- Já tirei umas trinta fotos e estão todas iguais, Raquel! - O Flávio reclamou tirando mais uma foto minha na mesma posição. Eu estava de braços abertos e sorrindo. Talvez por estar tão feliz, foi um dos sorrisos mais verdadeiros que eu já dei ao tirar uma foto...
- Você que disse que todo mundo que visita a Avenida Paulista tira uma foto aqui no meio da rua. Eu quero que a minha saia perfeita! - falei.
Coitado. Dava para entender a reclamação. Fomos a muitos lugares, e ele tirou foto minha em todos eles. Apesar da câmera não ser tão boa, ele tirou com o celular dele. Nem ousei ligar o meu celular. Àquela altura minha mãe já devia estar me ligando que nem uma louca, e eu não queria que ela estragasse meu dia. Já estragou dezoito anos da minha vida e foi o suficiente.
O Flávio me levou em tantos lugares legais. Primeiro, conhecemos o bairro da Liberdade e almoçamos por lá. Era um bairro de japoneses, eu me senti verdadeiramente no Japão, então, aproveitei para experimentar comida japonesa, que eu nunca tinha comido. Era esquisito, mas não ruim. De qualquer forma, foi o melhor almoço que eu tive em anos. Com todos aqueles pratos sem graça que a minha mãe preparava...
Depois de conhecer o bairro todo e tirar o máximo de fotos possível, fomos até a Avenida Paulista. Aquilo ali parecia um outro mundo. Vi tantas pessoas te todos os tipos, etnias, tamanhos, estilos de roupa... Em Santos não tem tanta diversidade assim, não. Não que eu visse muito as ruas da minha cidade, mas nunca vi tanta diversidade como em São Paulo. Parecia um encontro de pessoas do mundo todo.
Após visitar várias lojas, comprar presentinhos baratos, ver e interagir com todo o tipo de arte na rua, visitamos o museu do MASP, que era sensacional. Nunca tinha visto tanta arte junta dentro de um lugar só... Era mágico, simplesmente. Meu dinheiro estava indo embora com tudo aquilo, mas valeu cada centavo que eu guardei durante esses anos todos.
Passamos um dia tão maravilhoso juntos fazendo piadas e visitando todos esses lugares, que não vimos o tempo passar. Dali a pouco, já precisaríamos pegar o metrô para ir ao show.
Eu queria ir cedo, pois havia combinado de encontrar com o Caio e a Guida lá, eles iam ficar no mesmo setor que eu, e num espaço tão lotado, seria impossível de encontrá-los depois que o show começasse. Ainda mais sem poder usar o celular para falar com eles...
A hora estava chegando. Eu nem acreditava.
- Nós temos mais um tempinho só - O Flávio disse enquanto caminhávamos pela avenida. - Você quer ir a mais algum lugar antes de irmos? Lugar para ir, é o que não falta aqui.
O que poderíamos fazer em tão pouco tempo? Ainda tinha tanto para ver naquele lugar incrível... Certamente, teríamos que voltar outro dia para conhecer tudo.
- Podemos continuar só caminhando e vendo as pessoas? - Perguntei olhando ao redor - Eu não me canso disso.
Ele sorriu para mim e assentiu concordando. E assim, continuamos a andar, e eu contemplando a maravilha que era o mundo real. Procurei olhar para cada detalhe de cada pessoa, cada poste, cada loja, para guardar aquele momento especial para sempre na memória. Até que em meio a essa observação, uma coisa me chamou a atenção, e eu parei subitamente para olhar.
- O que foi, Raquel? Está tudo bem? - o Flávio se preocupou.
- Marccoli. - Eu disse lendo o logo de uma loja do outro lado da rua. O Flávio aparentemente ficou confuso.
- Você conhece essa loja?
- A minha mãe tem várias roupas e acessórios dessa marca. Ainda tem algumas sacolas dessa loja lá em casa...
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Um Novo Conto de Rapunzel
RomansaRaquel tem um sonho: ir ao show da sua banda favorita que se apresentará pela primeira vez no Brasil, bem no dia do seu aniversário. Porém, realizá-lo não é tão fácil quando se tem uma mãe rigorosa que nunca lhe deu liberdade, proibindo-a de sair de...