Eu preciso de você...

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GABRIELA

- Não vou ir pra festa mãe, nem adianta teimar.

- Mas meu amor, você precisa se divertir, não pode ficar o dia todo aí nessa cama fugindo do mundo!

Bufei, me enfiando mais ainda em baixo das cobertas. Era exatamente aquilo que eu queria: fugir do mundo.

- Mãe, eu não só posso, como vou. Nessa festa vai ter só o pessoal do Ipê, além da Eugênia e o Vicente, ou seja, todo mundo que me odeia.

Minha mãe suspirou, se sentando em minha cama.

- Vicente não vai - ela abriu o jogo, e meu coração deu um pulo.

- Como a senhora sabe? Quem te falou?

- Dr. Machado tava lá na mansão hoje cedo, e disse que o Vicente anda tão abatido que não sai da cama, igualzinho a você.

Mesmo não demonstrando emoção, uma avalanche tomou conta de mim, avalanche que vinha tentando evitar nos últimos quinze dias.

- Deve ser mentira sua só pra me animar. Vicente deve estar curtindo por aí, nem liga pra mim mais, como ele mesmo já disse.

Não queria mais criar expectativas com Vicente, mas era algo que acontecia inconsientemente, e eu me odiava por aquilo.

- Não meu amor, eu não inventei nada. Se quiser liga pro doutor Machado, fala com ele. Apesar de tudo, o Vicente tá sofrendo muito com isso também, ele gosta de você de verdade.

Balancei a cabeça negativamente.

- Não, ele não gosta, se gostasse não teria me esculachado daquela forma.

Meu coração estava despedaçado, e me obriguei a segurar as lágrimas. Havia prometido à mim mesma que não choraria mais por aquele babaca.

- Gabriela, você precisa perdoar ele. Essa briga não tá fazendo bem pra nenhum dos dois, olha só o teu estado menina, nunca te vi assim!

- Mãe, eu tava muito feliz com o Vicente, mas quem terminou comigo foi ele, então agora não posso fazer nada.

Mas bem que eu queria largar meu orgulho e correr para os braços de Vicente e insistir para que me perdoasse.

Não, eu não faria aquilo.

- Vocês dois erraram, você quando entrou naquela quadra e ele quando só pensou em seu próprio ego, mas será que tudo isso é mais forte que o amor que existe aí?

Engoli em seco. Será? Vicente me fazia tão bem, mas....

- Não sei não, eu realmente não sei direito o que rolou entre a gente..... depois de tudo o que ele me disse.

Ela respirou fundo, pegando minha mão e juntando com a dela. Seu carinho era bom depois de tanto tempo sozinha.

- Gabi, se vocês estão dispostos, então sentem e conversem. Ninguém mais aguenta os dois murchinhos pelos cantos, é evidente que ainda sentem algo muito forte um pelo outro. Pra que perder tempo?

Foi a minha vez de suspirar. Pra que perder tempo?

- Não, obrigada, de verdade, mas agora eu só quero pensar. Poder ir na festa tranquilamente, eu vou ficar sozinha.

Paz, silêncio.... Tudo o que eu precisava para colocar os pensamentos em ordem e decidir minha vida.

- Tudo bem, vou te deixar no seu canto. Mas só mais uma coisa, o porteiro da casa dos Machado já te conhece muito bem, não se esqueça que tem passe livre por lá - e deu uma piscadela, saindo do quarto em seguida.

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