Number 21

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As 3 mulheres sentaram-se em um dos sofás, ficando de frente a Madalena que sentava em sua poltrona favorita, Márcia ainda de pé caminhava com a mão na cintura de um lado para o outro da sala, Gizelly estava com as mãos dadas, sentiu um afago nas costas do lado de sua sogra e um beijo no ombro do lado direito da sua namorada.

_ Márcia senta.- disse Madalena.

_ Eu não consigo,eu não acredito que depois de tudo Gizelly volte como de nada tivesse acontecido.

_ Mãe eu sei que eu errei mas eu vi aqui pedir perdão.- Gizelly levantou ficando de pé enfrente a mãe.

_ Você acha que perdão vai solucionar algo? Acha que o perdão vai me trazer as noites de sono que eu perdi por tua culpa? Tu acha que pedir perdão vai amenizar as dores aqui.- apontou pro coração.- E as sequelas aqui-apontou pra cabeça.- Você tem noção de como ficamos depois disso tudo Gizelly?

_ Não, eu não tenho noção mãe.

_ Lógico que não tem.- Márcia virou-se de costa.- Enquanto eu morria por tua culpa, por um capricho teu, você tava lá curtindo a vida, bebendo, vivendo a vida que você sonhou.

_ Mas eu não estava vivendo a vida que eu sonhei.

_ Lógico que não Gizelly, uma vida dessas com pecados não é vida.

_ Não teve uma noite que não pensei em vocês, não teve uma noite a qual eu não tenha deitado e rezado por vocês, não teve um dia se quer que eu não tenha sentido saudades. - suspirou abaixando a cabeça.- Eu errei mãe, errei em ter fugido, pois deveria ter enfrentado os meus medos e saído por aquela porta de cabeça erguida. O meu arrependimento é de não ter mostrado que eu precisava ser eu, de seguir com o que eu queria.

_ Você se perdeu Gizelly, você se desvirtuou, largar de ter uma vida normal pra viver essa vidinha aí de...

_ De que mãe, fala... De sapatão? Como falei o meu único arrependimento é de ter fugido e não ter enfrentado e mostrado que o fator de gostar de mulheres não me fazia diferente.

_ FAZ SIM GIZELLY.- Gritou Márcia batendo as duas mãos na parede assustando todas ali.

_ Marcinha.- disse Madalena, que ia levantar mas foi impedida por Gizelly.

_ Eu sou a Gizelly mãe, sua filha, a neta da vó Mada, aquela menina que aprontava por todos os cantos desse local, a que estudava, a que queria curtir, a que fazia vocês sorrir, a que corria, que palestrava, que errava, se machucava, sorria. Ainda sou eu mãe a Gizelly, a sua filha. - Os olhos de Gizelly e Márcia agora estavam fixo um ao outro, marejados.

_ A minha filha não tinha medo de mim, era me amiga e não me abandonaria, eu sinto falta de quando eu pudia cuidar daquela menininha sapeca, mas que me obedecia, que eu cuidava quando caia, quando tava doente.

_ Mas eu cresci mãe, uma hora eu teria que seguir minha vida o meu erro foi ter fugido e não te mostrado que a minha escolha não interferiria na minha personalidade, eu ainda sou a Gizelly.- a voz agora embargada, Gizelly respirou pois ela precisava ser forte.- Eu senti falta do amor de mãe, eu passei por situações complicadas onde tudo que eu só queria era o colo da minha mãe e da minha avó. Eu tive crises piores de depressão nos primeiros meses lá em São Paulo, mas eu lembrava sempre do que vocês me falavam quando eu sentia fraca e tinha vontade de me machucar. Como falei, acabei sendo traída, mas eu ergui a cabeça e segui, o destino brincou comigo onde através de um erro eu conheci a Rafaella, onde somente o erro foi o número, mas ela pra mim é a pessoa certa. Graças a ela eu me ergui e hoje eu tenho condições e reconhecimento no meu trabalho. Eu só não sou mais completa por que eu não tenho vocês ao meu lado...- agora as lágrimas lavavam o rosto da capixaba e das demais.- O fato de amar uma mulher não me faz ser menos humana mãe, o fato de eu ser mulher não me faz ser um monstro. Eu sou eu, a sua Bilu mãe, a menina que lhe viu passar por todas aquelas péssimas situações com meu pai. - deu dois passos tocando o rosto da mãe que agora lhe encarava.- Eu te amo mãezinha, eu tô feliz, eu sou feliz, eu sei que é difícil aceitar tudo de uma vez, me perdoar pelo que fiz, por fazer vocês sofrerem não é simples assim, mas eu amo vocês, sinto falta e preciso de vocês pra ser completa.

The Wrong NumberOnde histórias criam vida. Descubra agora