CHAPTER 5

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ACORDEI BEM CEDO no dia seguinte. Não que eu quisesse, mas porque o meu despertador estridente e barulhento reverberou pelo ambiente e deixou Tate e eu extremamente irritadas. Nós demoramos para terminar de limpar tudo, já que a casa toda parecia estar um verdadeiro caos. E Magnus não fez questão alguma de nos ajudar.

Portanto, quando nos demos conta, já estava escuro e passado da hora do jantar. Meu pai nem parecia se importar com isso enquanto que Ainsley e eu tínhamos nossos estômagos protestando de fome. Então comecei a preparar a janta, às onze horas da noite. Tinha vontade de pedir uma pizza, mas nós com certeza não teríamos dinheiro para tal luxo. Por isso me contentei em fazer algo simples com as coisas que comprei do mercado.

E como consequência de ter demorado para dormir, meu corpo implorava para continuar na cama.

Argh — resmungou Tate, se virando para o outro lado do colchão enquanto eu estendia meu braço para pegar o despertador — Desliga essa coisa.

Revirei os olhos, apertando o botão de desligar e me levantei da cama. Quando percebi que Ainsley ameaçava voltar a dormir, eu peguei o lençol e o retirei bruscamente. Tate arquejou, encarando-me com uma feição irritada no rosto.

— Por que fez isso?

— Eu disse que iríamos fazer a matrícula no H.C. hoje, esqueceu? — questionei, coçando minhas têmporas — Quanto mais rápido irmos, melhor.

Ainsley soltou um resmungo alto e dramático, arrastando seu corpo molenga até a porta.

— Vou ao banheiro.

Assenti enquanto arrumava a cama, esticando o lençol e aprumando os travesseiros. Troquei de roupa, colocando algo simples e confortável, e me dirigi em direção ao banheiro. Assim que Tate saiu, eu adentrei o local que agora estava limpo e organizado. Fiz minhas necessidades e, ao terminar, caminhei até o andar inferior, para a cozinha. Meu pai estava com a cabeça encostada na mão, o cotovelo apoiado sobre a mesa enquanto ele parecia cochilar. Ao lado dele, estava um cantil de bolso, de cor acinzentada. Eu não precisava perguntar para saber do que se tratava. Ainsley não disse nada, apenas me olhou de esguelha em uma clara dúvida do que faríamos a seguir.

Eu suspirei.

— Vou fazer o café — murmurei, indo até a pia.

Ontem à tarde eu organizei as poucas panelas que Magnus tinha ali. Peguei uma leiteira e despejei a água do filtro, colocando-a no fogo para ferver em seguida. Observei o céu pela pequena janela e senti minhas costas estremecerem quando vi que começou a chover. O que era estranho, já que eu li em um jornal uma vez que na Califórnia era comum o céu permanecer sem nuvens durante o mês de setembro, que era o mês em que estávamos.

Pelo visto nem mesmo o tempo queria colaborar comigo.

Peguei os vazinhos de decoração, cujas plantinhas estavam quase morrendo, e despejei um pouco de água da torneira. Coloquei-as de volta na janela e voltei para a pia, a fim de fazer o café. Eu olhava de esguelha para meu pai uma vez ou outra, pensando se deveria retirar aquele cantil de perto de Magnus. Decidi pegar o cantil e abri-lo. Quando o cheirei, fiz uma careta ao perceber que eu estava certa. Aquilo era mesmo álcool.

Suspirando profundamente, eu joguei todo o conteúdo na pia. Eu sabia que era uma atitude ridícula, já que eu estava ali graças a ele, mas eu me recusava a deixar que Ainsley visse o pai naquele estado deplorável. Assim que o cantil ficou vazio, eu o joguei no lixo e voltei para o café. Coloquei um pouco para Tate e para mim. O barulho das cadeiras se chocando contra o piso quando nós as afastamos para sentar fez com que Magnus se sobressaltasse e acordasse.

TODOS OS PECADOS OCULTOS (VOLUME 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora