CHAPTER 10

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OS CORREDORES DA FACULDADE estavam lotados assim que coloquei meus pés para dentro do campus. Segurando firmemente a alça da minha mochila, que estava presa em um dos meus ombros, eu caminhei em direção a respectiva sala que eu teria aula. Mas devido a quantidade absurda de pessoas andando de um lado para o outro, eu simplesmente não conseguia enxergar os números das placas. Aquele já era o meu oitavo dia e eu continuava completamente perdida.

Peguei a grade de horários que a diretora havia me entregado no dia em que vim pedir minha transferência e olhei para o número da sala do primeiro horário pela terceira vez. Varri meus olhos pelo local, mas sem obter sucesso.

Assim que virei o corredor, trombei em algo grande e pesado. Ouvir uma risada curta foi o que me provou que eu não havia me chocado em um poste gigante. Quando ergui meus olhos, vi o homem do mercado a minha frente.

— Você está me seguindo? — ele indagou, erguendo arrogantemente uma sobrancelha para mim.

Rolei os olhos.

— Que pergunta estúpida. É claro que não estou te seguindo. Só tenho muita falta de sorte.

Brayden sorriu porque percebeu o sarcasmo escorregando em minhas palavras.

— Está perdida?

Suspirei, sem a mínima vontade de deixar meu orgulho vencer e negar o que já estava claro.

— Está tão óbvio assim? — indaguei.

— Estampado em sua testa — ele pegou o papel da minha mão e começou a ler — Sua aula é de Literatura Contemporânea?

Concordei com a cabeça enquanto Brayden fazia um biquinho de quem aparentava estar impressionado.

— Bom, a sala do professor Joshua fica bem ali — o homem apontou com o indicador para uma sala atrás de mim — É uma pena que não estejamos no mesmo curso.

Fiz uma careta ao imaginar nós dois no mesmo ambiente por mais do que cinco minutos e peguei o papel da minha grade de horários da sua mão.

— Eu não acho — murmurei — De qualquer forma, obrigado pela ajuda.

— Disponha, linda.

Quando eu abri a boca para dizer que não gostava desse tipo de apelido, Brayden já havia ido embora. Eu realmente detestava esse apelido e uma prova disso era o fato das minhas mãos terem se fechado em um punho, tão fortemente que as unhas perfuravam a palma das minhas mãos.

Suspirando, eu girei meus calcanhares e segui em direção a sala na qual Brayden havia indicado. Já tinham muitos alunos sentados, arrumando suas próprias mesas. Eu me sentei em uma das mesas vazias, na qual estava localizada no centro da sala. Era um bom lugar. Ao mesmo tempo que dava para enxergar a lousa e o professor, eu também estava a uma distância segura de evitar ser indagada por qualquer pergunta que ele, por ora, fizesse.

Percebi que o professor Joshua falava muito. Ele era um homem de meia idade, que logo notei que tinha um sentimento de amor e ódio por Romeu e Julieta. Segundo ele, Shakespeare não foi muito inteligente ao escrever o final trágico do casal. O professor parecia ser um cara bem pragmático e pelo pouco de tempo em que tive aula com ele não deu para não notar o quanto ele odiava drama.

Os minutos correram rápido e, quando me dei conta, o som estridente do sinal indicando que estava na hora de trocarmos de sala acordou do meu transe.

— Você é nova aqui, não é? — questionou a garota que estava sentada na minha frente, e que não parou de mascar seu chiclete por um segundo desde que a aula havia começado.

TODOS OS PECADOS OCULTOS (VOLUME 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora