— Você precisa fazê-la parar.Eu estava cuidando de Rosie há três horas e ela só parou de chorar por alguns minutos, antes que o barulho do motor de uma moto passando na rua a assustasse e a fizesse voltar a chorar. Deixei Kellan cuidando da bebê por alguns instantes para que eu pudesse buscar Ainsley no colégio. Eu sabia que ela não queria que eu fosse buscá-la, mas eu precisava de ajuda na biblioteca. Perguntei para Rhys se havia problema e dei graças aos céus por ele ter concordado em levá-la.
Eu achei estranho Tate ter saído do colégio com uma feição irritada e um tanto chateada. Mas ela logo respirou fundo quando me viu parada no estacionamento e abriu um sorriso fraco. Ainsley não questionou ou ficou brava por eu ter ido pegá-la e confesso que isso me deixou surpresa, mas evitei falar sobre o assunto.
— Eu não aguento mais isso — Tate voltou a resmungar, suspirando na cadeira atrás do balcão.
Por mais que eu tentasse chacoalhar delicadamente Rosie em meus braços, estava sendo quase impossível fazê-la parar de chorar. Eu não fazia ideia do que poderia ser. Saudade da mãe? Cólica? Fome?
— Com certeza está com fome — eu murmurei, olhando para a bebê — Quando foi a última vez que você comeu, huh?
— O que é que bebês comem? — indagou Tate, fazendo-me suspirar.
— Eu não faço ideia.
Pensando bem, aquela tinha sido uma péssima ideia. Só estávamos com Rosie por três horas e não fazíamos ideia de como acalmá-la, nem o que dar para ela comer. Ainsley tinha razão.
A porta da livraria foi aberta e um cliente passou por ela, observando curiosamente a cena. Ainsley olhou para mim e deu um suspiro, se colocando de pé.
— Leve-a lá para cima — ela disse, arrumando o balcão — Eu cuido dos clientes até ela acalmar.
Eu soprei um agradecimento para minha irmã e me apressei em subir as escadas. Sentei-me em uma cadeira e peguei a bolsinha que Harriet havia me entregado mais cedo. Ela colocou um papel com uma série de informações. Varri meus olhos até a parte da mamadeira, onde ela fala como prepará-la.
O problema era que não tínhamos microondas ou fogão para que eu pudesse esquentar o leite.
— Quer ajuda? — ouvi uma voz perguntar atrás de mim.
Quando me virei, vi Clarisse me encarando com um sorriso brincalhão nos lábios. Balancei a cabeça em concordância, não aguentando mais ouvir o choro histérico da bebê.
— Eu preciso fazer a mamadeira dela — eu disse —, mas não temos nada para esquentar.
Clarisse pareceu pensar por um momento.
— Bem, a casa de Kellan fica a três minutos daqui. E ele deixou a chave comigo, para caso precisássemos.
— Acho que precisamos.
Clarisse concordou comigo e me ajudou a levar a mala de Rosie até o andar debaixo. Avisei Ainsley que iria sair e que voltaria a alguns minutos. Clarisse não se importou em deixar Tate cuidando do caixa enquanto eu e ela saíamos.
A casa de Kellan ficava a exatamente três minutos da livraria, na mesma rua. Era uma construção grande, do mesmo estilo das outras casas ao lado. A cor bege da parede contrastava com o branco da porta, além de ter uma cadeira de balanço na varanda e um pequeno sofá. Ao lado ficava a garagem e, em cima, havia uma sacada, bem como um grande terraço.
Nós adentramos a casa, que era bem mais simples do que eu imaginava. À esquerda ficava a entrada da cozinha, havendo apenas um balcão de mármore para dividir o ambiente. A escadaria para o andar superior ficava um pouco mais no fim do corredor, à direita. Tudo ali era frio, distante, como se o dono não ligasse a mínima para decoração. Não tinha muitos móveis e, os poucos que haviam, eram escuros e sem muita personalidade. Era tudo tão prático e sem ousadia que eu poderia facilmente suspeitar que Kellan havia acabado de se mudar.
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TODOS OS PECADOS OCULTOS (VOLUME 1)
Romance"COM VOCÊ EU SINTO QUE NEM MESMO O CÉU É O LIMITE" Uma fera nem sempre é possuidora de uma aparência hedionda. Assim como um príncipe nem sempre é dono de um belo rosto. Savannah Skylar Aiden sabia bem que julgar pela aparência era errado. Ela, as...