Jeon Jeongguk. Um garoto de 17 anos. Já conhece perfeitamente como o mundo pode ser cruel e impiedoso.
Quando se passa por certas situações, é impossível sair ileso.
Ao longo de sua infância e início da adolescência, passou por coisas que não deseja...
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Era o horário do intervalo, o adolescente poderia estar em qualquer lugar. Na biblioteca, na sala de artes, em baixo da escadaria, no terraço ou até mesmo na parte de trás da escola – pouco conhecida pelos alunos.
Mesmo com tantas opções, Jeongguk se encontrava na sala de música. Sentado no banco enquanto seus dedos apertavam as teclas do piano, formando a bela melodia que sua tia tocara para si em sua infância.
Uma bela memória, de fato.
Uma das poucas lembranças boas que existiam.
— Bela música. — a voz grave se faz presente no local fazendo o moreninho levar um pequeno susto. — Perdão, não era minha intenção te assustar. Min Yoongi. Era incrível como o mais velho parecia fazer questão de lhe encontrar, não importa onde fosse.
— O que faz aqui, Jeon ? — perguntou após perceber que o mais novo não tinha nenhum interesse em manter uma conversa.
— Só...esperando o intervalo acabar. — responde em um tom baixo, recebendo um aceno com a cabeça vindo do mais velho – este que se aproximava calmamente do garoto.
Min já havia notado os pequenos cortes que estavam quase totalmente cicatrizados que se encontravam no rosto angelical do adolescente.
— Está tudo bem ?
— Perdão ? — perguntou o de olhos negros sem entender. Vendo a confusão nos olhinhos do garoto, se limitou à apenas apontar para o próprio rosto – no mesmo lugar onde se encontravam os machucados na face do outro. Este que logo entendeu a que o professor se referia.
Jeongguk sabendo onde aquela conversa iria se finalizar, respirou fundo pensando na melhor resposta para encerrar o assunto e sair no local o mais rápido possível. Abriu e fechou os lábios inúmeras vezes, precisava parecer confiante em sua resposta – embora o nervosismo aparente de seu corpo o denunciasse.
Mas talvez fosse seu dia de sorte...
Não demorou para o sinal ser ouvido, anunciando para todos os estudantes e professores que deveriam voltar para suas devidas salas.
— E-eu preciso ir . Até logo, Sr.Min . O garotinho não deu brechas para o mais velho dizer algo, pois em instantes já havia se retirado da presença intimidadora do mais velho.
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— Jeongguk, meu doce. Você pode ajudar o Hoseok com algumas caixas que estão nos fundos ?
A voz da senhora era doce e suave. Já havia se acostumado com o fato do adolescente ser um pouco tímido e reservado, embora achasse uma graça as poucas vezes que o viu sorrir – mesmo sem mostrar os dentes. Não mentira se dissesse estar preocupada com os ferimentos que marcavam a pele do garotinho; este que lhe dava boas justificativas sobre cada hematoma novo. Costumava até rir de algumas histórias que o mesmo lhe contava. Como podia ser tão desastrado ?
Motivos inocentes. Mas ocultavam uma verdade cruel e totalmente conturbada.
O moreninho assim que ouviu a voz de Hyeri, deixou sua total atenção voltada para as instruções que ela lhe passava. Não demorou muito para que o menino se direcionasse aos fundos do supermercado. E encontrar Hoseok foi mais fácil ainda, afinal não é todo dia que se vê um jovem tentando equilibrar três caixas vazias de papelão na cabeça.
Teve de segurar o riso ao ver a cena.
— Oh, Jeongguk-ah ! Venha, vamos dar um fim nessas caixas ! — sua animação era fascinante para o mais novo, ao mesmo tempo que lhe deixava mais confortável na presença do mais velho.
O tempo foi passando, faltavam poucas caixas para serem esvaziadas. A áurea que cercava o local era tranquila e acolhedora. Hoseok e Jeongguk trocaram algumas palavras e risadas por parte do mais velho.
O adolescente estava tão concentrado que não percebeu quando Hoseok se aproximou cautelosamente de si; Mas o susto veio assim que seus pés saíram do chão e foi colocado nos ombros do mais velho.
— Hobi hyung !!! — suas mãos foram em direção aos fios castanhos do outro apertando um pouco pelo susto. Este que pareceu não ligar, pois soltou uma gargalhada gostosa em meio aos protestos do moreninho para ser colocado no chão.
O acastanhado resolveu ser um pouco mais ousado – segurando firme as pernas do adolescente – começou a girar, correr e pular com o menino em seus ombros.
— HYUNG ME PÕE NO CHÃO !!! HOBI HYUNG !!!! E-EU VOU CAIR !!! Os protestos agora eram mais altos. O medo havia passado, porém ainda estava assustado com a atitude do mais velho.
Não demorou muito para que as risadas e gritos fossem ouvidos por Jimin e sua avó, que preocupados e curiosos seguiram até os fundos se deparando com uma cena adorável ao ver de ambos. Porém, não evitaram de rir do desespero do moreninho.
Logo o cansaço se fez presente depois de muitos giros, corridas e pulos. Não demorou para o mais novo ser colocado de volta ao chão.
Porém, o que surpreendeu Hoseok e os dois curiosos que viam a cena foi o adolescente. Que agora sorria em meio algumas risadas que escapavam.
Seu cabelo estava um pouco bagunçado e seus dentinhos agora podiam ser vistos, o que lhe dava um ar infantil, principalmente pelos dentinhos da frente que lhe faziam parecer um filhotinho de coelho.
Foi a primeira vez que os mais velhos ali presentes o viram sorrir. Poderiam facilmente julgar ser a coisa mais pura, inocente e angelical que já presenciaram.
