CAPÍTULO 39

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RENATO GARCIA

Eu já estava alguns minutos sem reação nenhuma, as palavras não saiam da minha boca, mesmo que os meus pensamentos estejam uma bagunça, minha mente está processado tanta coisa ao mesmo tempo que é capaz do meu corpo não aguentar e desmaiar aqui mesmo.

Gente não é exagero, eu juro para vocês, porque tipo, do dia para outro você simplesmente tem que decidir algo que independente da escolha você irá sair machucado, eu não estou preparado para isso, e nunca vou está. Não é como se o meu ser tivesse pensando na possibilidade de deixar o Leonardo e muito menos o meu trabalho.

Eu passei por tanta coisa, tantas noites sem dormir, alimentação péssima, afastamento da minha família para me concentrar mais nos estudos e quando eu conquisto aquilo que eu sempre quis que é ter um trabalho digno que me faça bem e alguém para ser chamado de meu, vem um filha da puta que com certeza não sabe cuidar nem da própria vida e já quer cuidar da minha? Isso nunca vai ser aceitável para mim, eu tenho que encontrar uma solução.

- Vamos Garcia, não tenho o tempo todo. - Thiago fala já impaciente.

Arrumo minha postura na cadeira e passo a língua nos lábios, pronto para respoder algo que com certeza iria trazer consequências não só à mim, mas para outra pessoa também e sim estou falando do lado emocional, eu não posso deixar o Léo como os outros médicos fizeram, com ele eu vou até o fim e se para isso eu tenho que abrir a mão dele, eu irei.

- Sei que demorei um pouco para te responder, mas é porque estava tentando processar o que foi falado para você. Eu nunca seria capaz de ter relações a mais com o Ruiz, até porque respeito as normas do contrato que eu assinei e outra não iria jogar o meu esforço todo fora por esse motivo. - Falo tudo isso sentindo um incômodo tão grande no meu coração que estava sendo difícil ignorar o nó na garganta, mas mantenho minha voz firme. - Por isso nem vejo o motivo do senhor pedir para eu escolher entre o meu trabalho e algo que é impossível de acontecer. - Olho para o mais velho.

- Evidentemente, você respondeu firme a minha pergunta e eu entendo pela sua demora para responder, afinal assimilar uma mentira deste tamanho inventada para prejudicar a você, peço perdão pelo incidente e de agora em diante irei tomar cuidado para confiar em uma informação deste contexto a mim, pode voltar ao trabalho, você é um excelente médico pelo que vejo, o Leonardo teve bastante evolução depois que você chegou. - Meu superior sorrir orgulhoso para mim e se levanta, estendendo a mão em minha direção.

Me levanto ao mesmo tempo que ele e sorri, tentando esconder o nervosismo e aperto a mão do mais velho, concordando levemente com a cabeça.

- Muito obrigado senhor Reis, fico muito feliz em ouvir tais palavras de você, sinal que estou fazendo um bom trabalho. - Falo sorrindo levemente e solto a mão dele.

- Que isso rapaz, pode me chamar apenas de Thiago. - Sorrir. - Agora se me dê licença tenho que estudar algumas cirurgias para ser feitas, irei da uma olhada no caso do Ruiz e qualquer coisa falo com você. - O mesmo suaviza a voz e sorrir de leve

-Claro, com licença - Sorri e logo saio daquela sala, fechando a porta atrás de mim, me permitindo soltar todo o ar pela boca e respirar fundo novamente.

Eu não estava com cabeça para voltar para a fitoterapia, então apenas começo a andar pelos corredores até chegar no Jardim do hospital. Ele tem uma grama verdinha e bem cuidada, com algumas árvores e flores bem coloridas e para o deixar bem mais alegre, tinha os pacientes que apesar de tudo carrega um sorriso nos lábios, o menores brincavam no escorregador ou de casinha, outros com a idade um pouco mais avançada brincavam no balanço e na gangorra, já os adolescente e adultos estavam mexendo nos celulares ou lendo livros, ou até mesmo desenhando ou pintando em telas  e por fim tinha os idosos que estavam fazendo piquenique enquanto lembrava da sua juventude.

Sento em um dos bancos que tinha no jardim e suspiro pensando no Leonardo, eu não estou preparado para dar esta notícia para ele, na realidade nunca vou está preparado para o machucar, mesmo que seja não proposital, sem intenção.

Em meio aqueles pensamentos a primeira lágrima desceu por minha bochecha e aquilo ali era um sinal que eu estava inseguro e com medo, eu realmente não tenho estrutura para falar para o Léo que não podemos ficar juntos e aquela conclusão foi o estopim para lágrimas começarem a descer em abundância.

Fecho os meus olhos e me assusto um pouco quando sinto uma mão até um pouco pequena pegar no meu ombro e apartar fraquinho aquele local. 

-Tio, por que você está chorando? - A voz infantil femenina e ouvido por mim e minhas lágrimas são sacadas pelos dedinhos da pessoinha ao meu lado.

Obro os olhos devagar e acabo sorrindo ao ver quem era a menina, ela tinha a pele morena, os cabelos cheio de cachinhos muitos fofos, olhos castanhos e um lábio que dar inveja nas blogueirinha que faz botox.

- É um assunto meio complicado para você intender princesa. - Sorrio e seco minhas lágrimas direito.

-Uh...me conta vai, eu tava brincando no balanço e te vi chorando, então fiquei preocupada já que a mamãe sempre diz que  choramos porque algo está doendo tanto emocional ou fisicamente, a onde doi em você? Alguém te machucou? - Ela dispara a falar com uma carinha muito fofa de preocupação.

-A sua mamãe é muito sábia e você é muito inteligente para aprender isso tão rápido. - Sorri para ela. - Machucaram o meu coração e estão obrigando a machucar outra pessoa que eu gosto muito, muito. - Suspiro.

- Não faz isso, essa pessoa importante para você? - Ela me olha atentamente e eu já estava querendo saber quantos anos ela tinha.

- Sim, muito. - Acabo sorrindo ao lembrar do Léo. - Eu amo essa pessoa. - Olho para a menor.

-Se você a ama por que está pensando em machuca-la? Em vez de pensar nisso você deveria achar uma solução e  continuar amando ela, porque se o amor é realmente real, você não pode deixar ele acabar por causa dos outros.- Ela fala sorrindo.

Por um momento esqueci que estava falando com uma criança e não com um adulto, a mentalidade dela me suspendeu de mais, ela praticamente me deu a solução do meu problema.

-Obrigado pelo conselho, juro que  irei segui-lo, mas qual é o seu nome? Idade? E cade a sua mãe? - Pergunto com um sorriso nos lábios.

-Hoje tive que vim para o trabalho com meu pai, o nome dele é Thiago, meu nome é Pérola e eu tenho 8 anos, qual é o seu nome? - Sorrir fofa.

- Você é filha do meu superior, legal, meu nome é Renato. - Sorri para ela e me levanto. - Promete de dedinho que não vai contar a ninguém a nossa conversa?? - Me abaixo um pouco e ergo meu dedinho.

Ela concorda rapidamente com a cabeça e entrelaça o dedinho dela com o meu e me abraça em seguida, sorrir largo e retribuo o abraço, sentindo o meu coração quentinho e sem mágoa.

-Se cuida e toma cuidado, tenho que voltar pro trabalho, qualquer coisa é só me procurar.- Solto ela devagar e beijo a testa da mesma.

-Tá bom. - Ela sorrir abertamente.

Logo me viro e vou andando, mas antes de sumir do campo de visão dela, me viro e dou tchau com a mão, tendo o meu ato retribuído por ela.

Quem diria que a filha do meu superior iria me dar a solução de um problema que o próprio pai dela está envolvido de certo modo, que ironia do destino.

ᕕ( ᐛ )ᕗ__NOTA FINAL__ᕕ( ᐛ )ᕗ

Se vocês acham que a Pérola foi muito madura nesta história, pense que ela é mais velha, tá bom?
Era só isso mesmo beijo beijo e tchau tchau❤

Um Novo Recomeço《LEONATO 》Onde histórias criam vida. Descubra agora