Agora fazíamos o caminho de casa à pé, aproveitando o clima estável da noite e a lua que se amostrava sorrateiramente no céu, já que algumas poucas nuvens cobriam sua luz pálida. Mi dizia que sempre quis andar por aí de mãos dadas.
— Lix.
— O quê, xuxu?
— Sabe qual o problema dos humanos? — ela perguntou com simplicidade, encarando nossos pés caminhando.
— Hmm, qual é? — fitei-a com dúvida.
— Não sabemos aproveitar as coisas por muito tempo — ela respondeu, e eu permaneci fitando-a, buscando sua continuação — Vamos supor que ganhamos algo que sempre quisemos.
— Certo.
— No primeiro e segundo dia, ficamos alegres com isso. Acordamos esses dois dias eufóricos e ansiosos. Já no terceiro dia, achamos que devemos nos acostumar com aquilo, que a euforia e ansiedade deve passar e temos apenas de nos acostumar com o sonho realizado.
Enquanto a garota contava mais uma de suas reflexões repentinas e guias da psicologia, eu escutava-a atentamente e pensativo.
— Não tínhamos que ter a força do hábito — ela comentou com decepção — Por que não ficar eufórico e valorizar todos os dias que ganhou o que quis por tanto tempo? Por que não ser grato e valorizar todos os dias por nossa saúde, coração batendo, nosso sorriso ou nossas lágrimas, nossa respiração e piscar de olhos?
— Hmm, realmente — eu sacudi a cabeça levemente em confirmação — Não somos gratos pelo que temos.
— Sim, temos o hábito de nos acostumar e isso é um erro — ela proferiu exclamativa — Ás vezes, dizemos que estamos tristes porque nos acostumamos com a felicidade! Pois pouco a pouco, algo que era bombástico acaba se tornando apenas algo...
— Woah, realmente, Mi. Se soubéssemos valorizar melhor as coisas, creio que não haveriam momentos tristes — eu disse pensativo — Mas aonde quer chegar, xuxu?
— Bom, quero dizer — a morena parou de andar, assim que chegamos em frente ao condomínio — Como podemos chegar aqui e entrar como se nada tivesse acontecido?
— Oh, nos acostumamos.
— Você lembra o tanto de emoções e sentimentos que se passaram aqui? — a Yang perguntou com simplicidade, encarando o local de ponta-a-ponta — Vamos começar lá do início, quando veio comer o kimchi que eu deveria ter comido com meu pai. Angústia, medo e solidão era o que sentíamos naquele dia.
— Ou como no dia em que fomos pro alto da montanha, apreciar a vista de cima e logo depois passamos aqui para buscar sua mochila — eu citei com um sorriso pequeno — Eu já estava apaixonado.
O dito fez com que Mi sorrisse e entrelaçasse sua mão à minha com afeição.
— Namoramos aqui, mas também nos despedimos aqui. E agora, cá estamos de novo — a menor sorriu entreaberto — Sabe onde quero chegar, Lix?
Com sua pergunta, apenas tombei minha cabeça para o lado esquerdo enquanto fitava a mais nova, esperando continuidade.
— Não vamos nos acostumar, pode ser? Quero acordar eufórica e valorizar todos os dias por te conhecer, por ter seu sorriso e por ter você ao meu lado — a garota fez uma breve carícia em minha mão que estava interligada à sua — Não vamos nos acostumar com a felicidade, certo?
— Pode deixar, xuxu — eu sorri em confirmação — Hmm, e se criássemos outro sentimento para ser valorizado aqui?
— Hm?

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𝓢𝗎𝗇𝗌𝗁𝗂𝗇𝖾, 𝗹𝗲𝗲 𝗳𝗲𝗹𝗶𝘅.
Romansa.⠀ (⠀ 𝓞𝗇𝖽𝖾 𝗈 𝗌𝗈𝗅 ⠀) 𖡎 ˚ ִֶָ 𝗀𝖺𝗌𝗍𝖺𝗏𝖺 𝗉𝗈𝗎𝖼𝗈 𝖽𝖾 𝗌𝗎𝖺 𝗅𝗎𝗓 𝗍𝗈𝖽𝗈 𝖽𝗂𝖺 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐥𝐮𝐦𝐢𝐧𝐚𝐫 𝐬𝐮𝐚 𝐚𝐦𝐚𝐝𝐚 𝐥𝐮𝐚; 𝐘𝐀𝐍𝐆 𝐕𝐈𝐕𝐈𝐀 𝐒𝐎𝐑𝐑𝐈𝐍𝐃𝐎, 𝗃𝖺́ 𝖿𝖾𝗅𝗂𝗑 𝗆𝖺𝗅 𝗌𝖺𝖻𝗂𝖺 𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗋...