é a primeira vez em que ela desmaia- meu avô resolveu, pegando a chave de casa e nós guiando até o carro dele.

- O senhor não está em condições de dirigir. Melhor irmos só eu, meu marido e o senhor - minha mãe falou, sensatamente, o impedindo de abrir a porta de motorista. Meu pai estava com minha avó no braço, provavelmente com medo da mesma acordar e bater nele. "Homem mais velho tarado, pegando nas minhas pernas e impedindo que eu caia."

Martina e eu ficamos em casa nervosas, sentadas no sofá. Tudo aquilo era culpa minha.

- Não foi culpa sua - Martina parece que adivinhou meus pensamentos - é estressada por natureza e já desmaiou muitas vezes. A nossa avó tem o direto de controlar sua vida, Charlie. Seu namorado é um ótimo homem.

- Como ele conseguiu o seu número? - mudei de assunto, pois não queria passar meu nervosismo para Martina. Eu, de longe, era a mais estressada e preocupada dali.

- O Alex disse que o Adam queria falar com você. Então tive essa ideia - ela corou quando falou do Alex. Ela corou. Nunca vi uma mulher se apaixonar tanto por homens.

- Gosta dele? - perguntei, para tirar a súbita dúvida que me surgiu à mente. Claro.

- Ele não vai gostar de mim, de qualquer maneira.

- Já está sofrendo de amor, Martina? Por que ele não gostaria de uma mulher gostosa, inteligente e linda como você? - a incentivei, apesar de estar destruída por dentro.

- Charlie, ele tem 32 anos.

- E o Adam tem 38! E eu sou mais nova que você. E daí?

- Você é corajosa, sabe? Muito mais que eu. Tenho medo de namorar um homem que é dez anos mais velho.

Eu a compreendo. Namorar um homem mais velho era muito mais que só beijo, conversa e sexo. Era a respeito de aceitar e compreender toda a história que viveu, de saber que viveram diferentes momentos e lidar com algumas infantilidades. Ambas imaturidades.

- Liga para o Adam. Para de me enrolar, garota safada.

- Mas..

- Vai logo, já planejei o nome dos meus sobrinhos, na ordem certa. O primeiro tem que ser um menino.

- Caramba, eu tou leiloada mesmo, viu.

Martina já havia pegado o próprio celular e me entregou, chamando o nome "Pai Dos Sobrinhos🌚" e eu coloquei o celular nos ouvidos, nervosa para ter que ouvir a tal explicação. Eu sentia saudades do meu namorado. De tudo, do sorriso dele, do jeito, do beijo, e de outras coisas que não citaria.

- Charlie? Pode me dizer onde fica a casa da sua avó? Estou no meio do caminho para a cidade onde está.

- O quê?

- Estou indo aí. Não quero te deixar sozinha, Charlie.

- Mas onde vai dormir? - perguntei, pensando que nunca que minha avó iria deixar ele dormir comigo sem estarmos casados.

- Eu posso ver algum hotel aí.

- Vou mandar a localização.

Prof DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora