POV da Julie (primeira pessoa)
Dia seguinte...
Sabe aqueles dias em que você acorda já querendo voltar para a cama? Aqueles dias em que todos os seus músculos gritam, te imploram para você continuar deitado? Aqueles dias em que, por mais que você não tenha feito exercícios físicos anteriormente, você se sente como se um caminhão tivesse te atropelado? Aqueles dias em que só a ideia de interagir com outras pessoas faz com você sinta a necessidade de sumir do mundo? Aqueles dias em que você se sente solitário mas ao mesmo tempo não se sente apto a falar com outro ser vivo? Aqueles dias em que tudo parece te alertar de que algo ruim está prestes a acontecer? Aqueles dias em que você gostaria de ignorar a própria existência?
Bom, esse era um daqueles dias.
A noite anterior havia sido um tanto quanto estranha, na verdade, acho que essa palavra é um pouco fraca para descrevê-la. Mas é algo de se esperar se você descobre que um amigo seu/ex-crush está possuído por um fantasma que possui a alma de três outros amigos seus que por um acaso são fantasmas também. Bom, pelo menos eu finalmente tive uma resposta, algo que eu tanto queria.
Nossa, a minha vida daria uma ótima série.
Enfim, depois de eu ter conversado com o Caleb/Nick e o "consolá-lo" pela morte de Bryan, liguei para o meu pai pedindo que ele me buscasse, negando as ofertas de carona que o "meu amigo" havia dado. Durante toda a trajetória para casa, fiquei em silêncio apenas observando os carros passando naquela noite estrelada. No início, o meu pai tentou puxar assunto e eu acabei lhe dizendo apenas o necessário (obviamente), mas depois de um tempo, ele percebeu que eu não estava afim de conversar e me deixou quieta.
Assim que cheguei ao meu lar, encontrei Carlos e a minha tia assistindo ao jornal. O meu irmão logo se virou para nos observar e automaticamente percebeu que havia algo errado. A minha tia, que estava ao seu lado, não percebeu, pois estava sorrindo radiantemente como sempre. Percebi de canto de olho que, quando a minha tia ia falar algo, o meu pai lhe fez um sinal para que ficasse quieta. Seu sorriso se apagou na hora, mas ela não disse nada. Eu dei um pequeno aceno a todos e comecei a subir as escadas afirmando que eu iria dormir.
Durante a minha tentativa falha de tentar dormir, escutei o meu pai contando a eles o que havia acontecido, a minha tia logo disse que eu deveria voltar a visitar o psicólogo só que desta vez mais frequentemente. "Presenciar duas morte em um ano, é muita coisa para uma garota da idade dela. Ela precisa de apoio. Um apoio que não conseguimos dar a ela.", até que ela estava correta, mas sinceramente estes são os menores dos meus problemas no momento e, a última coisa de que eu preciso, é perder horas da minha semana desabafando com uma pessoa que não pode ouvir os meus desabafos, ou melhor, que não acreditaria neles, enquanto eu podia pensar em um jeito de salvar os rapazes, seja lá onde eles estavam. E eram justamente esses rapazes que conseguiriam me apoiar...O apoio que ela tanto queria que eu tivesse.
Como qualquer pessoa que estivesse no meu lugar, consegui dormir somente uma hora naquela noite e ainda de forma "interrompida". Apesar disso, eu não me sentia com sono. Eu me sentia cansada, o que é bem diferente. Sono pode ser resolvido dormindo umas 9h por noite, já o cansaço seria o "sono da mente", onde horas dormindo não resolvem, e sim, uma pausa da vida. E eu precisava de uma pausa. Uma pausa de tudo aquilo. Mas eu não podia descansar, não sabendo que os meus amigos podiam estar em perigo, não sabendo que eles precisavam de ajuda. Da minha ajuda.
Eu me levantei rapidamente, tomei um banho, me troquei e logo desci.
- Oi, querida. - disse o meu pai, que no momento estava fazendo panquecas para o café da manhã.
- Bom dia, pai. - respondi cabisbaixa. Quanto mais triste eu parecesse, menos perguntas ele me faria e, quem sabe, não falasse dos meninos ou da conversa que ele teve com o Trevor, ou melhor, com o Bobby.
- Se sente melhor?
- E-eu não sei. É só que é muita coisa para processar, entende? Não sei nem o que direi a Flynn.
