Mudança

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• Pov Dulce •
O despertador tocou às 7 da manhã. Levantei-me, coloquei minhas pantufas, abri as cortinas que cobriam as janelas do quarto em frente a cama e vi que o dia estava nublado, o que me deixou um pouco mais confortável. Não sou fã dos dias ensolarados como a maioria, aprecio mais um dia chuvoso acompanhado por uma taça de vinho (as vezes o meu lado adolescente implora por um chocolate quente), um moletom confortável e uma boa leitura.
Olhei ao redor e meu quarto estava lotado de caixas empilhadas e bagagens com minhas roupas e pertences, quase não havia espaço para chegar até a porta.
Fui ao banheiro, fiz minhas higienes e tomei um banho quente e demorado. Minha cabeça estava cheia e apesar das tentativas de manter a calma, a ansiedade era insistente. Não suportava o fato de não poder trabalhar.
Havia 3 anos que morava no mesmo apartamento no centro da cidade, era pequeno, mas moderno e aconchegante, perto da Editora onde trabalho (Uns 20 minutos de carro, no máximo 40 dependendo do trânsito). Minha vida era tranquila e tinha uma rotina organizada, até o fatídico ocorrido... Tive o que chamaram de 'colapso nervoso' e agredi um colega de trabalho. Não perdi o emprego e sei que por pior que fosse a situação não perderia, sou a alma daquela empresa, mas fui direcionada à terapia cogntivo-comportamental e recebi uma ordem de afastamento pelo período de 8 semanas. O que era um saco.
Deve estar se perguntando o motivo do meu comportamento desordenado no local de trabalho, mas essa é uma história longa, que prefiro contar outro dia.
Uma semana havia se passado, tive 3 consultas com a terapeuta o que me levou ao momento atual: Dia de mudança. Minha terapeuta recomendou que eu me mudasse para um lugar afastado da cidade por esses 2 meses, contato com a natureza, algo assim e como eu estava mesmo precisando de novos ares, novas inspirações, aluguei uma casa no campo. Nada extravagante, mas também não muito sutil. Era uma vizinhança de casas grandes bem parecidas umas com as outras, algumas com varandas. Ficavam em frente à uma pista que passava por uma pequena floresta no fim da rua.
Coloquei uma calça jeans preta, uma blusa de lã branca e um tênis eportivo. Liguei para os homens que fariam o transporte das minhas coisas e aguardei. Pedi a Maitê, uma velha amiga, que ficasse com a chave cuidando das coisas enquanto não retornava, já que as minhas plantas e móveis ficariam lá.
Assim que chegaram, colocaram as caixas no carro da mudança e eu os segui até a nova casa.
Minha governanta Eleanor e meu cozinheiro Matt, já me aguardavam lá. Se encarregaram de deixar o ambiente mais acolhedor e receptivo para minha chegada. Estou receosa, mas tenho esperança de que este lugar me traga inspirações para realizar um novo projeto, o qual eu possa apresentar à editora assim que retornar e retomar o que restou da minha dignidade. Espero estar certa.

Continua...

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