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Acordei horas depois com uma movimentação grandiosa dentro do quarto. Abri os olhos e vi vários médicos e enfermeiros ao redor da cama. Pude ouvir apitos frequentes alertando a frequência cardíaca do meu avô. Olhei para o monitor e sua saturação estava muito baixa.

Me levantei e saí do quarto já sabendo do quê se tratava. Fiquei atrás da porta de vidro olhando tudo.

Ele estava tendo um ataque cardíaco.

Começaram a fazer a massagem cardíaca de forma manual, fazendo pressão em seu peito por segundo, mas os batimentos ainda estavam muito baixo. Como previsto, eles ligaram o desfibrilador fazendo logo a primeira tentativa. Mas não resultou em nada. Duas, três, quatro, cinco vezes. Quando achei que não teria mais solução, na sexta ele voltou. Um enfermeiro colocou a máscara de oxigênio contra sua boca o ajudando na respiração. Fizeram uma aplicação do medicamento e trocaram o soro.

Logo o médico responsável veio até mim anotando algo no seu formulário médico.

— Você é a acompanhante do paciente John manoban? - perguntou o homem.

— Lalisa manoban, neta dele.- estendi minha mão em um cumprimento.

— Deve está assustada pelo o que viu aqui imagino.

— Não, estou acostumada. Sou médica e faço isso diariamente.

— Menos mal! Assim você entenderá o que vou falar agora.

— Qual o estado dele?

— O senhor manoban está em um estado muito delicado! O Alzheimer afetou bastante seu estado cardíaco pela limitação de não conseguir mais andar. Vai chegar um momento que ele não vai mais aguentar a reanimação por já está bastante debilitado. Ele já é um senhor de idade e você deve ter uma noção de como a doença afeta em uma fase avançado.

Suspirando alto, senti meu coração arder.

— Tenho uma certa noção, sim.

— Desculpe perguntar, Mas qual área a doutora trabalha?

— Sou médica generalista, mas atuo somente na pediatria geral.

— Então deve saber o que devemos fazer nessa questão, certo?

— Sim. Mas peço que espere meus familiares chegar, então vindo da Califórnia ainda hoje.

— Como você quiser. Quando os familiares chegarem venho para termos uma conversa. Agora preciso atender outros pacientes, me dê licença.- disse e saiu.

Me sentei na cadeira logo atrás e comecei a chorar. Era agoniante a sensação de que temos que deixa-lo ir. Mas a dor de que a partir desse momento não poderei mais vê-lo, nem ansiar por sua melhora a cada dia. Ele já é um senhor de oitenta e oito anos, não podíamos mais cobrar tanto do seu físico já cansado pelo tempo. Mas ao mesmo tempo pensava na minha vó. Com seus setenta e oito anos, que passou a vida inteira ao lado do homem alto de olhos claros. Só de imaginar a tristeza dela me deixa de mãos atadas nessa questão.

Me ajeitei melhor no banco, peguei meu celular e disquei para rosé que atendeu no primeiro toque.

- Rosé?

- Oi, o que houve? Aconteceu alguma coisa?

- Está tudo bem agora. Ele teve parada cardíaca uns minutos atrás mas já está estável novamente.

- Meu deus!- a ouvi fungar.

- Eles já chegaram?

- Já! Estou me arrumando para irmos até aí.

The brunette of the book - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora