Capítulo 9

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Era fim de tarde, as nuvens grossas não permitiram sequer avistar o sol se pondo no horizonte. Estava escuro.

Como o dia fora bastante frio e tanto Ellie como Harry não dormiam bem recentemente, eles passaram a maior parte do dia em sonecas prolongadas. Naquele momento, ambos estavam no tapete de pele de carneiro, enrolados em um grosso cobertor, com a chama da lareira bem abastecida irradiando calor e conforto. Ambos estavam imersos na terra de Morfeu, onde os sonhos eram bonitos e tranquilos.

Foi com surpresa aterrorizante que um estrondo na sua porta da frente a acordou.

Sentando-se rapidamente, Ellie olhou para o local onde deveria estar a porta. Nada. Havia agora apenas o arco da soleira vazia. Harry chorava alto do susto e ela o apanhou em seu colo

Foi tudo realmente muito rápido.

Cinco pessoas vestidas de preto em máscaras estranhas entraram por sua sala de forma imponente. O grito ficou preso em sua garganta.

— Você é Ellie Parker? — um deles perguntou, mas antes mesmo que ela ligasse as funções dos seus pensamentos para que pudesse responder adequadamente, ela sentiu uma dor excruciante invadindo-lhe o corpo.

O gritou rouco, alto e cru saiu de sua garganta e de repente tudo estava em chamas. Ela não era mais Ellie. Ela era apenas um ponto de dor suspenso no universo. Ossos, músculos, pele, tudo se fundia numa única e desesperadora tensão quente e depois, ela sentiu-se sacudindo e os gritos eram mais altos, mas ela não sabia quem gritava.

Seus olhos rolaram para trás em suas órbitas e ela sabia que seus lábios partiram porque ela mesma os mordia com uma força brutal. Suas mãos estavam fechadas em punho, sua coluna arqueada e naquele momento em seu torpor de dor ela sentiu a bile subindo por sua traqueia e lhe sufocando quando não obteve a posição correta para sair e tudo queimou, ardeu e doeu. Infinitamente.

Poderia ser eterno ou apenas um minuto, mas naquele instante nada existia além da sensação terrível de medo e desespero. E de repente ela soube que alguma coisa estava faltando em seus braços. Ela precisava proteger. Quem? O que? Mais dor. Torpor. O gosto ocre do sangue na boca. Convulsão. Seu corpo ficou tenso, sacudindo como uma enguia.

Harry.

De repente o nome do seu filho pulou como um estalo em sua mente.

Harry. Harry. Harry. Harry. Harry... Har... Harry.

Ela precisava proteger Harry.

Segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora