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Não morri n família

Observou atentamente o Marquês com a feição preocupada enquanto apertava o pano vermelho que estava em suas mãos, o pobre rapaz se sentia nervoso e estava até mesmo soando. Tinha vindo aquela manhã para acompanhar seus colegas, mas tendo outra intenção para estar presente.

Shuhua não fazia questão de esconder sua infelicidade. Viu a mulher que ama se afastar e ser obrigada a ficar com outro homem, sendo tratada como um mero objeto de troca, isso a enojava e a deixava irritada por ver como aquela sociedade não as viam nada mais do que isso.

— Que bom que a encontrei. — Sorriu passando a mão pelo cabelo levemente bagunçado.

  Conseguia ler o rosto da estrangeira e como ela não se importava com sua presença. Em certo ponto, a entendi profundamente, sabia mais do que ninguém o que era ter a pessoa que amava arrancada a força de seus braços e como a dor, a angústia e sofrimento mudava até mesmo o ser mais iluminado da Terra.

— E-eu conversei com Minnie e Miyeon.. — Engoliu em seco. — Elas me falaram o que aconteceu.. — Esperou alguma resposta de Shuhua, mas nada veio além do olhar perdido e o rosto sério. — N-não ache que eu sou uma má pessoa e que estou aqui para fazer algo contra você.. — Se embolava nas palavras por conta do seu nervosismo. — Eu sinto muito..

— Seu pedido de desculpa não irá concertar o que já foi feito muito menos trazê-la de volta para mim. — Foi curta e grossa, voltando sua atenção na janela para observar o jardim.

— Eu sei... eu só.. — Olhou para o pano em suas mãos e respirou fundo antes de se aproximar e se sentar próximo a mulher. — Eu te entendo, Shuhua. — Disse em um suspiro. — Sei como é amar ardentemente alguém e depois ter que se separar a força dessa pessoa. — Colocou o pano vermelho sobre a mesa, a frente de Shuhua. — Eu me apaixonei pela filha da lavadeira que cuidava da minha casa, ela era obrigada a ir junto com a mãe todas as quartas e sextas férias para lá. Foi inevitável que eu não me apaixonasse perdidamente. — As lembrança da primeira vez que tinha visto Soojin a fez se arrepiar. — Ela era uma mulher doce, incrível e extraordinária, não tinha medo de ser julgada e sempre se mostrou forte. — Pode ver um sorriso nostálgico se apossar dos lábios do Marquês. — Quando fui ver já estávamos juntos.. eu saía às escondidas para vê-la toda noite, mandava cartas e tentava fazê-la sentir tudo o que ela me proporcionava, todo o sentimento. — A estrangeira suspirou, sabia bem como era aquilo. — Mas, meu pai acabou descobrindo e mesmo que eu tentasse lutar contra suas ordens tudo foi em vão. Ele a demitiu e a mandou para longe, tão longe que eu passei dois anos da minha vida sem saber aonde essa mulher estava.

— Por que está me contando tudo isso? — Sua voz não se passava de um sussurro inseguro.

— Eu sinto sua dor, Shuhua, e quero te ajudar e me ajudar com tudo isso. — Pegou delicadamente a mão gelada da taiwanesa, olhando nos fundos dos seus olhos para que ela sentisse a sinceridade em suas palavras. — Eu irei fugir no dia do baile de máscara, agora que sei aonde Eunbi está irei até ela, preciso vê-la mesmo que ela já esteja com a família formada e marido, preciso falar com ela pela última vez e entregar o seu lenço. — Apertou suas mãos com as de Shuhua. — Eu posso ajudar vocês duas com isso tudo, posso tentar salvá-las desse inferno de dor e sofrimento para que você e Soojin fiquem juntas!

Arregalou levemente os olhos em supresa, o olhar sério do rapaz junto com o aperto firme em suas mãos mostrava que aquilo era sério e não estava brincando com sua cara.

— Eu entendo se você se sentir hesitante com essa proposta, mas saiba que antes de vir falar com você e ter a sua confirmação todas estão dispostas a ajudar e sair desse reformatório juntas!

Love In 1850Onde histórias criam vida. Descubra agora