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Hello, hello! Ando desaparecida, mas aqui têm mais um capítulo.😝

Dylan Rodriguez

Estava a discutir uns detalhes estratégicos com o Richard, o nosso treinador principal, quando o meu telemóvel tocou. A princípio ignorei mas quando tocou mais uma vez, estendi a mão para o apanhar e quando vi o nome de quem me ligava, atendi num piscar de olhos.

-Fénix, que pasa?- perguntei num tom casual, feliz por ter notícias dela. Contudo, essa felicidade desapareceu assim que ela falou.

-Dylan! Togliti di mezzo, cazzo! (Saiam da frente, porra!)- disse ela com a respiração acelerada e uma certa irritação- Consegues ouvir-me?

-Perfeitamente.

-Ótimo, não há tempo a perder. Vem já para aqui, precisamos de reforços. Está na hora de mandar isto pelos ares, literalmente- enquanto falava, ouvi gritos e barulhos de luta. Fiz sinal a Richard e ele chamou os outros.

-A caminho, mantém-te segura- ordenei e ela desligou.

Agora, acabo de chegar ao castelo e paro ao perceber a confusão que se instaurou. Isto está um autêntico caos.

-Dylan!- viro-me na direção do som e vejo a Maya a vir, desmandada, na minha direção. Abro os braços para a acolher e quando ela pousa a cabeça no meu peito, abraço-a. Pouso o meu nariz no topo da sua cabeça e inspiro, depois ela larga-me e olha para trás. Faço o mesmo e vejo um rapaz com os cabelos meio alourados e ligeiramente mais alto que eu, a carregar a Mya. Num ato protetor e ao me aperceber que esse rapaz era o Príncipe da treta, tiro-a dos braços dele e a cabeça dela descansa no meu ombro.

Ponho-a no carro, à espera do jato privado que nos vai levar de volta a New Orleans, quando reparei que ela estava ferida. Ferida é pouco, foi baleada na coxa direita e depois levou outros dois tiros na canela esquerda , ou seja, não tem possibilidades de caminhar. Tiro a caixa de primeiros socorros e quando me viro para trás, para chamar alguém especializado, vejo a Maya a correr para dentro do palácio.

-Maya! Enlouqueces-te?- grito, quando a vejo a trespassar as portas cercadas pelo fogo. Não posso ir atrás dela, não posso deixar a Mya neste estado. A única coisa que posso fazer é esperar que ela não se magoe. Mierda! Estou tão furioso, qual é que foi a ideia dela?

Quando o jato finalmente chega transporto a minha irmã e acomodo-a lá , com os devidos cuidados e levo o Príncipe da treta para o mesmo. Já está tudo pronto para voltarmos para New Orleans, só falta a Maya.

Estava prestes a decidir ir procurá-la quando ela aparece acompanhada de uma moça. Depressa, movo-me até à Maya ao ver o estado em que se encontra, tem o cabelo todo desgrenhado, o vestido rasgado, um arranhão na perna, a cara enfarruscada do fogo e apresenta falta de ar, pela sua tosse constante. No entanto, a rapariga que vem com ela está em perfeito estado e irrita-me o facto de não ajudar a Maya a andar, ao vê-la com tantas dificuldades. Pego na Maya ao colo e levo-a para o jato, chamando um médico para a ver.

-Dylan!- ela diz, puxando a minha mão ao de leve.

-O que foi?- respondo bruscamente.

-Devias ver a cara que fazes quando estás preocupado- ri-se e olho para ela enfurecido.

- De facto, muito engraçado não é? O que é que te passou pela cabeça?

-Não a podia deixar lá- responde calmamente, apontando para a outra moça a dormir tranquila- Conhecemo-nos no Baile e ela foi muito simpática, senti-me mal ao virar-lhe as costas.

-Fénix, ouve...- peço, sentindo-me a perder a paciência- Não podes trazer estranhos e não podes arriscar a tua vida por pessoas que acabaste de conhecer. Sabes o risco que correste? Já viste o teu estado? E ela, como está? Perfeitamente bem, ela safava-se. Não tens que salvar toda a gente!- grito, finalmente expulsando a ansiedade e a raiva que sentia.

-Eu... A minha intenção...Dyla- e desmaia, tombando para trás. O médico que a está a examinar pede para me retirar, já que pode ter desmaiado devido à tensão da nossa discussão. Não me importo. Ela foi irresponsável, a minha vontade é de a esganar. Não me importo mesmo.

Vou ao bar e bebo um copo de vodka, para ver se me acalmava um bocado. E depois vou à procura da Mya, para ver como está e conversar um bocado com ela. Vou ao quarto dela e sorrio ao ver que já acordou.

-Hola, hola hermanita- sorrio e ela sorri de volta.

-Anda cá, seu sacana- diz e aproximo-me da cama dela.

-Como foi a missão? Muito divertida, só pela tua cara.

- Cala-te! O mesmo de sempre, sabes que não gosto muito daquele tipo de gente.

-O que é irónico, já que ganhas bastante bem na ADE. Mas é por causa da Cristel, não é?

-Não voltes a repetir o nome dessa mulher, foram tempos negros. Tu próprio também testemunhaste algum desses momentos, tu e o Enzo. Por falar em Enzo, como é que ele tem andado?- percebi que o rosto dela escureceu, quando referi a Cristel, e que se apressou a mudar de assunto.

-Está melhor, ultimamente tem andado com os primos da Maya , os gémeos, e parece mais feliz. Ainda bem, sinto que a depressão dele está a desvanecer.

-E tu? Como estás Dy?- pergunta e vejo preocupação na sua face.

-Não sei, gostava de poder dar uma resposta mais concreta- olho para o teto e ouço a cama a ranger.

-Maya, não é? Desembucha- volto os olhos para ela e ela está sentada, claramente à espera que eu lhe conte.

-Eu gritei com ela, mas não me importo muito com isso.

-Se não te importasses, não estarias assim. Tornaste-te um fraco com sentimentos, enfim a vergonha da família. Mas acho que devias falar com ela, eu gosto dela. A sério, gosto mesmo, não estragues isso- olho para ela chocado ao ouvir essas palavras. Ela sabe sempre o que dizer, por incrível que pareça, e conhece-me melhor que ninguém. Maldita seja!

-Obrigada, agora descansa- ela volta a deitar-se e puxo a manta para cima, antes de me ir embora dou-lhe um beijo na testa. Ela reclamou com um "Ew", mas fechou os olhos ao recebê-lo.

Ao sair do quarto ouço uns murmúrios e vou atrás do som. Na verdade, foi um desperdício de tempo, é só o Príncipe da treta a alucinar por conta da droga que lhe deram, ou seja, está desmaiado.

-M.N.- diz ele, pronto é louco, está confirmado!- M.N.- volta a repetir.

-Matheus, pai!- estanco ao ouvir o nome "Matheus", só podem estar a gozar comigo. Ele disse pai? Ele não está em si, está a alucinar. Fiz menção de ir embora, mas os meus pés pararam quando o ouvi a gritar "Pai, a carta!" e a abrir os olhos, desnorteado.

Pela primeira vez, senti algo por ele. Ao olhar nos olhos dele vi-me refletido, há muitos anos atrás.

Tão desnorteado quanto ele, mas eu... tinha acabado de fugir do meu pior pesadelo.

Spy GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora