Áris entrou na sala observando o local vazio. Os tons alternavam entre vermelho sangue e preto, sentou-se em uma cadeira feita de ossos revestida por órgãos, a sua frente havia uma mesa e do outro lado outra cadeira feitos de ossos e carne humana. Sangue fresco escorria pelas paredes anunciando que tinham acontecido mais mortes na Terra causadas pelos demônios.
_Filho que bom que está aqui – disse anunciando sua chegada enquanto sentava em sua cadeira, a mesma mulher ruiva de sempre o acompanhava, Lilith.
_Você me chamou então aqui estou eu.
_Ah sim, claro, tenho trabalho para você.
_E o que seria? – se ajeitou na cadeira se interessando no assunto.
_Anjos caídos.
Ah droga.
Áris odiava ter que lidar com anjos caídos, tinha que convencer todos eles a irem para o inferno, afinal um anjo caído não pertencia nem ao Céu nem ao Inferno, era um desertor na Terra, e ninguém gostava de desertores, afinal eles eram traiçoeiros, se importavam apenas consigo mesmos, não seguiam ordem de ninguém e isso era perigoso.
_Eu vou ter que fazer isso sozinho? Da ultima vez Everett me acompanhou.
_Não, tenho outros planos para Everett, então Evert pode te acompanhar. Quero que faça isso ainda hoje.
_Tudo bem.
[...]
O vento fazia com que algumas mechas loiras caíssem sobre os olhos azuis cinzentos quase transparentes, as asas brancas e fortes estavam arqueadas para trás do corpo escultural, ele observava tudo de cima do penhasco de mais de 770 metros. Azrael, um dos sete anjos mais poderosos, o arcanjo da morte, tinha uma missão na Terra, mas não estava com pressa de executar seu plano.
Foi possível ouvir o barulho de asas batendo e uma lufada de ar foi lançada contra o loiro, olhou para o lado encarando seu amigo. O corpo era um pouco bronzeado, os cabelos castanhos escuros estavam desordenados em um topete bagunçado, e os olhos amarelos estavam cintilantes como sempre, tão radiantes como o sol. Azriel, anjo da destruição, melhor amigo de Azrael. Todos os anjos eram irmãos, mas alguns eram mais próximos do que outros, esse era o caso de Azriel e Azrael.
_Olá irmão – o moreno começou – Quando vai colocar seu plano em prática?
_Logo – respondeu depois de um longo suspiro – É muito urgente essa morte?
_Sim, a garota é curiosa, está descobrindo coisas que não deve, e está com um demônio, pobre criança, acredita nas palavras falsas dele.
_Mas é realmente necessário que ela morra? Não poderíamos apenas converte-la? Quero dizer... Já fizemos isso antes, poderia dar certo.
_Você acha que Deus não mandaria você fazer isso se não fosse realmente necessário?
_Certo, certo – suspirou cansado – Se eu não fizer isso Deus libertará a Morte e isso não será bom para ninguém.
_Só acho que poderiam dar uma possibilidade de redenção ao garoto, ele nunca foi um anjo, nasceu na Terra e foi direto para o Inferno, podiam dar uma chance a ele, já que nunca fez sua escolha.
_Quando ele quiser redenção virá até nós, mas enquanto isso não acontece, a garota que está o ajudando a se tornar o demônio mais forte é um perigo para o Céu e a Terra.
[...]
Áris fez um pouso suave no quarto, queria visitar sua pequena antes de sua reuniãozinha com os desertores. A garota estava sentada de frente ao computador, ele se aproximou cautelosamente.
_Oi pequena – sussurrou ao pé de seu ouvido.
A menor se levantou assustada e se afastou logo seus olhos ganharam um tom de raiva e o mais velho recuou confuso.
_Por que nunca me disse?
_Nunca lhe disse o que?
_Que é o “Filho das Trevas” – disse fazendo aspas no ar com a mão.
_Violet, eu...
_Quantas coisas esconde de mim? Pensei que fossemos melhores amigos.
_Nós somos!
_Mentira. Melhores amigos não escondem coisas importantes um dos outros e nem venha me dizer que isso não é importante. Eu sei o que você procura, sei o que quer ser.
_Espera um pouco. Você o que? Mas como? – perguntou surpreso, tudo o que ele menos queria era que ela descobrisse seu objetivo.
_Minha melhor amiga, Allana, me contou.
Allana? Pólemos arregalou os olhos.
Oh droga.
