No final de semana, minha família programou de "viajar" para a casa da meus avós em uma cidade que ficava a 1 hora de distância da nossa casa. Eles se negavam a ir morar na nossa cidade, pois gostavam da deles, que era mais tranquila. E era, mas eu preferia o aconchego do capitalismo e industrialização da minha cidade.
Minha avó estava exigindo nos ver, pois desde que entrei na faculdade eu não ia na casa dela. Quando ligou para falar sobre isso, me desculpei e expliquei que ainda estava me fase de adaptação. Mas agora tínhamos que ir. Ficava feliz de ver ela, entretanto estava muito cansada naquele dia e tinha dormido tarde na noite anterior. Cheguei em casa na hora que Adam prometeu que me deixaria, às 22:00 em ponto, mas ainda assim não deu para dormir cedo.
Minha cabeça ainda estava fazendo um replay daquele jantar, excluindo a companhia de Evie.
- Er, filha - minha mãe me chamou no bando na frente do carro quando já havíamos saído e estávamos no meio do caminho para o tal destino - talvez eu tenha deixado escapar sobre o Adam. Para sua vó.
Meu coração acelerou. Minha avó?
- Meu Deus - coloquei a mão no rosto, já imaginando o escândalo que ela faria quando finalmente me visse. Provavelmente colocaria a culpa até no pobre professor e falaria que quer me usar e me jogar fora. Gostava das coisas do jeito dela, no momento que ela queria e se achava mais confortável.
- Desculpa, mas não quis mentir - minha mãe desculpou-se, se virando para me olhar no canto esquerdo. Para ela era fácil - ela percebe quando eu minto. E ela faz eu abrir os olhos. Talvez não deva gostar tanto do Adam.
Tarde demais.
- Meus sentimentos recebem ordens por acaso? - perguntei, percebendo que aquilo daria uma briga - mãe, pare de fazer expectativas com o Adam, acho que quem está louca por ele é a senhora. Querem uma ideia? Se juntem a senhora e Martina para raptar ele.
-Sabemos que você ia amar passar a mão naquele corpo amarrado - Martina comentou, dando uma gargalhada. Minha mãe quase riu, mas pude ver o seu rosto segurando um riso por trás. Eu dei uma risadinha baixa, pois não queria dar asas para a Martina, não sou Red Bull.
- Ele tem quase a minha idade - meu pai reclamou, com a cara fechada - não gosto muito dele.
- Claro pai, falta pouco para ele chegar aos 65 anos - minha irmã revirou os olhos, com tédio. Meu pai estava implicante - e pareceu bem à vontade quando entraram na conversa dos jogos de vôlei naquele jantar.
- Vôlei é vôlei.
- Está com ciúmes.
Suspirei. Meu hobbie era suspirar. Só isso para me acalmar. Principalmente na minha família. E falando sobre o Adam.
- Pois eu gostei dele - minha mãe falou - mas acho melhor não falar muito mais sobre ele na casa da minha mãe.
- Eu vou falar - meu pai falou, para enfrentar ela - nem todos os homens são como eu, Jolie. Não sabemos quem ele é ainda,
- Minha mãe vai acabar tendo um ataque cardíaco. Ela quase teve quando comecei a namorar com você, não sei se ela aguenta mais uma notícia assim.
- Não seria má ideia-meu pai ironizou. Ele não gostava muito da minha avó, porque ela estava sempre lembrando a diferença de idade dele e minha mãe. Mas comigo e Martina ela sempre foi um doce. Pelo menos da maneira dela.
- Não namoro o Adam - revirei os olhos.
Quando chegamos na casa da vovó, ela incrivelmente não comentou absolutamente nada no que diz respeito ao Adam, apenas nos convidou para sentar no sofá enorme que formava um quadrado, depois que colocamos nossa bolsa de viagem no sofá, que estava com muita roupa, embora fôssemos voltar no dia seguinte porque meu pai precisava estudar um caso de um cliente dele e contou as fofocas da vizinha sobre a mulher que morava na rua de trás. Quando eu pegava no celular, ela me olhava pelo canto do olho, desconfiada.
- Está falando com quem, Charlie?- minha vó perguntou, quando eu peguei no celular pela segunda vez para entrar no meu Instagram.
- Eu? Ãã... - fiquei vermelha, pois sabia que ela estava querendo saber se eu estava falando com 1 pessoa em especial - eu estou no Instagram, vó. Desculpa.
- É falta de educação ficar no celular em família- ela comentou, e logo me senti mal. Não deveria mesmo ter pego o celular. É que eu não estava interessada se as vizinhas davam ou não banho nos filhos. Não era problema meu mesmo.
- Se acalme, Luzia - meu avó falou. Ele era uma graça é muito compreensivo, ao contrário da minha avó.
A casa deles era confortável, mas não fazia meu estilo. Quando estraga na mesma, já era a sala, que tinha um sofá preto e de um tecido desconfortável, o qual ela afirmava gostar muito. A cozinha era colada com a sala e logo dos lados estavam os corredores onde estavam três quartos. Não via nenhuma cor, tudo era ridiculamente cinza, preto e marrom. Era básico e talvez eu considerasse bonito, mas ver aquela cena sempre era deprimente.
Quando finalmente chegou a hora de dormir, deixei meu celular carregando na sala, que era o lugar onde tinha uma tomava que funcionava. Todas do nosso quarto estavam quebradas, graças ao meu sobrinho, filho do irmão da minha mãe, que dormira nele e quase morreu enfiando um lápis dentro. Agora metade dos lápis estavam dentro das tomadas e meus avós não chamaram ninguém para consertar aquelas drogas.
Mas foi no outro dia que tudo se tornaria um verdadeiro inferno. Me levantei da cama que estava dividindo com Martina, tirando os pés dela de cima de mim, porque ela sempre se jogava em cima da pessoa que dividia a cama. Quando me lembrei do meu celular, tendo a esperança que alguém teria tirado, peguei minha avó mexendo nele.
- Bom dia, o que a senhora está fazendo no meu celular? - perguntei, indo pegar, mas ela se esquivou da minha mão.
- Estou tendo uma conversinha - ela respondeu, como se tivesse total direito de ter uma conversinha com qualquer pessoa do meu celular. É por isso que Martina insistia que eu colocasse minha impressão digital então.
- Mãe - dei um grito, apelando para a principal opositora dela.
- Não adianta chamar a sua mãe, Charlotte - ela falou, ainda digitando no celular.
- Qual é o seu problema, vó? A senhora tem algum interesse em alguém dos meus contatos?
- Não quero que imite sua mãe e se envolva com um homem mais velho. Não é apropriado. Tenho vergonha até hoje.
- Não sou seu troféu e nem muito menos quero que coloque expectativas em mim. Se está falando de quem acho, não vai impedir que eu goste dele - aproveitei que ela havia parado para me escutar e abaixado um pouco a mão, então puxei o celular da sua mão e fui para o quarto. Ela ainda estava parada olhando para mim - e a senhora deveria ter mais orgulho da minha mãe, que sempre pensa na senhora e a considera. Agora se quer controlar todo mundo que nem marionetes, não vai conseguir a mesma consideração por minha parte.
Era com Adam. Ela estava falando com o Adam. Resolvi ligar imediatamente para ele, ignorando os enormes textos que minha avó havia escrito é que estavam apenas vistos.
- Adam - falei, assim que ele atendeu, mas permaneceu no silêncio - Adam, o que você leu?
- Olha, Charlie, eu achei que gostava de mim. Pelo menos como um amigo. Mas depois de ser chamado de aproveitador, vagabundo e usado, não tenho tanta certeza como antes.
- O quê? Adam, foi a minha avó quem escreveu tudo aquilo.
- Sua avó? Como ela soube de mim? Charlotte, não minta, por favor.
Se acha aquilo de mim, eu supero.- Porque teria feito questão de ligar se achasse isso? - revirei os olhos, achando uma péssima hora para Martina ter acordado e começar a me olhar com interesse e a fingir malícia logo pela manhã.
- Por que a sua avó falaria comigo? - ele questionou, aparentando chateação.
- Minha mãe contou. Você não acredita em mim?
- Eu...Charlie... - ele hesitou e eu logo percebi que sim, aquela egoísta da minha avó havia afetado a minha relação.
Desliguei o celular.
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Prof Daddy
RomanceDepois de ter acabado o namoro com seu ex-namorado, Thomas, Charlotte saiu completamente destruída e com um único objetivo: entrar na faculdade de Letras, seu maior sonho. Mas não esperava que encontraria muitas surpresas, e entre elas, o simpático...