Capítulo dezoito

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All I need is a little love in my life

All I need is a little love in the dark

A little but I'm hoping it might kick start

Me and my broken heart

I need a little loving tonight

Hold me so I'm not falling apart

A little but I'm hoping it might kick start

Me and my broken heart


-


Voltar para é casa é estranho depois do que aconteceu no dia anterior - Ben evita o andar superior como se fosse a própria peste negra.

Ren pula no colo da avó assim que o vê, quase derrubando-a no chão. Ele olha para sua mãe, que responde as mil perguntas com uma paciência quase didática. A mulher olha para ele também, seus olhos cheios de perguntas como os de Ren.

Seus olhar desce até a mão dele, Ben as esconde atrás das costas.

- Rey está trabalhando, e eu pensei em ensinar Ren a jogar um pouco de futebol. - esclarece.

- Oh.

- Futebol, futebol - o menino experimenta a palavra em sua língua, dando soquinhos no ar.

- Isso não é um pouco violento demais para ele?

Ben reprime a vontade de revirar os olhos.

- Não, Jesus, não é como se eu fosse usá-lo de bola.

Sua mãe levanta um única sobrancelha no ar, o gesto que quando Ben era mais novo significava estar em apuros.

Ela o deu esse mesmo olhar quando viu o chupão que Jessika havia deixado no seu pescoço.

- Você tem alguma ideia de onde guardou minhas coisas? - se apressa em mudar de assunto.

- Tem algumas caixas na garagem e no porão, tudo que não estiver lá está....estava com Han.

- Tudo bem - aquela fisgada de dor está lá, o pior é vê-la se refletir no rosto da sua mãe - você foi lá? desdo...o que aconteceu?

- Ben eu, eu nunca soube para onde ele foi..-

- Papai, v-você tá bem?

A voz assustada do menino chama sua atenção, atualmente meio escondido atrás das pernas de Leia com os olhos arregalados.

Ele está acompanhando as gotas escarlate pingando no concreto sob seus pés.

- Merda! - ele relaxa o punho cerrado que estava fazendo inconscientemente, o sangue escorre por seus dedos. Ren se esconde mais atrás de Leia. - está tudo bem coisinha, é só sangue. Mãe pode levar para dentro? Estou logo atrás de vocês.

Leia fica parece querer argumentar contra, embora ela obedeça e leve Ren para dentro. Ben deixa um xingamento cabeludo sair, a dor subindo por seu antebraço como pequenas agulhas quentes.

Ele nem quer olhar embaixo do curativo, hoje de manhã não parecia bom, agora parece pior com uma vermelhidão subindo por seu pulso.

Não há nada que possa fazer aqui fora, então ele conta até dez e  entra em casa deixando os sapatos no capacho. Ren se estabeleceu no sofá com Leia zapeando atrás de algo para assistir.

Ele passa pelos dois em direção ao banheiro, lá Ben usa uma pequena tesoura de unha para cortar o curativo e...puta merda.

Sua mão está queimando, a pele no alto seu punho - que já não estava muito boa - rachou com a flexão dos músculos, o dorso está inchado e com um vermelho furioso.

- Você precisa ver um médico Ben - sua mãe diz atrás dele.

Quase fazendo-o pular no teto como um gato assustado. Leia permanece com seus olhos treinado em seu ferimento claramente infecionado - quando mais jovem Han nunca cuidava de seus ferimentos,  apesar de ter servido ele alegava não ter jeito para isso.

Você não tem estômago para vê-lo com dor
 - era oque Leia retrucava.

- Onde está Ren?

- Ele está entretido com Mulan.

- Ah.

- É um ótimo filme - defende.

Ben sorri - eu sei.

Sua mãe se aproxima, tomando a mão machucada entre a dela examinando de perto todo o dano. Sua pele é fria contra a dele.

- Está inflamado, você deve ir ao médico logo ele vai lhe uma injeção.

- Não posso deixar Ren de novo.

