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— Arrume logo suas coisas, não temos o dia todo. — A Senhora disse soltando leves resmungos.

   Shuhua era uma garota de personalidade forte. Tendo apenas 16 anos já tinha suas ideias e ideologias formadas. Sempre tinha uma respostas na ponta da língua na qual nem os mais espertos daquela pequena cidade não tinham a capacidade de retrucar a altura, com um olhar provocante e debochado foi acusada por ser uma mal educada e rebelde apenas por impor sua voz para tentar ter o mínimo de direito de expressão naquele lugar pacato.

— Essas mulheres de hoje em dia. — Zombou o homem grisalho que tinha um pedaço de trigo entre os lábios. — Sempre querendo respondermos, parece que não temos mais respeito nesta sociedade! — Balançou a cabeça em negação, jogou a bolsa na caçamba da pequena carruagem. — Que idiotas, deveriam ficar caladas e arrumando a casa, fazer nossa comida, não ficar falando coisas sem sentido que veem naqueles livros de hoje em dia. — Bufou e ajeitou seu chapéu.

— Concordo plenamente com o senhor. Ainda bem que existe mulheres com respeito a nós, e nos ajuda a controlar essas moças puritanas mal educadas!

— Sim, meu rapaz. — Sorriu e deu dois tapas nas costas do jovem homem. — Graças a o nosso bom Deus ainda existe mulheres respeitosas.

— Vamos! — A voz afeminada foi ouvida de dentro da casa, e logo uma senhora um pouco mais velha apareceu com duas malas em mãos. — Aqui está as maletas de Shuhua.

— Onde está ela, mamãe?

— No jardim, disse que precisava se despedir daquele gato do mato. — Revirou os olhos e suspirou. — Bom, gostaria de agradecer ao senhor por levar minha filha. — Se curvou brevemente. — É muito educado da sua parte fazer isso.

— Oh, não é nada. — Sorriu e se escorou no muro da casa. — É uma honra ajudar esse tipo de mulheres e ver o seu desenvolver sempre que voltam do reformatório.

— Com certeza. Espero que Shuhua se torne uma boa mulher naquele lugar. — Logo mais passos soarem próximos a si. — Finalmente.

— Vamos?

— Shuhua! Mais respeito, seja pelo menos educada e diga olá para o senhor que irá te levar.

— Olá. — Com um sorriso forçado o saldou brevemente.

— Olá Senhorita Yeh, já pode entrar.

— Ótimo. — Sem ao menos se despedir, abriu a porta da pequena carruagem e entrou.

— Mil perdoes por ela. — Se curvou brevemente. — Seja educada pelo menos uma vez na vida, e se comporte Yeh Shuhua!


     A viagem foi longa e deveras cansativa. O homem em momento algum teve a coragem de dizer alguma palavra direcionada a garota, por medo. Chegava a ser ridículo a forma que a tratavam naquele lugar, como se fosse uma louca, apenas por ter uma opinião diferente que em ao ver dos outros era rebelde e maligna.

— Que bom que chegaram. — Uma mulher jovem os recepcionou. — Muito obrigada por trazer mais uma das nossas novas alunas para o reformatório Sr. Kim. — Agradeceu com um sorriso tímido no rosto enquanto olhava para o homem grisalho a sua frente.

— Não a de que Senhorita. — Retribui-o o sorriso ajudando Shuhua a tirar as maletas.

— Como agradecimento, gostaria de entrar? Tenho certeza que a nossa Senhora ficará feliz em lhe ver novamente. — Shuhua não aguentou e revirou os olhos com aquele diálogo que os dois estavam tendo, tão estranho e patético principalmente por a mulher ser muito mais nova que o homem.

— Sinto muito, mas terei que recusar. — Ajeitou seu chapéu. — Tenho uma entrega em Busan ainda, se não partir agora irá demorar mais para chegar.

— Uma pena. — Suspirou. — Bom, então deixaremos para a próxima.

— Com certeza. — Acenou suavemente com a mão antes de ir em passos rápidos para a carruagem.

— Até mais Sr. Kim! — Disse acenando de volta até que visse o homem chagando no portão do reformatório. — Bom, acho melhor entrarmos. — Pegando uma das malas de Shuhua a ajudou a subir a pequena escadaria antes de finalmente entrarem na grande casa— Aqui está sua maleta Senhorita Yeh. — Colocando a mala delicadamente no chão, limpou suas mãos no seu vestido preto e soltou um leve suspiro. — Siga-me, irei mostra aonde a Senhorita irá passar suas noites. — Em passos rápidos a mulher seguiu em direção a um grande corredor, onde Shuhua desajeitadamente pegou suas malas e a seguiu. — Aqui temos regras bastante rigorosas Senhorita.

— R-Regras? — Gaguejou suavemente, enquanto tentava manter o equilíbrio de seus próprios pés ainda seguindo a mulher que andava rápido demais.

— Sim. — Olhou por cima de seus ombros vendo a forma desajeitada que a garota andava a fazendo soltar um suspiro alto. — Temos uma rotina Senhorita Yeh, se quer mesmo se tornar alguém para conseguir obter um marido fiel e trabalhador precisará seguir todas elas. — Fez uma breve pausa antes de começar a ditar as regras. — Não podemos acordar tarde; você deve ter consciência que irá fazer o café da manhã para seu marido, logo tera que dormir e acordar cedo. Todas as mulheres da casa tem que ir pelo menos uma vez ao dia ajudar na cozinha e na limpeza. Você também irá ter aula de etiqueta, artes e literatura. E dependendo do seu desempenho aqui, poderá ser liberada em três ou quatro anos. — Disse por fim parando em uma das portas do corredor. — Aqui, este é o seu quarto, lembre-se de mantê-lo organizado e limpo e de deitar-se cedo, amanhã o dia será cheio para a Senhorita.

— Obrigada ? — Seu cabelo estava levemente bagunçado, e tentava controlar sua respiração após correr atrás da mulher.

— Tenha uma boa noite Senhorita Yeh. — Disse em um suspirando dando as costa para a jovem, vendo que iria ter muito trabalho para educa-la.

Love In 1850Onde histórias criam vida. Descubra agora