Na parte dois vamos começar a estudar o estado ritual. Digamos que a magia tem muito conteúdo para ser aprendido, mas também tem uma vasta parte prática. Aproveito para lembrar que você não precisa ser iniciado para praticar magia, muito menos para comemorar a roda do ano. Estas práticas fazem parte da vida de um Bruxo e Bruxa e devem ser comuns, independente do grau de instrução que você possuir. Porém, prática mágica por vez requer conhecimentos além do que talvez você saiba no momento, mas a grande maioria dos feitiços requer apenas um conhecimento básico, como sobre os instrumentos ou deuses. Pode parecer estranho entrarmos já no assunto de rituais quando ainda não falamos dos deuses, das ervas ou das horas mágicas, mas quero que estes assuntos sejam apenas uma consulta para você, estudante, para que não seja maçante. Mas você deve conhecer com o que e com quem está trabalhando, afinal, o vento não sopra na direção de quem não sabe aonde vai.
Quando começo a ministrar aulas para alguns alunos de Bruxaria, eles me perguntam se podem fazer um determinado feitiço, ou se podem já começar a praticar feitiçaria. Coloque uma coisa na cabeça: você já está praticando magia só de ler este livro. Sim, não se assuste, mas a magia não é apenas acender velas, ela é energia, sentimento, pensamento e vontade. Quando você está lendo um livro com vontade de aprender, ou mesmo pensando em começar, ela já está lá na frente, fazendo com que isto se torne real. Para que você entenda isto vou explicar um pouco o que é esta energia, e como a lançamos para o astral para que a divindade a receba.
Como pó de Pirlimpimpim
Sabe quando alguém se ajoelha e ora, ou quando ouvimos aquelas novenas de rádio que alcançam milhares de pessoas? Isto se chama magia. Ou quando você está a fim de comer algo, pensa na coisa e PAM! Alguém te oferece um pedaço. Adivinhe? Magia. A magia não tem forma, ela pode até ter ganhado alguns nomes com o passar dos anos, mas ela continua sendo a mesma coisa: transmutação de energia. Calma ai, jovem alquimista, não é como misturar uma coisa ou outra e encontrar a pedra filosofal, na verdade a magia em si é invisível, pelo menos aos nossos olhos, mas visível nos olhos da divindade, ela é força e energia.
Quando lançamos um feitiço, seja ele um encantamento ou uma intenção, esta energia é lançada para o alto. É como se você tivesse mandado um e-mail para a divindade que escolheu trabalhar. Esta energia é trabalhada no plano astral para alterar as diversas partes do destino e então voltar ao plano material. Pode ser estranho você ler que alteramos o destino que, para muitos, está nas mãos de Deus, mas é exatamente isto. É por este motivo que nossa intenção passa antes nas mãos Deles. Já recebi muito feedback de pessoas me dizendo que um feitiço não deu certo, ou que ocorreu de forma diferente do esperado. Isto é normal. As coisas que lançamos para o alto podem voltar para a gente de formas diferentes, ou ter outro aspecto que, no final, será o que pedimos.
Uma vez lancei um feitiço para manter um emprego meu. Na verdade foi "O" feitiço. Durou quase que sete dias em uma novena incansável. O servidor, por sua vez, não me deu o que eu queria, e fui demitido. Mas as coisas aconteceram de uma forma engraçada. Durante o lançamento do feitiço eu pedia a ele que mantivesse o emprego se fosse algo que estava descrito para mim, sem prejudicar a ninguém e que me desse um bom retorno. Acreditei na época que alguma coisa poderia ter saído errado e por isto não ser atendida, então tentei não me chatear por fazer parte das estatísticas. Mas então, com três dias, fui chamado para um emprego muito melhor, onde consegui tirar o dobro de comissão. E o melhor de tudo: era um trabalho individual com metas individuais. Obviamente tive um mês apertado, mas depois fui muito grato pelo emprego que recebi, pois era o que eu realmente queria.
Assim, podemos ver que as formas da magia voltar para nossas mãos podem ser diferentes e diversificadas, mas sempre voltam. Por isto, devemos sempre ter ética na magia. Esta ética faz parte do que chamamos de Rede Wiccana. Acreditamos que tudo o que fazemos, tanto coisas boas, quanto coisas ruins retornam para quem lançou. Isto quer dizer que se você lançar um feitiço para ajudar seu amigo no trabalho, ele voltará positivamente para você. Ou se lançar aquele feiticinho para separar um casal por que sua amiga ou amigo pediu, ele também voltará para você. Digamos que aqui se faz aqui se paga. Assim, mantemos a ordem na magia e vivemos em plena paz, que nem nos panfletos das testemunhas de Jeová.
A Rede Wiccana
"Tudo aquilo que fizer retornará a você nesta vida multiplicado por três"Também conhecida como a Lei triplica ou Lei de Três, a rede wiccana consistem em um princípio moral, no qual afirma que você está livre para praticar, fazer ou pensar o que quiser desde que isto não prejudique alguém ou um irmão da magia. Esta rede existe para manter a ordem e também tentar inibir as pessoas de usar a magia para praticar atos maléficos. Pode não dar certo muitas vezes, mas eu digo: ela realmente funciona. É como se tivessem criado uma programação astral e a lei hoje em dia cai com tudo, muitas vezes junto com o feitiço realizado.
Então, quando realizamos um feitiço sempre olhamos tudo o que ele pode interferir. Por exemplo: um feitiço para entrar em uma determinada empresa ou faculdade pode prejudicar alguma pessoa que talvez estivesse destinada a estar lá. Para isto, sempre usamos frases que não nos comprometa no término ou durante o feitiço, para que ele não prejudique alguém ou a nós mesmos. Isto é querer ser ético e estar sempre cuidando das pessoas ao seu redor. A magia é uma soma, e quando ela subtrai já não faz mais sentido.
Frases úteis para término ou intenção:
"se este não prejudicar alguém"
"se este for o que está escrito"
"sem um mau a alguém fazer"
"se esta for de meu merecimento"
"se assim a mim for guardado"
"um amor que eu mereça / que me mereça / que me faça bem"
"alguém que se parece comigo / que me ame como sou"
"se esta promoção me for merecida"
"se em meu caminho ninguém se prejudique"E por ai vai...
Conhecendo a filosofia da Bruxaria
1 – Tratar o planeta como ser vivo, respeitando cada pedaço dele;
2 – Siga seu próprio caminho, sabendo que a liberdade é um presente conferido pela divindade;
3 – Portanto, não retire a liberdade de outra pessoa. Desde a forma de pensar, viver, comer, sonhar, pensar, escrever, ler, sorrir, amar ou adorar a divindade na forma dela, em sua particularidade;
4 – Quem ouvir o chamado tem o direito de ser ensinado, mas deve escolher sozinho o caminho ao qual seguir;
5 – Não há uma regra ou fórmula específica para seguir a bruxaria. As receitas ensinadas ao longo dos anos e até neste livro podem ser feitas da forma que foram ensinadas ou trabalhadas e adaptadas com a vontade e conforto do bruxo e bruxa;
6 – Divida o conhecimento, mas feche-o quando vir necessário, sabendo quem é ou não digno de receber a magia;
7 – A magia está em tudo. Pedra, areia, água, vento, folha, montanhas, animais...
8 – A magia está em todos. Homem, mulher, criança e anciãos. Ela não é exclusiva;
9 – Mantenha seus rituais e tradições. Escolha a forma como vai cuidar e executar sua magia;
10 – Viva a magia a todo o momento, trate-a como se fosse parte de você, por que ela é;
11 – Honre suas palavras e compromissos materiais ou mágicos, bem como saiba que se prometer algo à alguém, deve ser pago;
12 – Tenha sempre as mãos estendidas para ajudar as pessoas;
13 – Sem prejudicar a ninguém, faça o que deseja.
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Wicca - Guia para o praticante de magia no Brasil
SpiritualDe forma irreverente e clara, o autor aborda a questão da magia no Brasil em dez partes, fazendo com que o leitor conheça a verdadeira face da magia: a face do amor, do equilíbrio e da mudança. Um livro repleto de informações para leigos, inic...