Garota forte

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Loki havia acordado há poucos minutos e percebeu que Madeline encarava o telefone com uma feição estranha que ele não conseguia entender o que era. Ela parecia estar em uma mistura de choque e preocupação e nem percebeu que ele a encarava com o cenho franzido em confusão. 

– Madeline? – chamou Loki. A garota parecia desligada do mundo. – Madeline, aconteceu alguma coisa? 

– Explodiram o meu apartamento. – ela finalmente respondeu, com a voz um pouco embargada. – Explodiram o andar inteiro, Loki, tem várias pessoas feridas e mortas. Tinha crianças no meu andar. – ela falou, largando o telefone no colo e passando as mãos nos cabelos e em seguida apoiando o rosto nelas, escondendo o rosto.

Desde que perdera sua família Madeline começou a odiar chorar na frente de outras pessoas. Na época, sempre a olhavam com pena e a davam atenção que, naquele momento ela não queria, fazendo perguntas desnecessárias e que só a fazia lembrar da tragédia. Se negava a chorar na frente de Loki, mas simplesmente não conseguia segurar. Tentava chorar silenciosamente, mas os soluços eram mais fortes do que ela gostaria que fossem. De repente, Madeline sentiu ser abraçada. 

A primeira reação dela foi arregalar os olhos e tirar suas mãos do rosto. Porém quando sentiu Loki apoiar o queixo no topo de sua cabeça e acariciar os seus cabelos delicadamente, Madeline decidiu apenas abraçá-lo de volta e simplesmente liberar toda a frustração e tristeza que sentia ali, chorando aos seus braços.

Loki não sabe porque fez aquilo, apenas sentiu que deveria e, quando percebeu, já estava sentado no braço da poltrona que ela estava, passando a mão em seus cabelos e tentando acalmá-la da forma que podia. Ela sempre o fazia ter atitudes que qualquer pessoa que o conhecesse achariam no mínimo estranhas ou até mesmo suspeitas. Mas naquele momento ele não se importava se alguém entrasse no lugar e o visse fazendo aquilo, se importava apenas com ela.

Mesmo que Madeline não soubesse explicar direito o que aconteceu em seguida, o momento a fez liberar algo em sua mente. Uma imagem surgiu para ela. Loki a abraçando gentilmente, assim como fazia naquele momento, e em seguida ele segurava seu rosto e depositava um beijo em seus lábios. 

A mulher ficou confusa. O que seria aquilo? Parecia… real. Porém não pode pensar muito naquilo naquele momento, pois em seguida Bucky Barnes entrou no local a chamando para ir até a sala de Fury. A garota se soltou de Loki, limpou as lágrimas e se levantou para seguir Barnes. Porém, antes de acompanhá-lo, foi até o asgardiano e tirou as agulhas que mantinham as medicações intravenosas dele.

– Você vem junto. – ela disse, colocando um algodão e uma fita no local. Antes de soltar o braço do mesmo, arrastou sua mão até segurar a dele e, tão baixo quanto um sussurro e sem conseguir olhar em seus olhos, disse: – Obrigada por… aquilo. – e virou as costas para ele, que a fitou andar até a porta e, depois de voltar a realidade, a seguiu.

– Não fala nada. – disse Madeline passando por Barnes, quando o mesmo começava a abrir a boca para comentar sobre a cena que acabara de presenciar. 

Os três seguiram caminho para a sala de Fury, Madeline caminhava pisando firmemente. Estava ainda mais determinada para encontrar quem quer que fosse a pessoa que estava atrás dela, não importava como.

Ao chegar na sala, Bucky abriu a porta deixando os outros dois entrarem primeiro e fechando a porta atrás de si em seguida. Sam Wilson já se encontrava no local e sorriu gentilmente quando viu Madeline mas em seguida ele o desfez ao ver que Loki os acompanhava.

– O que ele tá fazendo aqui? – Sam perguntou, cruzando os braços e encarando Loki de forma intimidadora. O asgardiano não se sentia nenhum um pouco ameaçado por ele e decidiu sustentar o olhar, com um sorrisinho, apenas para irritá-lo, sabia que o homem não gostava de si.

– Eu pedi que viesse. Prometi que ficaria de olho nele o tempo todo. É o que eu tô fazendo. – respondeu Madeline, sem paciência. – O que aconteceu lá? Já tem alguma resposta? – foi direto ao ponto.

– Já deve saber que foi o andar que você mora que explodiu, não é? – começou Fury, Madeline confirmou – Bem, por sorte, não acabou afetando os outros andares. Mas ainda assim tivemos algumas baixas, infelizmente. 

– Eu acho que o que ela quer saber é se sabem quem fez isso. – se intrometeu Loki ao perceber a reação quase imperceptível de Madeline com as palavras de Fury.

– É claro. – respondeu Fury, que percebeu o olhar de Loki na garota e, assim como ele, viu o que havia acontecido. – Nós tentamos falar com algumas testemunhas mas nenhuma delas viu qualquer coisa suspeita. Mas quando fomos dar uma olhada no local – ele arrastou alguns papéis em sua mesa em direção a Madeline – encontramos isso. Estava no seu apartamento e parece ter sido o foco inicial para explosão.

Os papéis mostrados a Madeline na verdade eram fotografias de seu apartamento. O local estava completamente destruído e cheio de cinzas e, no centro dele, havia algo parecido com uma versão bem menor de um canhão utilizado para dispersão de radiação. Madeline sabia o que era pois seus pais eram cientistas e faziam experimentos com raios gama e vita quando morreram.

– Como estão as outras pessoas? Elas foram muito expostas? – perguntou Madeline, encarando Fury completamente preocupada. 

– Aí é que está. Não tem nenhuma leitura de qualquer radiação. Foi um dispositivo usado apenas para deixar algum tipo de mensagem.

– Porque deixariam isso como mensagem? Aliás, como conseguiram colocar isso lá dentro sem ninguém saber de nada? – Madeline, além de brava estava confusa. Uma pessoa explodiu um prédio, matou pessoas, só para deixar uma mensagem que ao menos ela conseguia entender.

– Olha o que está escrito no canhão. – Fury disse, demonstrando que olhasse a próxima foto. 

– Silnaya Devushka Luchi... Raios da garota forte? – inicialmente Madeline não compreendeu, mas em seguida percebeu o que aquelas palavras significavam.

– Sobre como colocaram isso lá dentro, encontramos uns estudos antigos de um dos nossos cientistas da época de seus pais. É uma pesquisa inteira falando sobre o uso de controle de frequência de matérias para teletransporte. – ele entregou outros papéis para Madeline. – Nunca foi posto em prática aqui na SHIELD. Olha quem era o idealizador.

– Mikhail Ivanoff?! – Madeline leu, sentindo como se tivesse tomado um forte soco no estômago.

– Aqueles caras que te atacaram aquele dia tinham envolvimento com a HYDRA. Acreditamos que ele tenha se envolvido com eles também e conseguido colocar sua teoria em prática depois de ter se juntado com eles.

– Porque ele faria isso, Nick? Matou inocentes. Está atrás de mim.

– Raiva, frustração. – Fury apoiou as costas no encosto de sua cadeira. – Ele era o experimento original que deu as suas habilidades, Madeline. Mas não deu certo, a única coisa que ele ganhou foi um coma bem longo e muitas cicatrizes com aquela explosão.

– Tá legal, eu tô começando a boiar aqui. – interrompeu Sam. – Quem era esse cara? 

– E que lance é esse de habilidades e experimento? – perguntou Barnes. 

– Ele trabalhava com os pais de Madeline aqui na SHIELD. Eles se juntaram para tentar recriar o soro que deu as habilidades do Capitão América.

Loki, Sam e Barnes arregalaram os olhos ligeiramente em surpresa.

Lembranças de um passado esquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora