CHAPTER 18

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DIAS ATUAIS


AINSLEY ESTAVA APRONTANDO ALGUMA.

Percebi isso no momento em que contei para ela que eu precisaria que ela cuidasse de Rosie no teatro, enquanto eu ensaiava com meus colegas. Tate disse, muito secamente, que não poderia porque estava extremamente cansada. Eu precisei usar de todo o meu estoque de paciência para respirar fundo e praticamente implorar para ela me ajudar.

Ainsley era o tipo de pessoa que precisava ser convencida de que precisava fazer alguma coisa, algo que eu comecei a compreender com a convivência obrigatória com ela. E, se não fosse convencida, ela simplesmente não fazia.

Mas naquele dia, no momento em que ela adentrou na livraria um pouco mais cedo do que de costume, eu notei que ela ostentava olheiras profundas, apesar do tempo que dormiu. Ainsley havia dito, mais cedo, que não precisava de uma carona até o colégio e eu decidi não a questionar. Achava que eu estava sendo muito dura com ela esses últimos dias e percebi que, talvez, já estivesse na hora de eu dar um voto de confiança para ela. 

Contudo, o fato de suas roupas estarem amarrotadas, seu rosto ainda marcado pelo travesseiro e sua chegada um pouco mais cedo do que de costume, me levou a entender que Tate não havia ido para o colégio.

A viagem até o teatro não durou nem dez minutos e foi extremamente silenciosa. Eu não tive tempo de questionar Ainsley, se ela foi ou não ao colégio, porque precisava rever o texto da peça. Eu segurava dois marcadores de texto que peguei emprestado da livraria, de cores amarela e azul, e grifava as diferentes intenções de fala.

Haviam diversos personagens e os dividimos entre o grupo.

Sarah interpretaria Helena; chamamos o namorado dela, Will, para nos ajudar com a interpretação de Demétrio e Puck. Eu interpretaria Hérmia enquanto Kellan — após eu implorar muito — seria Lisandro. Agora só faltava alguém para interpretar Oberon, o rei dos elfos.

— Poderíamos pedir para seu primo — sugeri a Kellan, conforme ele estacionava o carro.

Kellan fez uma careta, como se a simples ideia de chamar Cassius fosse um absurdo.

— Não acho que ele iria querer.

Revirei os olhos, saindo do veículo com Rosie em meu colo.

— Se não encontrarmos alguém, terá que ser ele — afirmei.

Rhys não retrucou e o agradeci mentalmente por isso.

Se fosse necessário, nós dois teríamos uma discussão longa, porque eu precisava ganhar a nota máxima nesse projeto se não quisesse ficar retida na matéria. Kellan também precisava dessa nota, portanto eu acho mais do que justo que entremos em um acordo sobre o assunto.

Assim que passamos pelas portas duplas, logo notei uma pequena sala, com metade da quantidade de cadeiras que um teatro normal teria. A plateia ficava à frente do palco e, acima dela, as galerias. Nas laterais, no palco, havia duas cortinas azuis, que funcionava de forma manual. As cinco coxias ficavam nas laterais do palco e o teto era cheio de barras de metal, para pendurar partes do cenário e os equipamentos de luzes.

Na beira do palco tinha um fosso, que se tratava de um buraco no chão onde os músicos geralmente ficam.

— Ali atrás da plateia — começou a dizer Kellan — fica a cabine de luz e som.

O lugar não era tão grande, mas era o bastante para a apresentação do nosso projeto. Afinal nós não éramos estudantes de teatro.

— O que acha? — indagou Rhys, assim que passamos pelo camarim e adentramos no palco.

TODOS OS PECADOS OCULTOS (VOLUME 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora