O23. cowardly excuse

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Eu continuava me lamentando sobre a cintura da garota, enquanto minhas lágrimas caíam involuntariamente e sem pausa, e eu não me esforçava para interrompê-las.

— Eu podia ter evitado tudo isso. — solucei — Sou tão diferente quando não estou com você, xuxu... Descobri um outro eu, e não fui muito com a cara dele. — nasalei um breve riso — Ele é ranzinza, mal sorri. Chora toda noite e frequentemente tem crises, passa o dia inteiro soltando fumaça pelos lábios, torcendo para que o cigarro leve seus pulmões o quanto antes, já que ele não consegue se livrar por si próprio.

Em outras palavras, Mi, voltei à ser o Felix que você não conheceu. Apenas voltei à ser eu, o eu sem você.

Limpei minhas lágrimas e me ajeitei na poltrona próxima da maca, agora pousando minha mão sobre o rosto flácido da Yang, acariciando-o serenamente enquanto apreciava cada detalhe de seu rosto fino.

— Se não tem mais tantos motivos para acordar, acorde para trazer aquele Felix de novo, hm? — eu sugeri calmamente — Sinto tanto a sua falta, pequena... Tenho mentido pra mim achando que sabia o que era melhor para nós, mas já percebi que foi a desculpa mais idiota que alguém poderia fazer.

— Engraçado, precisou vê-la internada para isso. — Lisa, a amiga de Mi, adentrou o quarto gélido.

A morena se direcionou tranquilamente até a cômoda que havia ao lado de uma poltrona bege, ali, depositando uma garrafa de café que parecia ter feito agora. Lembrei que anteriormente o balconista havia dito que Rhee era a responsável por Mi, provavelmente estava com a garota desde o começo da internação.

Eu apenas limpei minha lágrimas e me recompus, me sentando normalmente na poltrona de couro.

— Foi estúpido largá-la no momento que estava. Sabe disso, não? — a garota me olhou com seriedade.

Eu soltei um longo suspiro.

— Quando descobri já era tarde demais. — disse cabisbaixo.

Lisa negou com a cabeça, esboçando nitidamente sua insatisfação.

— YongBok, ela queria se matar. — ela disse em tom bruto — Não contou para ninguém sobre a doença, fui descobrir sobre o câncer ontem, três minutos antes de ela ir às pressas para a sala de cirurgia. — soltou ar pelas narinas, e encarou a amiga que dormia profundamente.

Eu apenas reprimi meus lábios, já me sentia culpado o suficiente e ouvir tudo isso só machucava mais.

— Os médicos disseram que ela estava fazendo de tudo para o tumor crescer, além de ter parado de tomar os medicamentos. — uma lágrima solitária pairou pelo rosto da jovem, enquanto a mesma acarinhava lentamente o cabelo da amiga — Nunca tinha a visto assim. Convivi minha vida inteira ao seu lado, e nunca a vi fraca desse jeito.

— Sei que a culpa é minha, Rhee, acredite. — eu funguei com o nariz, olhando para o lado oposto de ambas, escondendo minhas lágrimas.

— Ótimo. — ela enxugou as próprias lágrimas, me olhando com fúria — Agora pode me dar uma boa explicação para largar a única menina que se jogaria de uma ponte por você?

— Essa é a questão. — eu murmurei à contragosto — Se jogaria de uma ponte por mim ou por minha causa? — olhei nos olhos da acastanhada solenemente.

A mesma apenas soltou uma rápida risada sínica, me olhando com fascinação.

— É isso, largou ela por peso na consciência?

— Ah, sim, eu seria idiota a esse nível. — ironizei em uma risada nasalada.

— Já é idiota só pelo fato de ter deixado-a. — ela respondeu impacientemente — Felix, não preciso te dizer o quanto Mi é única! É o tipo de garota que se acha de um em um milhão, e você simplesmente deixou-a com um pouco de lágrimas e "vai ser melhor pra nós". — disse com cinismo, dando uma rápida gargalhada em seguida.

𝓢𝗎𝗇𝗌𝗁𝗂𝗇𝖾, 𝗹𝗲𝗲 𝗳𝗲𝗹𝗶𝘅.Onde histórias criam vida. Descubra agora