The Beginning

I Lived

POV EMMA

A tarde está bem fria, uma das mais frias do ano, para falar a verdade. O inverno não está nem perto de chegar, o que torna essa situação ainda mais "especial" – por assim dizer. Eu não sou a maior fã do mundo de blusa e muito menos calças, prefiro perambular por aí usando shorts jeans e regatas. Sinto a agradável temperatura quente dos dois copos esquentar as minhas mãos.

- Precisaremos ter mais mãos que isso para carregar todos esses copos de chocolate quente! – Danielle apoia as coisas que estavam na sua mão em uma mesa para ajeitar o seu estiloso cachecol azul escuro. – Eles nos deixaram vir até aqui sozinhas enquanto os três ficavam esquentando as bundinhas deles na casa da árvore. Fala sério.

Um sorriso se abre em meu rosto ao lembrar da casa na árvore. Ela fica no meu quintal, está lá desde que eu cheguei em Sunset Hills. Sempre frequentava o pequeno cubículo de madeira junto com a minha melhor amiga. Esse foi nosso segredo, por um bom tempo. Íamos lá brincar com as nossas bonecas, desenhar e comer bolos ou tortas que nossas mães assavam para nós. Com o tempo, começamos a partilhar nossa toca com outras pessoas... Os anos se passaram e aos poucos paramos de subir. A casinha ficou empoeirada, cheia de teia de aranha e abandonada. Tivemos a grande ideia de recuperar as doces lembranças de quando erámos pequenas na semana passada. Relembrar da última vez que fomos até lá e o que fizemos. Subimos as pequenas escadas pregadas no tronco de carvalho escuro e abrimos a portinhola. Não esperávamos que os brinquedos enfeitando as estantes estariam em perfeito estado, exatamente igual os deixamos, como se alguém viesse aqui todos os meses ajeitá-los e cuidar para que não ficassem velhos, no intuito de preservar todas as memórias que temos aqui. Logo penso em nossas mães, vindo aqui sem nos contar e deixando nossos brinquedos em ordem.

Ao ver que a nossa batcaverna organizada, tivemos a brilhante ideia de chamar John, Jake e – contra a minha vontade – Ethan, para conhecer o local em que passamos 75% da nossa amizade. Todos, menos Danielle, disseram que eu deveria convidá-lo porque o menino está tentando provar que não mudou, que continua sendo a mesma pessoa que eu conheci, ele conquistou a confiança da "dupla J" novamente e tem esperança de conquistar a minha.

- Ainda não estou feliz que John resolveu chamar Ethan. – Espero que a minha voz de desespero tenha soado como eu imaginei em minha cabeça. – Lá é nosso lugar sagrado.

- Eu sei que você não está contente com isso. – Danielle anda até a porta de saída e percebo que ela esqueceu as bebidas na mesa. - Mas eu acredito em Jake, e se ele diz que Ethan merece uma segunda chance...

- Cabeça de vento, você deixou os chocolates aqui. Só não esquece a cabeça porque está grudada em seu pescoço. - Interrompo Dani antes que ela possa terminar a frase.

Ouço uma risada saindo de sua boca enquanto ela retorna para pegar a bandeja de isopor com os três outros copos.

No topo da árvore, os meninos nos ajudaram a subir as bebidas quentinhas.

- Vocês são uns folgados. – Reclamo enquanto subo. As tábuas não estão mais tão firmes quanto costumavam ser, elas pendem para o lado que eu apoio meu pé, parecem que vão cair.

- Faz o favor de subir logo, Emma. – Diz Danielle, ainda esperando no gramado.

A portinha já está aberta quando eu chego no topo da escada. Entro na casinha e sinto o delicioso cheiro de bolo de cenoura com cobertura de chocolate da minha mãe. Dona Elizabeth odeia cozinhar, mas ama fazer doces, e seus bolos costumam ser impecáveis. Olho para Jake, que já está com um pedaço da sobremesa em sua boca enquanto sussurra elogios.

- Depois fala para a sua mãe que isso aqui é incrível. 

Isso me lembra da melhor parte da minha infância, e eu não consigo conter a empolgação.