Leia o olha, ele pode ver a repreensão escrita tão claramente em seus olhos. Ele também pode ver uma certa incerteza.

- Ele vai ficar bem comigo.

- Eu sei mãe,  mas hoje é o meu dia com ele, não quero sumir como ontem.

Leia está a um passo de obrigá-lo a ir ao hospital. A mulher sempre foi mais pratica e racional que emotiva, Ben não era nem um pouco como ela, entretendo o apelo em seu olhar a amolece um pouco.

Ela comprime os lábios, soltando um ruído exasperado - ao menos limpe isso direito, e tome um anti-inflamatório.

- Sim, claro.

- E vá ao médico assim que deixá-lo com a mãe. - não é um pedido.

Ben revira os olhos - Claro mãe - então quando ela vai se afastar ele acrescenta - você poderia fazer? É meio difícil com, hum.

Ben acena com a outro mão machucada na frente do rosto dela.

- Na próxima vez, use luvas e um saco de pancadas, por favor.

Ele lhe dá seu melhor sorriso quando ela o afasta do armário para que possa pegar remédios, anti-séptico e uma pomada de aparência nojenta.

- O que é isso?

Leia o ignora, jogando um pouco de água oxigenada sobre a ferida que arde e faz espuma o suficiente para escorrer pela palma.

- Hum, quem diria

Ben permanece quieto, deixando sua mãe trabalhar. Ela é um pouco áspera na limpeza, e seja lá oque aquela pomada era arde como o fogo do inferno sobre sua mão.

- Puta que pa-

- Benjamim - o repreende.

- Está merda queima!

- E cura também, agora tome isso - coloca dois comprimidos azuis em na bancada da pia, que ele toma sem água mesmo - eu vou checar a real criança nessa casa.

Mas antes que sua mãe saia do banheiro uma batida forte na porta da frente assusta os dois, sendo logo seguida por outra e outra.

- Estão tentando derrubar a porta?

Ben a segue porta a fora, assim que chegam a sala as batidas ficam mais forte e ele pode identificar a voz de Rey.

- Abra essa merda ou eu juro que derrubo! você não vai tira-lo de mim!! Não vou deixar.

- Oque?

- É a mamãe? - Ren pergunta, olhando para a porta com os olhos arregalados de seu lugar no sofá.

- Eu...-

- ABRE A PORRA DA PORTA BEN.

As sobrancelhas de Leia sobem quase até o cabelo, olhando entre Rey gritando na porta. 

- Você não vai atender?

- Sim, sim, claro - ele quebra o choque - pode levar Ren lá para cima?

- Claro,querido.

- Mas e a mamãe? - o menino pergunta.

Ben não ouve oque Leia diz a ele, assim que eles somem escada acima ele abre a porta e Rey entra feito um vendaval

- Onde está ele?! Oque você fez com ele!?

- Se acalme, oque aconteceu?

Ben estende a mão para tocar seu braço e ela recua com tanta violência que bate o cotovelo na madeira da mesa atrás de si. Rey nem nota.

- Não toque em mim!

Ele recua, com as mãos para o alto.

A tanto veneno nos olhos dela, que por um segundo ele acha que vai tomar outro tapa na cara.

- Rey, oque aconteceu?

- Oque aconteceu? - ela ri - que porra aconteceu, coitadinho dele, não de nada! - debocha, um brilho louco em seus olhos - um pobre garotinho inocente.

- Rey.

- Eu quero meu filho, Ben, não vou pedir de novo. Onde ele esta?

- Lá me cima com a minha mãe, você vai me dizer oque está acontecendo?

Ela o ignora, indo em direção as escadas. Mas ele é mais rápido se botando na frente dela, bloqueando a passagem.

- Sai. Da. Minha.Frente - ela diz com tanta raiva que sua voz fica rouca.

- Não! - sua paciência está no limite - não ate você me dizer por que está agindo como uma maluca.

