Capítulo Seis

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Sakura



Não sei se movida pela covardia que me tomava naquele momento não consegui falar para Itachi o que se passava na minha cabeça. Deixá-lo, e repensar se valia à pena me sacrificar tanto por um amor claramente não correspondido, era por esse motivo que eu estava partindo, Itachi também parecia estar confuso e sofrendo com tudo aquilo, o que até então parecia um lindo sonho, nosso, não nosso não, o meu sonho de um amor para a vida toda agora, parecia uma piada, uma ilusão que eu fiz questão de alimentar tolamente todo esse tempo.


Dizer que o amava não parecia abranger tudo o que eu sentia, sentir seu beijo me torturava, meu pequeno coração parecia a ponto de explodir de tanta dor. Por quê eu ainda permitia? Por quê meu coração insistia em acelerar chegando a falhar batidas cada vez que o via, cada vez que seu perfume tomava conta do ambiente me embriagando? Por quê eu tinha que sofrer tanto apenas para lhe dar as costas e seguir meu caminho?


— Por quê te amar dói tanto, anata? — Questionei ao vento sabendo que ele não ouviria enquanto meus olhos o acompanhavam todo caminho até o portão da minha casa.


Sentei na minha cama e ao olhar para o lado mais um golpe, minhas convicções ruíam gradativamente, a foto com Itachi no jardim de casa, aquele sorriso, os olhos calorosos que se apertavam um pouco e as covinhas que se formavam nas bochechas dando-lhe um aspecto tão adorável. E embora as lágrimas marcassem meu rosto segui para o guarda-roupas e peguei minha grande mala, já que obviamente não conseguiria mais dormir, comecei a arrumá-las.


Separei camisetas, bermudas e shorts, blusas de frio, calças, vestidos. Quando a mala estava cheia coloquei meu álbum de fotos dentro, o álbum foi uma exigência do tio Madara, ainda não sabia pra quê, e então a fechei, peguei outra mala e arrumei os calçados, minha caixa de joias e a fechei também, arrumei minha necessaire com todas as minhas coisas de banho. Quando terminei, desci e peguei o pacote de sacos de lixo, subi e comecei a limpeza, eram 3:00 da manhã, joguei todos os vestidos com babado, rendas e coisas infantis, atirava tudo dentro do saco nem me importando se estava fazendo muito barulho ou não, chorava tanto que tive que parar por vezes apenas para recuperar o fôlego. E então o vi, o maldito vestido rosa do meu último aniversário, o peguei e o rasguei em dois soluçando alto, meu coração doía, me senti morrendo e, com certeza, parte de mim, morreu naquela noite. A parte que acreditava em sonhos românticos impossíveis e também a parte que carregava consigo a visão de um príncipe encantado chamado Itachi Uchiha.


Ao terminar a derradeira faxina, peguei os sacos de lixo e desci até a cozinha, atirei todos em um canto, quando eu voltasse não precisaria de nada disso de toda forma. Preparei uma xícara de café e peguei um comprimido para dor de cabeça, bebi e voltei para o quarto, sentei na varanda por onde ele havia entrado mais cedo, com meu caderno de desenhos, fazia esboços de como queria meu quarto quando voltasse, meu pai entenderia, uma vez que meu plano era voltar quando estivesse com 18 anos completos.


Quando as paredes, cor de gelo tomaram forma no papel desenhei a nova decoração, nada infantil, apenas alguns bichinhos que ficariam no meu closet, eles foram presentes e eram coisas das quais eu não me desfaria, uma pequena lembrança de um tempo onde minha vida foi mais doce. Mas como o tio Madara disse antes, estava na hora de crescer.


Quando dei por mim, eram 7:30 da manhã e minha mãe batia à porta do meu quarto, disse que estava entrando no banho e ela se foi, eu já havia separado minha roupa para a viagem, um jeans, sapatilha, uma blusinha de seda branca e um tailleur que ganhei de minha tia Mikoto, era amarelo bebê, muito bonito e sofisticado. Penteei meus longos cabelos e minha franja e então arrastei as malas para fora dando de cara com a tia Kurenai, ela era a guarda-costas da mamãe e quando nasci se tornou minha guardiã e minha sombra como eles chamam, quando eu completar 18 anos escolherei minha própria sombra, mas por enquanto era ela. E como única condição para aceitar minha decisão minha mãe impôs que Kurenai fosse comigo, ela disse que a morena poderia me ensinar muita coisa, como não tinha nada a perder, aceitei.

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