The Castle

Azul turquesa

Jacob percebeu o próprio cansaço depois da sexta ou sétima cabana em que entrou revistando tudo ao lado de Sangyeon e mais alguns membros da comitiva real. Era tão desconfortável estar naquela busca por um garoto que mal sabia sobre, pois os súditos se assustavam, teorizavam sobre conspirações inexistentes. 

Tudo o que ele sabia era como Sangyeon procurava aquele baixinho com olhos de águia, tomando nota de seus rastros, perguntando a todos os camponeses onde ele havia ido (dava poucas informações, apenas dizia sobre o cabelo loiro, o capuz e a adaga) e a resposta era sempre negativa. Ele tinha mantido Eric prisioneiro até que um atentado nos portões dianteiros distraiu todos de sua fuga.

— Por que não tomou apenas a adaga, se é o que importa? — Jacob era o único dos cavaleiros que ainda se incomodava em indagar sobre os comportamentos do príncipe bastardo. Ele que o olhava de volta com o mesmo olhar enfeitiçado de sempre.

— A adaga é mágica. Só ele pode usar.
Ultimamente Sangyeon estava lhe respondendo rápido, usando palavras secas. Mas nem sempre foi daquele jeito — ambos príncipe e seu fiel escudeiro cresceram juntos nos arredores do castelo, entre a nobreza rica e hipócrita que comandava o reino. O mais velho, nascido a partir da infidelidade do rei, sempre se sentiu deslocado da realeza, era privado de várias mordomias que seus irmãos mais velhos desfrutavam sem quaisquer limites, e por eles, muitas vezes, humilhado. Sangyeon cresceu ríspido com aqueles que lhe negavam seus direitos, mas que o acumulavam de deveres e fardos. Se sentia como um capacho entre os de sua família, portanto encontrou refúgio no exército, com os cavaleiros que exploravam os arredores e reinos vizinhos: especialmente Jacob, com quem compartilhava bastante de sua visão de mundo, só não a sua rispidez. Já Jacob nunca quis nada do príncipe além de sua sincera amizade.

Guardou a espada na bainha novamente e montou no cavalo branco quando Sangyeon suspirou, notando que a busca ali por Eric tinha sido em vão. O príncipe também montou em seu cavalo de crina longa e passadas meio inquietas; e olhou para os outros membros da pequena comitiva.

— Vamos voltar e retornar a busca ao anoitecer. — Ordenou numa voz imponente — Ele não pode ter ido longe pela floresta, se está sozinho. Vou pedir mais homens ao rei para irem conosco.

— Mais? Vossa alteza, isso é realmente necessário? — Jacob indagou, também controlando a voz e percebendo que alguns dos outros cavaleiros e camponeses ao redor se entreolharam, curiosos. O de olhos meigos sabiam que no reino havia outros problemas que pareciam mais urgentes que caçar um prisioneiro fugido com um artefato milenar.

— Você já viu rios de ouro, Jacob? Já nadou em um? Aposto que daria tudo para abrir uma veia assim pelo solo e irrigar esse reino miserável — Sangyeon respondeu com aqueles mesmos olhos enfeitiçados — Te prometo que farei isso, meu amigo. Farei isso por você, mas apenas se vier comigo e confiar em mim.

Jacob sempre gostava de como o príncipe o explicava as coisas para si usando metáforas, ainda mais quando sorria depois, confiante do que dizia, fazia o cavaleiro se esquecer por um momento de suas outras indagações, como na infância. E era verdade que o reino passava por um período de bastante fome e improdutividade, coisas que afetavam Jacob de maneira um pouco incompreendida, pois, como era raro entre os homens, seu coração era bom. Sangyeon sabia disso.

— Eu confio em você — respondeu o paladino para o príncipe, então a comitiva voltou ao palácio a galopes apressados e o mais velho entre eles cuidou em recrutar mais cavaleiros, escolhendo em especial os que já foram caçadores.

𝄢

Algumas horas depois, Juyeon e Eric terminaram de atravessar o túnel que dava para floresta. Tinham feito mochilas com mantimentos e ferramenta, pois a viagem pela floresta prometia ser longa. Eles iriam seguir até uma pequena cabana da família de Juyeon que servia como depósito, onde passariam a noite em segurança.