Capítulo 13

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A casa da família de Luke lembrava aquelas clássicas moradias que se vê todos os dias em filmes e séries de televisão. Ela era simples, e apesar de estar vazia no quesito "móveis", ela estava cheia de amor, e isso era mais do que o suficiente.

Luke observava através da janela, assim como fazia na época em que estava vivo.

Emily, a sua mãe, estava cozinhando. Pelo cheiro, ela estava fazendo o famoso bolo de cenoura dela. Provavelmente o melhor bolo que Luke já havia comido. Ele o lembrava das noites de filme da família, onde toda sexta-feira eles se reuniam, faziam um monte de comidas não muito saudáveis e maratonavam diversos filmes que pegaram nas locadoras.

O seu pai, que aparentava estar muito cansado, varria a casa ao som de clássicos do rock dos anos 80. Luke sorriu. Ele se lembrou das madrugadas em que ele e seu pai passavam acordados, sem conversar, sem fazer nada: apenas ouvindo as músicas do rádio e criticando os gêneros musicais dos quais eles não gostavam muito.

De repente, após Emily colocar o bolo no forno,  uma música lenta começou a tocar, também clássica. O seu pai se aproximou da esposa, pegou a sua mão e os dois automaticamente começaram a dançar. A sua mãe riu e deram um selinho carinhoso um no outro. 

Luke não sabia quando havia começado a chorar. Em um momento ele admirava a sua família e em outro sentia as lágrimas caindo em seu rosto. Lágrimas que ele não conseguia impedir. O rapaz se afastou e sentou nos degraus em frente a sua casa.

Luke encarou a porta e se lembrou do dia em que viu a Julie em sua casa. Em um primeiro momento, ele ficou bravo por ela estar o espionando. Na verdade, bravo não seria a palavra correta. Ele estava envergonhado. Ele tinha vergonha de ter fugido de casa, ele tinha vergonha de nunca ter retornado e, o motivo mais bobo de todos, Luke tinha vergonha de chorar em sua frente. Mas, de alguma maneira, Julie o acalmou. Mesmo quando ela entregou a música Unsaid Emily até a sua família e ele começou a chorar incontrolávelmente, o rapaz se sentiu seguro, amado. 

Mesmo parecendo algo idiota, Luke ficou com medo e precisou sair de lá imediatamente. Ele sabia que um sentimento estava crescendo em seu peito e ele não podia controlá-lo. Um sentimento maior que amizade, carinho ou admiração. Luke sabia o que era, mas ele nunca ousou dizer a palavra, porque se ele dissesse, se tornaria real. E aquele sentimento não podia se tornar real, porque era impossível que desse certo.

Luke sabia disso, mas ele não conseguia fazer com que o seu coração batesse mais devagar (se é que ele tinha um) quando a visse, ele não conseguia fazer com que as suas mãos parassem de tremer quando os dois estavam muito perto e ele não conseguia deixar de querer estar sempre ao lado de Julie. Ele simplesmente não conseguia. Isso estava o destruíndo. 

Julie estava em um encontro com o garoto que ela sempre gostou: um garoto gentil, educado e inteligente. Um garoto à altura dela. Tudo o que Luke quis foi que ela fosse feliz. E ela estava feliz, com ele. Então por que ele não conseguia ficar feliz por ela? Por que ele era tão egoísta?

Naquele momento, o rapaz já não conseguia mais parar de chorar e soluçar. Todos os seus fracassos, medos e inseguranças invadiram a sua mente. E a única pessoa que poderia ajudá-lo, era a única que não devería ajudá-lo. Luke suspirou.

Após algumas horas, Luke resolveu retornar antes que seus amigos se preocupassem mais com ele. Mas ele não conseguia deixar de pensar em como ele podería encarar Julie após aquela noite.

Back Inside My Soul - Julie and the Phantoms (Continuação da 1° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora