Capítulo 6

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Voldemort e seus Comensais estavam ganhando força cada vez maior. Não era de se espantar, tendo em vista que a maior figura da resistência – o escolhido, estava desaparecido há dois anos.

Seus amigos de escola estavam formados.

Hermione, Ronald, Neville, todos agora eram parte da frente de batalha contra o bruxo das trevas que ganhava cada vez mais espaço em suas ofensivas contra o Ministério da Magia.

O Ministério estava corrompido e a comunidade bruxa sem esperança.

Grimauld Place ainda era o palco de muitas reuniões onde se discutia estratégias exaustivas de contra-ataque.

Durante aquele período, Severus foi revelado como espião. A sua vida ficou por um triz quando sofreu um ataque massivo de Voldemort. Graças ao que se poderia chamar de milagre ele ainda estava vivo, sarcástico e respirando ofensas.

Apesar dos sentimentos ambíguos que oscilavam entre alívio e culpa, ele não poderia negar que agora, longe da influência do Lorde das Trevas ele conseguia respirar com um pouco mais de alívio, mas ainda assim era pouco, apenas muito pouco diante de toda a destruição que acontecia ao seu redor.

Ele deixou o glamour que escondia sua aparência cair, sentindo-se um pouco mais verdadeiro e foi com surpresa e um pouco de repulsa que percebeu a mudança dos olhares de alunas – e até alunos das turmas superiores, dos suspiros apaixonados pelos cantos, da mudança no tratamento que recebia, mesmo que ele tenha continuado a ser o mesmo professor insuportável e rígido.

Ele pensou então no quanto as pessoas prezavam pelo exterior, o quanto isso os deslumbrava e desviava do que realmente importava.

Ele ouviu frases como "belo e perigoso", "intenso e escuro", adjetivos que ele nunca imaginou em sua vida adulta que seriam lançados em sua direção.

Embora a guerra ainda estivesse em seu auge a vida seguia seu fluxo natural.

Muitos emparelhamentos prováveis e alguns nem tanto, ocorreram durante os dois anos de desaparecimento de Potter. Neville Longbobo – como Severus ainda gostava de pensar nele, se casou com Ginevra Weasley e era no momento professor assistente de herbologia, enquanto sua jovem esposa assumiu as aulas de voo para as turmas do primeiro e segundo ano aliviando Rolanda das turmas mais jovens e desajeitadas. O primeiro ano ainda não podia jogar quadribol. Ginevra não se transformou em um lobo com a mordida de Fenrir, mas sofria a influência da lua cheia, ficando reclusa nesses dias. Ela ficava irritadiça, com um humor volátil e muitas vezes se tornava violenta se confrontada nesse período.

Senhorita Granger – agora Weasley – se casou com Ronald e ambos também compunham o corpo docente de Hogwarts. Ela começou a desempenhar a função de Ensino dos Trouxas assim que se formou. Nenhum outro professor havia assumido depois da morte de Caridade Burbage, lamentavelmente comida por Nagine. Snape não podia fazer nada além de olhar com uma expressão vazia, enquanto sua antes professora e depois colega de trabalho, morria diante de seus olhos.

Ninguém poderia imaginar ou sequer começar a supor os horrores das funções que Severus teve que desempenhar durante a espionagem. Ele estava maculado, machucado, sujo e quebrado muito além de qualquer reparo. Indigno de ser amado, apreciado, querido, desejado. Há muito tempo ele deixou de ter qualquer esperança a esse respeito.

Severus vivia para a causa. Para o dever. Para livrar o mundo do veneno maléfico que o Lorde das Trevas espalhava com a sua presença maligna. Mas agora, Severus sentia-se impotente. Sem Potter, sem ajudar com os possíveis novos planos arquitetados pelo monstro, Severus sentia-se um inútil.

Obviamente, seu mentor, Dumbledore, tentou demovê-lo dessas ideias autodepreciativas, mas era realmente difícil atingi-lo.

Antes, Snape tinha um motivo. Uma razão pela qual ele acordava todos os dias e continuava lutando, lutando por milhares de bruxos que o consideravam um homem repugnante e cruel, lutando pelo bem maior, lutando para manter o pirralho vivo como prometera a Lily, todavia tudo parecia muito mais que perdido agora. Não havia nada. Nenhum ponto de partida e nenhuma perspectiva de chegada.

Severus vivia sozinho e pelo andar da carruagem, ele temia que fosse exatamente desse jeito que ele iria morrer.

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