Eu jurava que ela não ia aceitar, mas aceitou de primeira. Quase comemorei quando ela disse que queria passar esse tempo na minha casa. Para quem achou que nunca mais a veria, eu tinha bastante sorte.
Não conversamos muito no caminho, apesar de eu estar ansioso para falar com ela sobre aquele assunto e esclarecer tudo o mais rápido possível.
O clima já não era mais aquele estranho de quando eu cheguei na casa do Patrick. A Raquel me tratava quase normalmente, só não era tão intensa e espontânea como sempre foi. Mas talvez fosse também por causa do baque por descobrir o maior segredo de sua vida há algumas horas atrás.
Chegamos ao apartamento perto do horário do almoço. O Luiz e o Marcos faltaram chorar quando me viram entrar. E o Cam veio correndo pular alegre em mim e na Raquel.
- Caraca, graças à Deus, a gente já não sabia mais o que fazer aqui! - O Luiz veio me dar um abraço.
O Marcos estava sentado numa cadeira, parecendo que tinha acabado de sair de um sufoco.
- Flavião, o que aconteceu contigo? - Ele perguntou. - Você teve que ir até São Paulo para buscar a menina?
Eu e a Raquel demos uma risada leve e os tranquilizamos.
- Calma, gente. Eu estou bem. E não, não precisei ir até São Paulo.
- E onde esteve até agora? - O Luiz estava se recuperando do nervosismo que provavelmente passaram com o meu sumiço. - Você sabe que teve prova do seu curso hoje na faculdade, não sabe?
Havia até me esquecido... O fim de semana foi tão louco que não lembrei nem de estudar. Sorte que era de uma matéria que eu dominava bem, se não, estaria lascado...
- Se os professores soubessem da aventura que eu vivi, nem me dariam prova para fazer.
Eles me arregalaram os olhos curiosos.
- Desculpa, nem falamos com você. - O Luiz disse à Raquel. - Você deve ser a Raquel. Eu sou o Luiz, e o do cabelinho arrumado ali é o Marcos.
- Eu sei quem vocês são. - Ela sorriu cumprimentando-os. - O Flávio sempre falou muito de vocês.
- É, ele fala de você também. - Ele deu uma piscadinha e eu quis matá-lo internamente. O Luiz força para ser inconveniente, não é possível.
O Marcos, após cumprimentá-la, me perguntou sem poder controlar a ansiedade:
- Mas e aí, Flavião, conta para nós que aventura foi essa!
Nós todos nos acomodamos no sofá, e eu e a Raquel contamos a história todinha. Cada um contou a sua parte. Fomos desde a pancada, até as revelações da caixa. Os meninos ficaram boquiabertos. E quem não ficaria, né?
- Mas... E a polícia? Já está atrás dessa pirada? - O Marcos disse preocupado.
- Está, sim. - Raquel respondeu. - Demos a eles todas as características dela. Forneci todos os dados, a placa do carro... Mas do jeito que ela é, pode ser que demorem a encontrá-la. Hoje, eu acho que vão até a minha casa para investigar, mas eu não volto lá de jeito nenhum. Vou deixar o Patrick cuidando dessa parte.
O Luiz olhava para o nada, refletindo sobre algo. Deu a impressão de que estava demorando para processar tudo o que contamos. Nós achamos engraçado.
- O que é que foi, Luiz? - Perguntei cutucando.
- Cara... - Ele olhou para mim ainda boquiaberto. - Eu tô sem palavras. Que mulher doida. E eu aqui que achava que a Sara fosse a pessoa mais maluca e obsessiva que eu já vi...
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Um Novo Conto de Rapunzel
Roman d'amourRaquel tem um sonho: ir ao show da sua banda favorita que se apresentará pela primeira vez no Brasil, bem no dia do seu aniversário. Porém, realizá-lo não é tão fácil quando se tem uma mãe rigorosa que nunca lhe deu liberdade, proibindo-a de sair de...