Meia noite.
Estava na hora da musica ser tocada pela primeira vez em 50 anos.
O Céu estava em completo silencio e os anjos já lamentavam pelas crianças que a Terra iria perder, o Inferno também estava silencioso, todos os demônios ansiosos para canção ser tocada, estavam espalhados pela Terra para se deliciarem com a visão do sofrimento das pessoas e alguns já rondavam a Ilha de Netuno a fim de ver quantas crianças chegariam ao local.
O moreno estava usando calça jeans preta, camisa pólo branca e o sobretudo preto, as mesmas roupas de sempre.
Tirou a flauta branca do bolso interno do enorme casaco, posicionou seus longos dedos nas aberturas do objeto e o levou aos lábios.
Do, mi, sol.
As primeiras notas foram tocadas sobre a cidade de Montreal, Canadá. Continuou soprando as notas no ar voando vagarosamente por cima dos prédios, algumas crianças e adolescentes já começavam a corresponder a musica e flutuavam sonolentos cantando atrás do demônio.
Seria uma longa noite.
[...]
_Filha?! - Ísis adentrou o quarto encontrando a menor dormindo, se aproximou para dar-lhe um beijo na testa e viu algo diferente em seus ouvidos - O que é isso? - retirou os protetores de ouvido - Dormir com essas coisas podem machucar os ouvidos - deixou um beijo na testa da mais nova e colocou os pequenos objetos sobre a mesa saindo do quarto logo em seguida.
Logo o demônio passaria sobre a cidade de Frederick tocando a musica com sua flauta.
[...]
Sol, dó.
As notas ecoaram sobre a Ilha das Almas e milhares de crianças cantavam atrás do moreno que já havia passado por todos os lugares do mundo inteiro, menos pelas tribos adoradoras de Satã.
Na ponta da montanha mais alta havia uma caverna e lá estava acorrentada a criatura.
O demônio estava parado na entrada da caverna tocando a flauta enquanto via uma criança de cada vez se aproximar de Netuniel e o mesmo sugava sua alma e arremessava o corpo para fora.
As crianças estavam organizadas em uma fila e continuavam cantando até que uma voz feminina atingiu os ouvidos de Áris, virou-se rapidamente olhando para todas as crianças, procurando a origem daquela voz, até que viu o longo cabelo ruivo ao vento, ela estava ali.
A flauta branca caiu no chão e como se fosse atração magnética rolou até Netuniel que a pegou rapidamente e começou a tocar. Pólemos se aproximou da garota rapidamente.
_Violet - chamou a chacoalhando pelos ombros, mas ela continuava cantando com os olhos fechados, não iria acordar tão cedo, era assim que a musica funcionava.
O maior só conhecia um jeito pra fazer aquilo parar, possessão... Então, em um piscar de olhos, se fundiu ao pequeno corpo, lentamente os olhos da ruiva foram abertos e o corpo começou a despencar.
Áris saiu rapidamente do corpo da menor e a segurou pelo braço, a puxou fazendo-a se chocar contra seu peito, passou os braços em torno dela envolvendo a em um abraço que foi correspondido rapidamente.
_Onde estou?
_Em um lugar que nunca deveria ter conhecido - suspirou aliviado.
_Como cheguei aqui?
_Eu também não sei, vou te levar pra casa - sussurrou passando a mão pelos fios ruivos.
[...]
_Então todas aquelas crianças já estão mortas? - perguntou se sentando na cama.
_Provavelmente - o moreno deu de ombros - Por que tirou os protetores de ouvido?
_Eu não tirei - se levantou indo até o banheiro - Vou tomar um banho agora, esta quase na hora de ir para aquele inferno que chamam de escola.
_Como é?!
_Não quis dizer isso, é que escola é um lugar chato... Não que sua casa seja um lugar chato... É só que...
_Esta tudo bem - riu negando com a cabeça - Vou falar com sua mãe - saiu do quarto fechando a porta atrás de si, desceu as escadas e caminhou até a cozinha vendo a mulher preparar o café - Hm... Oi.
_Áris, oi - sorriu surpresa.
_Por que a surpresa? Sempre venho aqui.
_Opa, alguém esta de mau humor. Nunca mais falou comigo.
_Coisas pra fazer - deu de ombros se sentando.
_E quando você vem aqui eu não estou em casa.
_Como eu disse, coisas pra fazer - sorriu se servindo - Na noite passada dei um par de protetores de ouvido para Violet.
_Oh sim, ela dormiu usando eles, tive que tirar para ela não se machucar.
_Ficou maluca? - elevou o tom de voz - Por que fez isso?
_Se ela dormisse com aquilo ia acordar com os ouvidos doendo - fez uma cara confusa.
_Ela quase morreu, sabia? - se levantou rapidamente - Graças a você ela escutou aquela maldita musica e sua alma quase foi devorada.
_Que musica?
_A que eu estava tocando - parou por um momento para pensar no que havia acabado de dizer, Ísis não tinha culpa, só queria o melhor para a filha, de certa forma, Áris era o único responsável por tudo aquilo - A culpa é minha - sussurrou se afastando - Ela quase morreu por minha causa.
_Do que você esta falando? - e assim Pólemos simplesmente desapareceu determinado a mudar as coisas.
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