01, mudança (crepúsculo)

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Eu sabia que seria um empecilho para a minha mãe durante esse período da minha vida, uma filha quase jovem adulta, onde ainda é necessário um responsável, em meio a uma lua de mel dos sonhos e uma vida ativa de viagens com seu noivo não era algo que poderia chegar em uma coexistência facilmente.

Ao mesmo tempo eu também sabia que minha mãe nunca iria dizer "ei, vou embora, tchau", então decidi tomar a primeira iniciativa, que seria chamá-la para uma conversa e falar que queria passar um tempo morando com meu pai em Forks, uma cidade minúscula no estado de Washington, cidade onde meu pai morava. Seria totalmente estranho passar esses dias com ele, em vista que não nos víamos a muito tempo e nossa relação não era uma das próximas, mas eu seria capaz de fazer isso para a minha mãe.

Ela inicialmente protestou, dizendo que não me deixaria sozinha e toda a realidade de eu mal conhecer meu pai, mas inventei certas desculpas que no decorrer de uma semana ela aceitou, e no fundo, ficou muito feliz. Seu noivo era um jogador de baseball de um time local, mas tanto ela quanto ele tinham uma grande vontade de passear pelos grandes estádios do país, então os dei essa oportunidade.

Todos esses pensamentos rodeavam enquanto eu estava no banco de passageiro da viatura do meu pai já em Forks, a cidade extremamente fria já deixava meus joelhos doloridos e minhas mãos roxas, mas era possível aguentar. Meu pai, sendo aquele que demonstra afeto por atitudes, ligou o aquecedor do carro mas não mudou quase nada, mas agradeci para animá-lo, era claro que seu desconforto estava quase maior que o meu.

Chegamos na casa que passei boa parte de minha infância e o desconforto logo começou a passar, as memórias afetivas que estavam pareadas com aquele local foram uma onda de sentimentos bons no meu corpo.

-Bella, vou ter que voltar para o trabalho agora – Meu pai disse enquanto colocava minha última mala dentro do meu novo quarto. - Não queria te deixar sozinha, mas preciso disso, e também parece que ocorreu uma emergência, não sei ao certo.

-Não tem problema, sério. - Falei, tranquilizando-o, realmente não tinha problema.

-Vou deixar um dinheiro na mesa da sala para você jantar, mas se eu conseguir sair mais cedo passo aqui para irmos em algum lugar, tudo bem?

-Tudo bem. - Dei um sorriso e ele retribuiu, saindo do quarto.

Ouvi seus últimos passos nas escadas e a porta batendo levemente, aquela sensação era boa, poder ficar sozinha. Quando percebi que estava sozinha em casa suspirei e decidi começar a colocar minhas coisas em ordem naquele quarto. As paredes ainda tinham diversas coisas que coloquei durante minha infância, desenhos, fotos e posters de alguns cantores. Garanti passar bons minutos olhando para cada detalhe daquela parede, cada desenho e tentar puxar em minha cabeça o máximo de memória que tinha daqueles dias.

Quando senti que um pouco da saudade tinha passado, comecei a tirar minhas roupas da mala e colocá-las em cabides em um pequeno guarda roupas de madeira próximo de uma janela, posicionei meus materiais de desenho na escrivaninha e ajeitei minha guitarra em seu apoio no canto do quarto. Espero que Charlie não se importe com os barulhos.

Retirei toda aquela roupa pesada para suportar o frio da cidade e fui para um banho quente no banheiro do corredor. Senti a água quente tirando toda a rigidez que o frio trouxe, podendo relaxar pelo menos um pouco naquele momento.

Eu não poderia mentir, eu estava nervosa. Sai completamente da minha zona de conforto, estava na casa de meu pai, que era quase um desconhecido devido aos últimos anos quase sem nenhum contato e sem amigos. Não que na minha cidade natal eu tivesse muitos amigos, normalmente eu ia para a escola apenas para ficar no canto da sala, prestando atenção nas aulas e em qualquer intervalo eu ficava lendo alguma coisa ou desenhando algo.

crepúsculo (bellice)Onde histórias criam vida. Descubra agora