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Dylan Rodriguez

Tenho que admitir que estou bastante impressionado com o trabalho do Noah, eu sabia que ele estava empolgado com a festa mas não esperava que fosse tão extravagante e grandiosa. Eu não sei qual é o problema do Noah e da Melissa, é claro como as águas cristalinas que são loucos e apaixonados um pelo outro, no entanto ainda não disseram um ao outro o que sentem e continuam nisso de melhores amigos. Apesar de isso de estar apaixonado ser uma treta, como é que é possível gostarmos tanto de alguém a ponto de fazer tudo por essa pessoa? Não me levem a mal, só não acredito nisso. E qual é a vantagem de ter uma mulher se posso ter várias?

São estes os pensamentos que me ocorrem, enquanto devoro a rapariga loira à minha frente, com um vestido verde tão colado ao corpo como se fosse uma segunda pele. No centro havia pessoas a dançar e fui convidado por ela, para uma dança. Já não me divertia assim desde que os treinos da ADE se tornaram mais severos e exigentes devido ao que lhes aconteceu...

-Amanhã os meus pais vão viajar e temos a casa só para nós- odeio ter que acabar com as esperanças dela, mas eu nunca repito o mesmo prato duas vezes.

-Ok, eu ligo-te depois.

-Vais mesmo ligar ou isso é só garganta?

-Acho que já sabes o tipo de- sou salvo desta conversa por uma voz familiar:

-Ajuda, precisamos de ajuda!

Assim que me virei para trás, paralisei. Ela tinha um ar assombrado e exausto enquanto vinha acompanhada por duas pessoas e carregava outra. A Melissa passa por todos os convidados como um raio, troca algumas palavras com a Maya e passado um tempo dirige-se lá para fora com o Noah e com essas "duas pessoas" que só agora percebi serem os seus primos.

A Maya pousa o corpo de um rapaz no chão e começa a chorar baixinho enquanto desamarra o casaco que está à volta da perna dele. Ela pede a alguém que lhe traga um kit de primeiros socorros e começa a tratar do tal rapaz, o que é uma tarefa impossível visto que ela não para de tremer e de chorar. Se ela continuar assim, ainda desmaia ou o magoa mais, ou os dois.

-Ok malta, peço que saiam e voltem para as vossas casas, a festa acabou- só depois de ter falado é que me apercebi das minhas palavras. Já não há volta atrás, penso enquanto evacuo toda a gente da festa. Após todos terem saído, aproximo-me deles para ver o que se passa de mais perto.

-Obrigada- ela sussurra e olha para mim com a gratidão explícita nas suas belas faces. Eu desvio o olhar e tiro-lhe a mala de primeiros socorros da mão. Começo a tirar os materiais para tratar do rapaz. Quando olho para ele, levanto-me de um salto e largo o kit que cai no chão com um grande estrondo.

-Dylan, o que foi? Eu sei que o rapaz está em mau estado e que o devia ter levado a um hospital, mas ele recusou e disse para o trazer aqui, acho que o irmão dele estava nesta festa mas tu mandaste todos embora e o irmão dele pode ter ido- ela começa a debitar um monte de palavras tão depressa que quase não a consigo acompanhar.

-Tienes que calmarte ( Tens que te acalmar), o irmão dele está mesmo à tua frente.

-Mon Dieu! Porquoi tu n'as pas dit avant? (Meu Deus! Porque não disseste mais cedo?)- ela grita num francês agressivo e eu começo a rir, porque apesar de não ter entendido nada foi muito engraçado.

-O que é que estás para aí a dizer?- pergunto e ela olha para mim com uma expressão irritada.

-Nada, o que é que fazemos agora?

-Quebramos as regras- com toda a certeza vou ser expulso da ADE , mas é a vida do meu irmão em jogo e eu prometi protegê-lo custe o que custar.

-Só um à parte, que regras? E segundo sei, as regras existem para serem respeitadas- ela olha para mim com um ar desconfiado.