- Você está tentando tirar Kylo de mim! E se você pensa por um maldito segundo que vou deixar isso acontecer-

- Oque?! - interrompe, se pondo completamente no primeiro degrau quando ela tenta empurrá-lo do caminho - do que você está falando?!

- Você estava premeditando tudo isso! Oh meu deus! Daquele apartamento a me beijar, e fazer seu papel de bom moço, tudo! Tudo foi apenas para que pudesse ir por trás e tentar tirar ele de mim!

- O que? Rey eu não...-

Ela solta uma risada aguda, balançando a cabeça. Todo seu corpo treme com energia nervosa, os punhos fechados ao lado do corpo pronta para socá-lo se for necessário.

- Como você pode ser tão dissimulado?

- Eu não estou tentando tirá-lo de você! - ele explode.

- Oh, isso é tao gentil da sua parte!

- Eu não sei oque vo-

- Vai em frente, minta na minha cara!

Ben suspira, é inútil tentar conversar com ela tão brava assim. - olhe-

- Mas na próxima vez é melhor você conversar com a porra do seu advogado primeiro, sabe? antes dele me estragar a surpresa me intimando, seu filho da puta mentiroso.

Ben recua, pego completamente de surpresa.

- Isso não é verdade, eu não estava, juro que não estava-

- Eu não quero ouvir, só saia da minha frente.

Não, não não. Ben sabe que se a deixar sair daqui sem explicar oque aconteceu ela nunca vai perdoá-lo - se a uma havia uma chance dela perdoá-lo - iria pela janela.

- Por favor Rey, não é nada do que você esta pensando.

Foi a coisa errada a se dizer, ele sabe, quando o pequeno punho dela atinge seu peito com força.

- Sai da minha frente!

Contudo ele não se mexe, as palavras jorrando de sua boca com urgência tão forte que as torna difícil de entender.

- Eu nunca tentei tirá-lo de você, esse é um engano por favor me deixa explicar. Fiquei tão puto quando vi a certidão de nascimento dele no cartório e não tinha meu nome e eu-

- Você pensou por que não? ela merece!

- Não, não. Rey - ele força suas mãos a ficarem onde estão, reprimindo uma  vontade insana de segurá- la- não foi nada disso.

- Realmente não importa - ela recua, olhando dentro dos seus olhos pela primeira vez desde que chegou, não ha mais nenhum sinal de raiva, ou lágrimas. - eu te odeio Ben, eu realmente odeio você mais do que poderia ter amado você algum dia.

As palavras o atingem como um onda muito forte, tirando seus pés do chão e o levando para o fundo do mar, onde é frio e solitário. Ben cai de joelhos. Ele sente a verdade a verdade nua e crua na voz dela, em seu rosto.

Naquele momento, Rey realmente o odeia.

- Mas....- sua voz é débil, ele levanta o olhar para ela, precisando desesperantemente que ela o escute - mas eu te amo.

Rey fecha os olhos, desviando a cabeça para o lado. Ele supõe que ela pode sentir a verdade por trás de sua confissão como ele pode.

Não é um técnica para faze-lá acreditar nele, é a verdade.

- Então por que você fez isso...? - sua voz se quebra,

- Rey...

- Por que você foi Ben? por que você me deixou aqui?

É demais, seu coração o diz. mas a parte racional dele sabe que ele merece isso, ele tem que finalmente ver no rosto dela o quanto a tinha machucado, por deixa-lá ara trás. Não apenas aquele toque de tristeza por trás de um sorriso ou um beijo.

A dor verdadeira

O abandono.

- Eu estava aqui esse tempo todo - as lágrimas rolando por suas bochechas, está tudo bem ele esta chorando também - todo esse tempo, esperando por você voltar. Eu esperei todo dia, me dizendo que você voltaria, claro que você voltaria. Eu esta lá, no aeroporto três anos atras, esperando...e eu esperei e esperei...com nosso filho chorando...mas você nunca voltou.

