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- Tá horrível isso aqui, pros seus machos você sabe cozinhar direito, pra me faz essa porcaria- Escuto o marido da minha mãe gritar da cozinha, enquanto ela ficava em silencio.

Caminho até a cozinha pra ver novamente a cena mais repetitiva da minha vida, cara eu já não aguento mais esse inferno.
Vejo ele pegando o prato com a comida que minha mãe colocou pra ele e rumando todo na cara dela, coloco a mão na boca pra abafar o grito, por mais que eu veja isso diariamente não deixo de ficar assustada.

Não dar pra se acostumar ver a sua mãe ser agredida. O marido dela bate nela sempre que bebe, vivo nesse inferno desde que nasce, hoje já tenho 17 anos, ou seja 17 anos que passo por isso, presencio essas agressões e minha mãe nunca larga ele por mais que eu implore.

 Já tentei colocar ele na cadeia, mas ele sempre ele consegue fugir ou a polícia vem bate nele e larga ele aqui ou ele ia preso e a mamãe dele ia lá e tirava.

Minha mãe olha pra mim pedindo pra que eu vá pro meu quarto pra não ver essa cena e só ali o indivíduo se dar conta que estou ali e se retira da cozinha indo pro quarto, agora ele cai na cama e dorme dando uns minutos de paz.

- Vai pro seu quarto Alana- Minha mãe pede pegando a vassoura pra limpar aquela bagunça

- Até quando vai ser isso ?- pergunto já com os olhos cheio de lágrima, me doía tanto ver ela passar por isso, me sinto totalmente impotente, me seguro pra não chorar mais uma vez ali na frente dela.

- Alana por favor, agora não.

-Mãe eu já não aguento mais ver a senhora passando por isso, esse cara não te mereci mãe, por favor acorda, a senhora é linda, mereci coisa melhor, vai aceitar passar por isso até quando ? Até ele te matar?- Começo a chorar ali mesmo, não consigo discutir sem chorar, por mais que eu queira segurar, eu acabo chorando.

Minha mãe vem até mim e me abraça, como se não soubesse me responder até quando ela aceitaria isso e eu choro mais ainda nos braços dela, por que eu estou extremamente cansada de ver isso, de sempre ele sair encher a cara e chegar em casa procurando briga e bater nela.

Minha mãe é uma mulher guerreira, ela trabalha pra colocar comida dentro de casa, enquanto esse miserável não coloca uma barra de sabão pra ajudar, não faz nada, bebe nas custas dos outros, dos amigos dele que dar bebida a ele, porque nem dinheiro pra bebida dele, ele tem.

Vejo minha mãe me soltar e ir pro quarto dela, provavelmente vai chorar mais uma vez, ela não chora na minha frente.

Pego a vassoura e término de limpar a comida que caiu no chão, cato tudo e passo pano pra não ficar grudando. Subo pro meu quarto, pego meu celular e vejo a hora, já são 22:00hrs, decido dar uma volta, normalmente sempre saiu pra pensar um pouco, visto um moletom que cobre meu short, calço minhas lindas havaianas, pego meu fone, o celular e a chave de casa.

Moro em frente a entrada do morro da Rocinha, então esse horário já tá cheio de cara armado vendendo suas drogas e olhando o movimento fazendo a "segurança" do bairro, prendo meu cabelo em um coque e caminho em direção oposta ao morro.

Não tenho nenhum preconceito mas sei lá, tenho um pouco de receio de ir para esses lados. Continuo o meu caminho, pra Deus sabe onde, na verdade não fazia ideia de pra onde ir, só queria ficar um pouco fora daquela casa, se eu pudesse iria pra longe, mas para onde iria? não tenho ninguém, não costumo ter muitas amizades.

Sento em um dos bancos da praça onde logo em frente tem uma pista de skate e fico observando o movimento, pego meu celular conecto meu fone e coloco na musica "Say Goodbye-Chris Bronw."

***

Olho a hora e vejo que já são 23:30, perco a hora quando começo ouvir musica, a musica me dar a paz que o mundo me tira. Resolvo voltar pra casa antes que minha mãe acorde e veja que não estou em casa e surte comigo.  A caminho de casa avisto meu padrasto de longe, na frente do morro pegando um pacotinho na mão de um dos caras que fica ali na frente, mano eu não acredito.



Continua....

Revisado✔ 

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