-Primeiro, não te diz respeito que regras são. E segundo só se vive uma vez, Miss Certinha- respondo com um sorriso sarcástico.

-A partir do momento em que fui envolvida nesta treta, tenho o direito de saber o que se passa e aonde vamos- o tom de voz dela era autoritário e confiante. Aproximei-me dela e olhei-a nos olhos:

-Maya vais ter de confiar em mim e eu em ti. Tudo o que vires e descobrires é secreto e vais ter que o manter assim, estou metido em maus lençóis se alguém descobrir que lá estiveste e acima de tudo não podes contar a ninguém- nem acredito que vou fazer isto.

-Eu prometo guardar o teu segredo, podes confiar em mim- ela segurou-me nas mãos enquanto falava, mostrando-me a veracidade das suas palavras. Sem perder tempo, corro com a Maya no meu encalço até o carro, ela paralisou a meio do caminho.

-Dylan, não sou capaz de entrar num carro, não depois do acidente- ela olha para mim desesperada e com o medo a trespassar-lhe o rosto.

-Maya, tu consegues. Livra-te dos teus medos, só assim conseguirás passá-los. Estou aqui contigo e não deixarei que nada te aconteça- peguei-lhe suavemente na mão e abri a porta do carro. Ela respirou fundo e entrou, deixando os seus medos para trás.

****

-Bem vinda à ADE, a Academia de Espiões mais eficiente e secreta do mundo. Este é o centro de treinamento nos Estados Unidos, localizado em New Orleans. Existem mais três localizados em: Lisboa, Florença e Marselha. Como podes observar é espalhado pelo mundo, porque os fundadores da Academia pertenciam a cada país. Atualmente é gerida pela D. Madalena, que por coincidência ou não é quem gere a escola- fiz um breve resumo do grandioso edifício à nossa frente. Para meu espanto a Maya começou a rir e olhou para mim como se eu fosse idiota.

-Estás a dizer-me que existem agentes secretos e que a diretora e gerente da escola, é quem gere a ADE. Quanto é que bebeste na festa da Melissa? - ela pergunta com uma expressão cética.

-Estou a dizer a verdade, quando entrares verás, lembraste da camisola do Enzo com aquelas letras? Todos os agentes têm uma, ele estava em uma missão quando foi alvejado, por sorte tu encontraste-o. Temos uma ala hospitalar lá dentro, vamos leva-lo para lá, para que o possam analisar- eu explico rapidamente, enquanto abro as portas e espero pelo elevador. Ela olhava absorta para mim e para o hall de entrada. Assim que o elevador abriu, levei o Enzo para a ala hospitalar e deixei-o com os médicos. Até agora ninguém tinha reparado na Maya, o que me facilitava a locomoção no edifício. Estávamos a descer as escadas, quando uma voz um quanto familiar nos interrompe:

-Dylan, que raio é que estás a fazer? Trouxeste alguém estranho para a academia? Tu sabes que essa é a regra mais sagrada, e acabaste de a transpor- a Maya esconde-se atrás de mim por instinto.

-Mya, eu posso explicar. Agora baixa o teu tom de voz, não quero ser expulso- digo-lhe enquanto olho à minha volta para me certificar que ninguém ouviu.

- Espero bem que tenhas um bom motivo- respondeu ela, analisando a Maya e olhando-a de alto a baixo.

-Eu não queria arranjar confusão, só queria ajudar o Enzo. Peço desculpa, Mya não é? - a Maya questiona hesitante.

-Mya De Angelis, e tu quem és? - pergunta a Mya ríspida, olhando fixamente para a Maya.

-Maya. Moretti. Sou a Maya Moretti- a Mya arregala os olhos ao ouvir o nome da Maya e olha para mim, em busca de confirmação. Eu aceno com a cabeça, já sabendo no que ela estava a pensar. Moretti, ela é uma deles.

E agora eu tinha a certeza disso.

Spy GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora