Todos os Erros - Oliver Wood

Uma nova surpresa para Adrian

Ilíria acordou feliz no dia em que tudo deu errado.

Tomou um banho longo, lavou os cabelos escuros e passou hidratante no corpo. Se demorou escolhendo a roupa que iria usar em Hogsmeade, então botou mangas longas, uma meia calça grossa e um vestido quente que Adrian dera a ela. Ainda se lembrava do dia em que ganhara, ficara amolecida ao ver que ele escolhera algo nas cores do brasão dos Pucey, porque sabia que aquele gesto tinha importância para ele. Então ainda mais animada do que no início, escolheu um par de botas e secou os cabelos, se dedicando a fazer um delineado bonito. Se olhou no espelho cheia de satisfação, porque gostava do que via, e embora ainda fosse um processo relativamente novo para sua autoestima, se sentia bem.

O café da manhã foi igualmente alegre, deu um beijo simpático na têmpora do namorado ao ver que ele já estava comendo, então se entreteve em uma conversa com Heather enquanto devorava as rosquinhas açucaradas que estavam na mesa. Adrian a elogiara, segurou o queixo dela com delicadeza, observando o delineado longo antes de dizer que combinava com ela, além de ter parecido muito satisfeito ao vê-la usando o vestido que ele escolhera. Eram os pequenos gestos que a mantinham tão cativada, ele oferecia mais do que apenas uma relação, gostava de proporcionar a sensação de segurança, de cuidado, de ser amada, Adrian era estabilidade quando tantos anos de sua vida foram feitos de incertezas.

—Na frente do meu suco não, casal. —Heather implicou, rindo enquanto virava o copo na boca.

—E quem me garante que isso é mesmo suco? —Ilíria arqueou uma sobrancelha e a loira levou as mãos ao peito, como se a ferisse profundamente sugerirem que poderia estar bebendo em plena manhã. Então riu, sacudindo o copo entre os dedos.

—Você tem um bom ponto. —concordou, então ajeitou os cabelos para trás do ombro com tanta graça que alguns rostos se viraram para ela.

Costumava se sentir estranhamente incomodada ao ver alguém que resistia a olhá-la, mas aquela provavelmente era uma de suas coisas preferidas sobre o Pucey: ele não parecia minimamente atraído por sua figura, como se todos os encantos que usava não o afetasse. Ele nunca dera um segundo olhar para Heather, porque sempre foi  de Ilíria. Sorriu, contente por sua amiga.

Caminharam até a saída da escola, onde pegariam uma carruagem. Heather bateu o pé impaciente, chamara Oliver Wood para fazer companhia e ele ainda não estava lá. Haviam criado uma amizade um pouco estranha desde o dia em que ele a vigiara bêbada, e passara a achar até divertido matar seu tempo com alguém que não estava mais hipnotizado por sua beleza. Querendo ou não, Ilíria e Adrian eram um casal e gostavam de passar um tempo a sós, quando viu já havia convidado Oliver para um passeio livre de flertes e cavalheirismo, talvez comessem doces e bebessem cervejas amanteigadas.

—Ei, oi! —cumprimentou se aproximando, o sotaque escocês escapando por entre os ofêgos.

—Olá, Oliver Wood. —as garotas responderam ao mesmo tempo, descobriram poucos dias antes que o grifinório achava um pouco apavorante quando falavam juntas, então vinham fazendo isso continuamente. Riram vendo a careta dele.

—Oi. —Adrian e Oliver tinham uma relação mais de tolerância do que de amizade, Heather assistiu como, automaticamente, os dedos do sonserino se apertaram um pouco mais nos de Ilíria.

Subiram na carruagem, conversando tranquilamente enquanto ela se deslocava até o povoado próximo, foi quando já estavam prestes a chegar que o assunto se tornou as detenções que já tiveram.

—A última de Ilíria foi há meses. —Heather lembrou, a morena encarou o namorado com o canto dos olhos antes de soltar um:

—Culpa de alguém. —Adrian não se abalou com a declaração.

—Por nada. —estalou.

—Se eu soubesse que teria um monitor particular… —suspirou com tristeza, fazendo ele rir da falsidade dela, sabia que não estava arrependida.

—Você deveria ter um monitor particular. —pontuou. —Nunca vi tanta determinação para arrumar um problema.

—Eu estou precisando de muita uma vez que você não me deixa fazer isso. —Oliver lembrou de uma vez em que vira o Pucey a carregando para longe da confusão.

—Qual foi sua última detenção? —Adrian mudou de rumo, curioso.

—Floresta Proibida com Wood, Flint e Jones. —respondeu simples, o sonserino a olhou meio chocado, como exatamente poderia se meter em uma confusão entre três casas diferentes? Só faltava um lufano. —Tá achando que eu briguei com os três, não é? Só com o Jones, eu esperei para discutir com os outros depois.

—E por que brigou com ele? —perguntou interessado, mas o silêncio passou entre as duas garotas, como se tivessem dificuldade para dizer aquelas palavras, então Oliver explicou.

—Ele a chamou de mestiça imunda. —não se esqueceria disso.

A primeira reação de Adrian foi a surpresa, então moveu o rosto de um jeito tão estranho que o grifinório ficou aliviado por Ilíria não estar olhando. Quando abriu a boca novamente, sua voz era quase robótica.

—Você é mestiça? —a palavra escapou de sua boca com desconforto, mas ela não parecia ter percebido quando se virou para ele.

—Sou, não sabia? —Ilíria continuava normal, o problema era que Adrian não.

Estava óbvio em seu rosto que não sabia disso, e quando a expressão de Ilíria se desmanchou um pouco, se dando conta do que estava acontecendo, ele fez força para engolir o nó em sua garganta e puxar seu rosto para uma neutralidade desconcertante.

—Não. —parecia estar há dias sem beber água, o clima se tornou quase palpável de tão pesado, ainda assim ele passou os dedos devagar pelo ombro dela, tentando oferecer algum conforto. Odiou o jeito como os olhos dela pareciam machucados, mas não esperava por isso.  —Nós conversamos depois. —ofereceu.

Ilíria se manteve em silêncio, e quando a carruagem finalmente parou de se mover, foi a primeira a se lançar para fora dela. Correu para longe, sem esperar nenhum deles, estava confusa e magoada. Adrian suspirou, indo atrás dela.