Miss Americana and the Heartbreak Prince - Parte 1

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POV EMMA – PARTE 1


As noites são as horas mais difíceis. O escuro não me permite dormir, apenas ansiar por uma resposta. Meu coração está mais dividido do que nunca e tudo o que eu consigo fazer é olhar para o teto enquanto o suor escorre pelo meu rosto. Tenho dois caminhos. Direita ou esquerda. É como se eu me encontrasse perdida em um labirinto e me deparasse com uma bifurcação, um dos caminhos me levaria até a saída e outro me levaria para o centro do labirinto, um local do qual eu nunca conseguiria sair. Não possuo mapas, nem dicas para me ajudar a escolher. Direita ou esquerda, paixão ou aventura.  A palavra "ou" nunca esteve tão presente no meu vocabulário como nessa noite. Faltam menos de vinte e quatro horas para que eu esteja na frente dos dois, menos de um dia para que eu faça a minha escolha. Isso deixa a minha tentativa de ir dormir quase que patética. Uma piada. 

Suspiro, virando para o lado. Toda vez que fecho os olhos vejo Ethan e John parados na frente da minha casa dizendo que eu preciso escolher e que quem não fosse escolhido sairia da minha vida em todos os sentidos. Não queria perder nenhum, no fim perderei um deles. Nunca quis machucar ninguém, no fim, duas pessoas serão machucadas e apenas uma saíra completamente feliz de tudo isso. Tiro o cobertor do meu corpo, porque ele só me faz suar ainda mais. 

Levanto-me, impaciente e inquieta. Ando até a minha janela e olho para o grande céu, poderoso e sempre aqui. Acima de tudo e todos. A grande lua cheia ilumina a rua, as casas e os jardins. A grande lua, mais poderosa do que qualquer outra coisa durante a noite. Com um pingo de aleatoriedade em meu cérebro lembro que essa seria a noite dos lobisomens. Isso me diverte por alguns segundos em meio ao mar de caos que está na minha cabeça. Talvez a distração seja uma das maiores funções dos mitos. Histórias inventadas, passadas de boca em boca até serem escritas em livros e gravadas em filmes e séries. Histórias que um dia foram consideradas reais, uma explicação para a natureza e que sempre passaram uma lição de moral. Me apeguei em histórias minha vida inteira, para fugir dos problemas do mundo real, é por isso que eu leio tantos livros. 

Pensar em livros apenas me levou de volta para John e Ethan. Paixão ou aventura. 

John representa a paixão em sua forma mais pura. Como um chocolate quente em um dia de inverno. Algo confortável. Conhecido. Uma música que te salva nos dias ruins. John é como um porto-seguro. Sei que sempre terei espaço da sua vida, em todas as situações. 

Ethan representa a aventura. A adrenalina que sobe no corpo quando se anda em uma montanha-russa. O prazer do proibido. A sensação de arriscar ao apostar em algo incerto. A sensação de nunca saber o que acontecerá no dia seguinte, apenas que será bom. Ethan é esse gostinho de viver algo novo todos os dias, de sair da zona de conforto em todos os minutos. 

Mais uma vez encontro-me na bifurcação de dois caminhos escuros. Não tenho nenhuma indicação de qual caminho é o correto. Minha intuição permanece adormecida e o meu coração apenas acelera por conta da ansiedade. Ele não sabe qual dos caminhos é o certo, porque não é ele que fará essa escolha, será a minha cabeça, o meu cérebro. É esse órgão que faz as escolhas, ele que sente todas as coisas, ele que nos faz feliz e ele que nos faz sofrer. Os humanos chamam as decepções amorosas de coração partido porque é essa a sensação física que temos, os músculos cardíacos se contraem tanto que chega a doer, mas é o cérebro que nos faz sentir essa dor física e emocional. 

Danielle falaria que essa decisão precisa ser algo racional. Listinha de prós e contras. Quem tiver mais prós vence e quem tiver mais contras perde. Simples assim. Mal ela saberia que eu já tentei e que deu empate. Uma listinha não iria me ajudar. Eu preciso equilibrar perfeitamente a emoção com a razão e decidir. Como eu iria fazer isso era o mistério. 

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