- Ah, sim. Ela estava muito próxima daquele rapaz, né? O Bryan. - afirmei com a cabeça - Coitado, tão jovem...Tinha a vida inteira pela frente. Nem imagino como devem estar os pais dele... - ele se aproximou de mim e me abraçou - Perder alguém da família, principalmente um filho, não é fácil. - beijou o topo da minha cabeça e se afastou.
- Verdade...Eu ainda nem acredito nisso. É tão estranho...Tipo, ele morreu tão de repente...e de uma maneira tão estranha... - ele concordou com a cabeça.
Ficamos em silêncio por uns segundos. Após isso, ele pegou algumas panquecas e as levaram em minha direção.
- Está com fome? Acha que consegue comer?
- A-acho que não... - o meu pai suspirou.
- Filha, eu sei que você não se sente bem...Mas você precisa se alimentar.
- Eu sei...Só que se eu comer agora, acredito que a comida não permanecerá muito tempo na minha barriga. - sorri sem humor enquanto sentava em um banco e apoiava os braços na bancada. Ele correspondeu.
- Tudo bem, então, filha. Mas não fique muito tempo sem se alimentar. - ele me encarou por um tempo. - Você acha que consegue ir para a escola? - eu o olhei mas não respondi. Ele suspirou. - Olha, fique em casa hoje e descanse. Vou ligar para os pais da Flynn para explicar o que aconteceu e perguntar se ela pode passar o dia aqui...Vocês precisam uma da outra no momento. - eu sorri e o abracei.
- Muito obrigada, pai!
(Quebra de tempo)
- O QUE ACONTECEU? - gritou Flynn enquanto entrava na minha casa. - Ah, bom dia, Sr. Molina - o meu pai sorriu sem graça e fez um aceno com a cabeça. Flynn me puxou pelo braço e me levou para o meu quarto ignorando os meus protestos. Ela fechou a porta atrás de si. - O QUE VOCÊ FEZ?
- O que eu fiz? Eu não fiz nada!
- Ahã, sei. Então como os meus pais me deixaram FALTAR na escola para passar a tarde em SUA casa? Nem no MEU ANIVERSÁRIO, estando DOENTE, eles me deixaram faltar! Deve ter acontecido algo muito grave... - eu a olhei tristemente - Aconteceu, né? Aconteceu algo ruim? - quando eu ia lhe responder ela me interrompeu - AI, MEU DEUS! QUEM MORREU? - eu novamente abri a boca para falar, mas foi em vão. - Ai, meu Deus! Alguém REALMENTE morreu?
- FLYNN! Deixa eu te contar o que aconteceu.
E então eu lhe contei, desde a morte de Bryan ao fantasma psicopata que possuiu o nosso amigo. Em nenhum momento ela me interrompeu, mas percebi que ela sentia vontade de chorar.
- Eu...Mas como....Por que....hã? - ela me encarava claramente perdida.
- Eu...eu sei. Nem dá para acreditar eu...- eu a olhei - Você está bem Flynn? - algumas lágrimas escorreram pelo rosto dela.
- Não. - eu fui abraçá-la e ela não me impediu. Mas não me correspondeu também. Então eu me afastei. - Mas nós não temos tempo para chorar. - disse limpando as lágrimas e se levantando da minha cama - Temos que salvar os seus amigos e temos que matar aquele desgraçado! - disse com uma mistura de raiva e tristeza - Não que dê para matá-lo já que teoricamente ele já está morto. Como é que se mata alguém morto? Será que--
- FLYNN! Foco! - respondi com uma risada com pouco humor.
- Ah, sim. - ela suspirou - Vamos! - ela sorriu e me direcionou uma piscadinha - Temos três fantasmas gatinhos para encontrar!
Ela me pegou pelo braço e me puxou para fora de casa antes mesmo que eu tivesse a chance de respondê-la.
A nossa "missão de resgate" só havia começado.
== No próximo capítulo...==
- Willie, o que foi? Você está me assustando! - disse Alex o chacoalhando pelo ombro. Willie nos encarou e sorriu convencidamente.
- Eu tenho um plano.
E aí, gente? Tudo bem com vocês? O que acharam do capítulo de hoje? Alguma teoria? <3
O próximo capítulo sai na segunda ou na terça! Fiquem atentos! <3<3<3<3
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Back Inside My Soul - Julie and the Phantoms (Continuação da 1° Temporada)
FanfictionEssa história se passa logo após o final da primeira temporada de Julie and the Phantons, ou seja, essa é apenas a minha visão do que poderia acontecer em uma próxima temporada. Se você ainda não assistiu a série da Netflix, assista. Você não vai se...