Capítulo 38 - Flávio

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- Mas você tá nervoso com o que, Flavião? Qual é a chance de ela dizer "não"?

Acho engraçado que o Marcos fala de mim, mas também ficou o maior tempão numa lenga-lenga para pedir a Valentina em namoro. Hipocrisia...

- Sei lá, Marcos. Eu sei que, nervoso ou não, de hoje não passa...

- É bom mesmo. Você se lembra do que aconteceu da última vez que ficou empurrando com a barriga, né?

Tinha que me lembrar daquele dia sabendo que eu já estava pilhado? Sério mesmo?

- E cadê o Luiz que não chega? - Mudei de assunto, aflito. - Se ele chegar aqui dizendo que não conseguiu passar na loja, sou capaz de voar no pescoço dele!

- Calma, Flavião. Relaxa. Desse jeito você vai ter uma parada cardíaca logo antes da festa.

O Luiz passou o dia no bairro onde eu encomendei as alianças e ficou de buscá-las para mim. Mas enrolado do jeito que ele é, seria bem capaz de esquecer, ou ir até a loja errada. Eu teria que ser muito azarado para isso acontecer, mas quando se está ansioso, as maiores loucuras vem à mente. Eu estava tão eufórico com esse dia que até resolvi deixar o Cam lá em baixo para não me estressar com os latidos.

Depois de dois meses com a Raquel, eu finalmente resolvi pedi-la oficialmente em namoro. Eu sei que dizendo "eu te amo" todos os dias, e nos beijando toda vez que nos vemos fica meio óbvio que ela não ia recusar o pedido. Mas era o meu primeiro pedido de namoro. E é a primeira pessoa que eu realmente amei... Meio difícil não ficar nervoso numa situação dessas.

Ah, como eu estava com saudades dela... Uma semana sem vê-la, é o suficiente para eu enlouquecer. Ainda mais porque costumamos nos encontrar todos os dias, ela só ia para São Paulo ver a família aos finais de semana, mas logo que acabaram todas as provas, se mandou direto para lá. A ideia era essa desde o começo... Esperar as aulas acabarem para ir morar com os pais, e enquanto isso, visitá-los só uma vez por semana. Pois é, as aulas acabaram... E eu ia ter que me acostumar com isso. Quem a veria só aos finais de semana dessa vez, seria eu. Começando por esse, que era o mais especial. Além de ser o dia do pedido oficial, era o dia da formatura dela.

Passei a semana escolhendo um terno bacana para ir. Não sou muito bom para escolher essas coisas, não tenho muita noção de roupa social, mas eu não queria pedir a Raquel em namoro vestido que nem um bobão. Então, o Patrick foi comigo para me ajudar. Ele me ajudou com bastante coisa na verdade, foi ele quem escolheu a aliança, sabendo melhor do gosto dela. Que bom que eu o tive ao meu lado nessas horas, porque se dependesse de mim...

Já estava anoitecendo, eu e o Marcos começando a nos arrumar, e nada do Luiz. Faltou alguns minutos para eu ligar dando um esculacho, mas ele e a Mirela chegaram afobados. A Mirela já estava pronta. Só faltava ele.

- Cara, você sabe que horas são? - Não consegui segurar meu nervosismo.

- Foi mal, Flávio. Eu acabei atrasando lá, tive que correr, e...

- Tá, tá bom. - Interrompi. - Você pelo menos pegou as alianças, né?

- Peguei, claro. - Colocou a mão no bolso. E não tirou tão cedo. - Ué, cadê? Mirela, está na sua bolsa?

A Mirela arregalou os olhos desesperada igual a ele, Mexeu na bolsa procurando, e balançou a cabeça negativamente ao perceber que não tinha nada.

Minha testa foi franzindo de raiva sem eu perceber. Ele me olhava assustado e continuava mexendo nos bolsos na esperança de achar alguma coisa, mas não adiantou.

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