O tiro que ele tomou não é nada comparado ao buraco que as palavras dela cavam em seu peito, rasgando seu coração em tantas partes que doí respirar. Ele abaixa a cabeça é muito pesado agora.

- Eu t-te amo - é tudo que consegue dizer.

Nem perto do que precisa dizer

Rey não se meche, ela nem dá sinais de que o ouviu por uns bons minutos. Então sua mão estranhamente fria para o dia ensolarado lá fora toca seus cabelos.

E a voz dela vem, como um sopro de ar que seus pulmões desesperadamente precisam.

- Eu sei.


-

Ben não sabe quantos tempo passou, em algum ponto ele enrolou seus joelhos em uma bola e chorou, é tudo que ele consegue fazer.

Pelo menos Rey não foi embora, mesmo que ele tenha muita vergonha para olhar em seu rosto e ver aqueles olhos que ama tanto, tão tristes.

Agora tudo faz sentido.

Sua raiva no funeral de Han, sua insistência em mante-ló longe. 

Longe de Kylo...longe dela.

- Me desculpe - ele quebra o silencio que se estabeleceu sabe lá por quanto tempo.

Entretendo para sua surpresa Rey diz. - não foi sua culpa.

- O que?

- Você não sabia Ben, sobre nada disso, Kylo ou...nada.

- Eu ainda deixei você...sem uma explicação. Eu machuquei você.

- E eu machuquei você de volta.

Ben reúne coragem para a olhar, e ela parece...cansada.

- Não estaVA tentando tirar Kylo de você, eu falei com meu advogado isso é verdade. Mas apenas para que ele pudesse ter meu nome, e herdar tudo que eu herdei. Para que meu tempo com ele fosse oficializado de algum jeito eu...eu estava com medo de você sumir com ele de novo - ele sorri com a ironia - mas você nunca foi embora, eu fui.

Eu estava aqui o tempo tempo oque ela queria fazer mesmo? Ben mal pode se lembrar, apenas que ela era uma estudante brilhante, primeira da classe e tinha um futuro a esperando muito longe daquela cidade.

- Eu acho...isso é justo. O nome na certidão e o tempo com ele.

- Não mereço disso, não mereço ele.

- Nem eu - ela ri - mas você merece amor, assim como todo mundo no muito, e Kylo, nosso filho ama você.

Ben chora, lágrimas frescas trilhando seu rosto de novo. Rey se senta ao lado dele, então com a pessoa cheia de luz que ela é, o envolve em um abraço apertado.

O que ele presume serem horas depois, passinhos hesitantes descem as escadas. E Ren para na frente deles, seu o doce rosto torcido em confusão.

- Vovó leia dormiu, mas eu não consigo dormir com a minha barriguinha vazia, tô com fome!

-

Rey leva o menino para casa, eles concordam em encontrar para conversa no dia seguinte é melhor se um psicologo estiver envolvido. Ben teria sorrido se não estivesse esgotado emocionalmente e fisicamente.

Ben manda uma mensagem para Holdo antes de cair na cama, um simples você tem algum horário livre?

Sua mãe o obriga a tomar a segunda dose do remédio e coloca na cama como se ele fosse um bebê. Ela sobre com ele, o embalando contra seu peito como Rey faz com Ren, os comprimidos  fazem efeito rápido e ele dorme pelo resto do dia.

 É bom, poder descansar por algumas horas, mesmo que seja um sono instável, ele nunca se sentiu tao cansado em sua vida

Ele não se sentiu tao  emocionalmente frágil, exposto e vulneral assim desde que era uma criança.

Todos os segredos, aflições e desejos entre ele e  Rey estão la fora agora, sem mais barreiras, é um sentimento estranho e o deixa leve.

E talvez isso seja bom, talvez ele eles possam finalmente curar


-



A autora promete que daqui em diante só tem como subir que no fundo do poço já estamos.


Time after timeOnde histórias criam vida. Descubra agora