PRÓLOGO

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ANY GABRIELLY

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ANY GABRIELLY

Aos doze anos de idade aprendi o que a maldade do mundo poderia causar. Finalmente eu entendi que os monstros nunca estiveram debaixo da nossa cama, eles estavam ao nosso lado, convivendo conosco, dia a dia.

Aos quinze anos eu tive que lutar pela minha vida, precisei sobreviver com a minha alma quebrada, aguentando a escuridão e as noites vazias, quando eu me ajoelhava em frente a minha cama, e com as mãos juntas em frente ao corpo eu rezava para não acordar na próxima manhã. Quando descansava a cabeça no travesseiro tentava não me afogar em minhas próprias lágrimas.

A última vez que a lâmina gélida descansou contra meu braço e eu esperava que meu sangue vermelho derramasse sobre as outras cicatrizes, sentia o líquido escorrer e então continuava a minha dose de punição diária, lenta e dolorosamente

— Deixe-me em paz Shivani, eu não aguento mais caralho! — Minha voz saiu mais cortante do que eu esperava, gritar com ela era sempre como engolir espinhos. Doía, doía muito.

Dou passos em direção a janela do quarto, passo os dedos pelo cabelo rezando para que esse inferno acabe.

Deve haver algum lugar secreto no meu corpo, que me vem a força para erguer a cabeça, acender o cigarro, até sorrir quando alguém me pergunta se estou bem. Às vezes penso se não doeria menos jogar-me do décimo primeiro andar...

Enfio a mão dentro do bolso traseiro da calça que eu vestia, meus dedos agarram o maço de cigarro. Passo levemente os dedos pelo cigarro, contornando-o com a ponta do dedo, em seguida, o coloco entre os dentes. Sem acende-lo. Cigarros são uma forma perfeita de prazer, eles são elegantes e insatisfatórios. Mas o mais importante, com a dose certeza eles podem te salvar, mas de você os der o poder ele pode  te controlar. Pouco a pouco.

Shivani Palliwal é como um cigarro, tem sede de controle, se você a der muita liberdade ela rapidamente tentará te manipular até a última vontade dela. Eu realmente não me importaria com suas manias, desde que ela não tentasse as impor a mim.

Quando mais nova, me gabava de nunca ter tido desejo de experimentar nenhuma droga e nem ao mesmo ter experimentado cigarro. Sempre fui saudável e feliz além da conta. Até que me caiu a ficha de que as pessoas ao meu redor eram pior do que cocaína.

Era um final de tarde, o céu já tinha escurecido e as estrelas estavam saindo da sua própria escuridão para iluminar as das outras pessoas. Sentada no sofá de couro vermelho – que veio junto com o apartamento – eu descansava enquanto saboreava um cigarro, levei minha mão livre até a testa e massagiei minhas têmporas, estava com uma ressaca hostil da noite passada.

Um rangido quebra o silêncio do ambiente, olho por cima do ombro. Shivani havia chegado, dividimos o apartamento desde que me mudei para Londres, então não havia necessidade de eu ter que me levantar para abrir a porta. Murmuro um "oi" ao mesmo tempo em que a tela do meu recém celular se acende. Inclino-me o suficiente para o alcançar.

Você Matou ela? ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ Onde histórias criam vida. Descubra agora