"É hora da tempestade."-Victor Hugo
Dorcas observava a carta que Remus a enviara mais cedo, garantindo que chegara bem em Bristol e que provavelmente retornaria para Londres naquela tarde. Ela estava feliz por saber que tudo dera certo nos negócios do noivo e que em breve ele estaria de volta, mas a preocupação dominava quase completamente o seu semblante. A fina garoa que caia preguiçosamente poderia se transformar em um piscar de olhos em uma forte e imprevisível tempestade, o que dificultaria muito a volta de Remus.
—Não se preocupe, Dorcas. Tenho certeza que Remus logo chegará lhe trazendo algum presente incrível de Bristol. Isso que você está sentindo é só saudade.
Dorcas queria contrariar a mãe e garantir-lhe que não estava com saudade de Remus, apenas preocupada com ele. Por mais que a estrada fosse segura e a carruagem boa, uma chuva era algo ruim a se enfrentar, certo? Mas ela não queria preocupar a mãe com aquilo. Certamente era bobagem, apenas coisa da sua cabeça. Então, por que aquele aperto em seu peito não sumia?
—x-
Marlene bateu na porta de Lorde Potter e esperou-o levantar os olhos amendoados em sua direção para cumprimentá-lo.
—Srta. McKinnon, –Ele se levantou e indicou a cadeira a sua frente para que ela se sentasse. –Como vai? Não esperava recebe-la em meu escritório.
—Pode me chamar de Marlene, não precisamos de formalidades dadas...as circunstâncias. –Ela corou ao se lembrar de que ele havia lhe dito na noite anterior que, após conversar com a condessa e descobrir tudo sobre o passado dela, a considerava parte da família. Um sorriso singelo brotou no rosto de Marlene. –Eu só vim lhe entregar um bilhete que Lily mandou junto com a carta que escreveu para mim.
—Ela me mandou um bilhete? –O Potter parecia levemente extasiado e muito, muito confuso.
—Sim, eu não li, porém você não deveria esperar nada muito...lisonjeiro.
—Hã...claro. –Ele ficou um pouco vermelho ao pegar o pequeno pedaço de papel cuidadosamente dobrado. –Obrigado, Marlene.
—Por nada, Lorde Potter.
—Me chame de James, você é da família como eu disse. –Marlene já estava saindo do luxuoso escritório quando ouviu a voz hesitante de James chama-la. –Eu queria te falar sobre...hum...você e o Sirius. Bem, eu...
—Não há nada entre nós! –Ela cortou-o com a voz mais estridente do que gostaria. Clareou a voz antes de continuar: –Realmente, não há nada.
—Claro. Me desculpe, foi indelicado da minha parte. –Apesar das desculpas James possuía um estranho sorriso no canto dos lábios.
Mesmo querendo saber o motivo daquele sorriso, Marlene obrigou seus pés a saírem do escritório e foi para o seu quarto. Enquanto observava a fina chuva que banhava o jardim, foi impossível não se lembrar da conversa que tivera com Sirius bem ali, entre aquelas flores.
Flashback on:
Assim que adentraram o jardim, Marlene sentiu-se sendo puxada de encontro ao peito de Sirius e envolveu-o com seus braços, deixando que algumas lágrimas de alívio caíssem.
—Calma. Está tudo bem agora. –Ele distribuía beijos nos cabelos dela e acariciava sua nuca com a mão direita enquanto a esquerda segurava Marlene em um aperto forte.
Mas ela não se importava nem um pouco. Na verdade, a única coisa que desejava naquele momento era ficar nos braços dele e esquecer todo o medo e desespero de algumas horas atrás. Cedo demais Sirius a afastou um pouco e levou a mão ao rosto dela, acariciando sua bochecha com devoção.
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Libertinamente Marotos
RomanceLondres. 1830. Temporada Social. Essas três palavras conseguiam causar arrepios, bons ou ruins, em qualquer garota da nobreza inglesa. Especialmente por saberem que mais cedo ou mais tarde os Marotos deveriam escolher uma esposa. Marotos? Sim, os li...