CHAPTER 13

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DIAS ATUAIS

O DIA NA FACULDADE FOI bem exaustivo. Mal terminou a manhã e eu já tinha dois trabalhos, um deles para entregar na semana que vem. O outro era bem mais complexo e se tratava de uma peça no qual teríamos que escolher uma história e pedir a participação de pessoas que não faziam parte do nosso curso. Era frustrante pensar que esses trabalhos não me renderiam nenhum dinheiro momentâneo e que, mesmo assim, eu precisaria perder o meu tempo para fazê-lo ao invés de fazer algo produtivo e que produzisse lucro. Eu não era uma materialista sem coração que só pensava em dinheiro, mas eu realmente precisava de grana.

— Eu odeio esses trabalhos de merda — resmungou Sarah, mordendo um pedaço da sua maçã enquanto apoiava o queixo na palma da mão — De que adiantam?

Comprimi um riso.

— Estava pensando a mesma coisa.

— Os trabalhos são importantes para o conhecimento, amor — comentou Will, que estava sentado ao lado dela — Eu posso te ajudar, se quiser.

Revirei os olhos, pensando que seria bom se eu tivesse alguém para me ajudar. Facilitaria muito as coisas para mim. Mas se eu precisasse de um namorado para isso, eu preferia ficar a noite inteira sem dormir só para fazer o trabalho sozinha. Já tive uma experiência completa de namoro e não gostei nem um pouco disso.

Stephen King disse que aqueles que não aprendem com o passado estão condenados a repeti-lo. Mas a verdade era que eu não queria ter cometido erros para começo de conversa. Tais erros, se não fossem cometidos, teriam me poupado muita dor.

— Isso seria ótimo, mas eu vou fazer o trabalho com Savannah. Quero só ver como vamos fazer aquela maldita peça do professor Jhon.

Mordi um pedaço do meu sanduíche no mesmo instante em que os olhos de Sarah e Will voaram para algo atrás de mim. Virei meu pescoço para ver o que era e notei que Kellan passou pela porta, com sua postura inexpressiva e confiante de sempre. Ele caminhou em direção a lanchonete, fez um pedido e relaxou seu cotovelo na bancada enquanto passeava os olhos pelo refeitório. Todos que estavam ali o encaravam com certo receio, como se ele fosse algum tipo de...monstro? Eu não sabia o que aqueles olhares significavam, só sabia que não era algo positivo. Era como se Rhys fosse repulsivo. E isso me irritou profundamente.

Eu sabia bem como era ser alvo daquele tipo de olhar. Eu sabia bem como era ser o foco de fofocas das quais nem sempre eram verdadeiras.

Deixei o meu sanduíche sobre o saco plástico que ele viera e me levantei. Caminhei a passos largos até Kellan, fazendo com que ele erguesse uma sobrancelha para mim. Me coloquei ao lado dele ao mesmo tempo em que o pedido dele ficou pronto. Era um copo de café. Kellan pegou uma nota de seu bolso e jogou na bancada, sem deixar de me encarar. Exibindo um pequeno sorriso, eu peguei sua mão vazia e entrelacei meus dedos nos dele, pedindo silenciosamente que ele me seguisse.

Kellan não protestou quando eu o guiei até a mesa em que eu estava sentada. Sarah e Matt me encararam com os olhos arregalados, mas não protestaram quando Rhys se sentou ao meu lado.

— Bom — comecou a falar Sarah, um dos cantos de seus lábios se arqueando em um sorriso gentil —, seja bem vindo a nossa humilde mesa.

— Obrigado — Kellan agradeceu, levando o copo de café até seus lábios.

Ninguém disse nada por um tempo, até que alguém decidiu quebrar o silêncio, mas não era da nossa mesa.

— Cuidado princesa — era uma voz masculina e, quando olhei para o lado, vi que se tratava de um dos garotos do time de futebol americano — Ele pode te matar.

TODOS OS PECADOS OCULTOS (VOLUME 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora