Questo potrebbe essere amore

Inizio

Inesperadamente sofremos um balanço emocional, como cair de bicicleta quando se tinha total noção de equilíbrio, você se vê entre os segundos que te mantém longe do chão e por um instante seus joelhos estão ralados e um choro reprimido ecoa do fundo da sua alma.
Este, é seu preparo para a vida. É é, tudo que você terá dali em diante.

  Nessa história você não terá de início um fim trágico, pais mortos num acidente, separação, bom, na verdade eles já estão separados mas tudo bem, a vida tem tanto disso.
Minha mãe se casou novamente, com Christofer, um espanhol aventureiro foi o grande feito da sua vida, eles combinam como coisas feitas para serem vistas unicamente juntas. Isso é bom.
Eu não sou uma adolescente deslocada e sem amigos, não que isso me torne menos deprimida mas eu tenho para quem recorrer, aliás, me chamo Nicole, Nicole Rovanni Swan, e essa é a minha história, ou como tudo acabou, você pode se decidir no final.

                              ***

Acordei em pleno sábado às oito da manhã, dessa vez mesmo que eu pretendesse, eu não poderia passar mais que um minuto a mais na minha cama ou me atrasaria para a viagem.
- Nic? - ouço batidas na porta.
- não se preocupe, já acordei mama.
- posso entrar?
- é claro - me sentei na cama.
- tudo bem mesmo pra você ir pra lá?
- é claro, tenho idade o suficiente e responsabilidade, do contrário você jamais permitiria tal ato - ela sorriu despreocupada - e a faculdade acabou, preciso por em prática tudo que aprendi, vai ser bom pra ambos.
- Charlie vai te levar ao aeroporto, sabe que odeio despedidas. - Charlie era meu irmão mais novo.
- Chris já separou os documentos da empresa? fiquei tão ocupada com minhas malas que me esqueci completamente.
- já sim, ele reservou uma mala extra só para isso.
- bom, então só me resta um bom banho antes de deixar este lar incrível e quentinho.
- aproveite a neve, aliás, Pauline ainda mora por lá?
- eu não sei, pelo que me lembro ela estava na França mas podemos descobrir.
- okay, não queria que ficasse sozinha naquela casa.
- não se preocupa, ficarei bem - a abracei e me arrumei enquanto ela preparava meu café.
Eu me vi, naquele espelho borrado pelo vapor, totalmente desesperada, quantas perguntas me agonizariam até que eu finalmente embarcasse?
Eu não estava fugindo mas era exatamente esse sentimento que me preenchia. Fugir. Mas do que  fugir quando tudo a sua volta lhe agrada? é cômodo e confortável?
Para que tanta angustia se todo o mundo estava girando em torno de você?
O que lhe falta quando se já tem tudo?
  Me causava calafrios pensar que seria um último café da manhã juntos, que o próximo sabe se lá quando iria acontecer, todos estavam ali mas o silêncio se fez mais presente que a própria família. Eu tinha um grande compromisso nas mãos e isso me apavorava, é claro que eu não demonstraria, eles precisam de mim e eu não poderia falhar, não novamente.
Foi uma despedida digna e como todas as outras despedidas que acontecem pelo mundo, abraços e promessas de futuro, "logo estaremos todos juntos" e assim se encerra meu destino em Nova York.
- se cuide lá, não esqueça de resolver os problemas - Charlie me abraçou.
- você é o sem juízo dessa família mas como você deliciosamente observou, é uma viagem de negócios, nada surpreendente ou inimaginável.
- mande um abraço pra Pauline caso veja ela.
- quem sabe eu escreva sobre esse amor infantil e platônico pela vizinha que você só via nas férias de inverno.
- você é patética - falou rindo.
- é normal estar completamente assustada? eu já passei tantas datas naquela casa mas vocês sempre estiveram lá, isso é tão estranho.
- não faça drama Nic, existem meios de comunicação, você não está se mudando pra outro século, é só - ele fez uma pausa - umas 15 horas de distância e um oceano.
- você é inacreditável.
- vai dar tudo certo, confie em mim!
- okay... - respirei fundo, meus minutos ali haviam acabado, o vôo foi anunciado e fui para área de embarque.

Coloquei meus fones e me ajeitei no banco do avião.
tappa successiva: Crema