Capítulo extra: Centelha

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O ouro era pesado de carregar, mesmo quando a maioria dos barris era carregada pelos três lobos. Hyunjae, Sunwoo e Haknyeon tinham cada um dos bolsos cheios jóias, pedras e metal precioso, estes que antes pertenciam aos governantes Qareen; era claro que eles mesmo reconheciam-se como ladrões, mas depois que Eric explicou o estado dos elfos e toda a história sobre a maldição, os saqueadores se sentiram um tanto justiceiros por terem ajudado o loirinho durante sua busca. De repente o peso do ouro se atenuou.
Acamparam algumas vezes antes de chegar ao vilarejo próximo a Leeheim. Ali eles procurariam uma estalagem onde poderiam descansar e beber; antes que o fizessem, separaram justamente a quantia da fortuna em baús que seriam cedidos a cada membro da comitiva, os cobriram com trapos velhos e deixaram que os lobos cuidassem deles enquanto estivessem a descansar.

Quando os cinco homens entraram na estalagem, sujos e um um pouco machucados, tomaram a atenção de todos, e o dono do estabelecimento desconfiou quando recebeu uma quantia generosa para que mantivesse aquelas pessoas que não aparentavam riqueza. Eric se incomodou com aqueles olhares e manteve a capa sobre o corpo; ao perceber, Juyeon envolveu o braço em sua cintura.

- Vai ficar tudo bem - o moreno cochichou para o mais baixo enquanto eles se moviam até uma mesa grande no canto do salão de pedras que era iluminado por lamparinas.

- Imagina se tivéssemos chegado aqui montados, o que essa gente não iria desconfiar - Sunwoo cochichou para os outros antes que o servente trouxesse um grande pernil assado e cinco canecas cumpridas de hidromel.

- Felizmente nessas bandas só se importam com o serviço que você esteja disposto a pagar - Hyunjae retrucou, tomando sua caneca em seguida e bebendo com vontade. Estava sedento - Hoje dormirei como um garotinho.

- Vocês todos me parecem bem inteligentes, apesar de... - Juyeon soltou, tomando a atenção meio ameaçadora dos três saqueadores, logo se arrependeu das últimas duas palavras que disse e limpou a garganta antes de continuar - de onde vocês vêm? Ainda tenho muitas perguntas, gostaria que fôssemos mais próximos, já que estamos aqui bebendo juntos.

Eric pareceu relaxar mais com a fala dele e começou a beber da sua caneca de hidromel, mantendo o olhar curioso para o grupo. Era certo que sempre ficava meio desconfiado em ambientes com tanta gente. Hyunjae que limpou a garganta dessa vez, olhando para o qareen.

- Bem, é difícil começar por algum lugar específico... - o loiro suspirou enquanto repartia um pedaço do pernil e servia ervilha para os demais companheiros - Eu vim de um reino distante, ao norte, chamado Maramn. Lá é perto do mar e o terreno é bastante rochoso, é bem diferente daqui. Também é comum criarmos lobos grandes como animais de caça... Bem, precisei me exilar, de repente as coisas se tornaram complicadas e eu fugi com três filhotes recém nascidos que pertenciam a minha família. Quando cheguei mais próximo de Leeheim conheci Sunwoo e Haknyeon. Eles eram bons com animais... De resto, já sabem que somos ladrões.

Sunwoo e Haknyeon se entreolharam, nostálgicos. Juyeon observava o quanto o seu novo companheiro deixava superficiais alguns detalhes da sua história, tentando resumir essa ao máximo, logo inferiu que Hyunjae podia não ter tido a vida mais confortável de todas. Tinha conhecido seu lado mais ácido e sombrio durante as batalhas. Mas havia um brilho no olhar do loiro que nunca se apagava. Já Eric estava imerso demais na própria fome para notar tudo aquilo que o Lee notava, e começou a comer como se nunca tivesse usado o estômago antes, e Juyeon sorriu, vendo isso com o canto da visão.

- Eu aceitei vir nessa busca com você, Juyeon, mas devo ser sincero, eu não esperava muito - disse Hyunjae, em particular, ao perceber que o restante dos jovens presentes já não o ouviam tão bem. Levou a mão para a própria nuca, num gesto automático - Não sei o que aconteceu, estava preocupado de ser uma missão suicida... Mas você conhece muito bem a floresta e fora bastante sensato, isso me surpreendeu. Não é de seu todo camponês tolo.

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