Melissa Albuquerque
Entro na Casa de Festas depois da minha fútil e ridícula discussão com o Noah, apenas para a encontrar vazia. Ótimo, que excelente maneira de se fazer 18. Saio da casa e vou ter contrariada com a pessoa que me tem confundido, e vejo que ele não se tinha mexido desde que me fui.
-Noah, já foram todos embora. Onde será que estão a Maya e o Dylan? Anda, vamos para casa- digo abaixando-me cansada de discutir com ele, de todas as coisas do mundo, conflitos é a que mais detesto.
-Desculpa Mel, é para o teu bem- ele diz e rodeia-me com os braços, e eu cedo ao seu toque. Afasto-me prestes a levantar-me e ele para-me e puxa-me para si, beijando-me. Lenta e calorosamente, fazendo o meu coração bater freneticamente. Depois sorri e encosta a sua testa à minha- Vamos para casa.
Depois de 20 minutos de viagem, sinto-me a ficar com fome e o Noah para num restaurante. Pedimos take away e seguimos viagem em direção a um monte, estacionando lá. Depois abrimos a mala do carro e vemos Netflix no telemóvel, enquanto comemos. O Noah tinha lá umas mantas e deitamo-nos a observar as estrelas. Viro a cara para o observar e encontro os olhos dele, a brilhar intensamente e fico imediatamente corada.
-O que foi?- pergunto curiosa e ele sorri.
-Nada, só me questiono o porquê de tanto tempo. Quer dizer, já se passaram três anos e só agora é que me apercebo.
-Sim, és um bocadinho cego. Já pensaste em usar óculos?- brinco e ele ri-se, tão contagiante que me tive que rir também. Depois beija-me e suspiro, feliz e surpreendida.
-Olha uma estrela cadente, pede um desejo- ele aponta com o dedo para o céu, fecho os olhos e sorrio perante o meu pedido- O que é que pediste?
-Não te posso dizer, senão não se realiza- digo e ele faz um beicinho.
-És a minha estrela. Mel, tu iluminas-me .
-És o meu céu. Noah, tu preenches-me- sorrio feliz e ele beija-me, desta vez ferozmente e desesperadamente. Sinto um fogo arder dentro de mim e as minhas mãos deslizam pela sua camisa. As dele percorrem o meu corpo e quando chegam à bainha do vestido, ele olha para mim em forma de pergunta e eu aceno com a cabeça. Olho para o céu, enquanto ele me despe vagarosamente e sorrio perante o turbilhão de emoções dentro de mim.
- É isto que queres? Tens a certeza?- ele pergunta com a voz rouca.
-Sim, nunca estive tão certa sobre algo antes- respondo e ele cobre o meu corpo com o seu e depois perdemo-nos um no outro, com as estrelas sobre nós e o sol a começar a nascer, pintando o céu em azul e vermelho.
****
Noah Evans
Acordo envolto em mantas e com a Melissa encima de mim, com o cheiro dela presente no meu corpo e levanto-me devagarinho, para não a acordar. Depois vi as horas e vi que eram 15, não fico surpreendido o dia de ontem foi muito longo. Vejo que tenho uma mensagem por ler.
Dylan: Mano, tenho novidades. Liga-me quando puderes.
Ligo-lhe e ele atende ao quarto toque, ele tinha a voz sonolenta e percebo que também se deitou tarde. Ele explica-me o dia de ontem e fico chocado com os acontecimentos, não sei que estrela cadente passou por nós, mas algo mudou ontem.
-Como é que ela está, depois de ter passado pela prova?- pergunto baixinho para não correr o risco de a Melissa ouvir.
-A descansar, está no hospital. A Mya foi falar com os tios e os primos, e disse que a Maya estava na casa dela, numa festa do pijama. Os tios ficaram felizes por a verem com uma "amiga", no entanto os primos não pareceram engolir a história. O Enzo está em recuperação, se não fosse ela, ele tinha morrido. Ela vai ter que ficar em repouso umas semanas, antes de começar a treinar, está um pouco lesionada. E tu como estás? E a Melissa?
- Estou bem, a Melissa também. Tive uma pequena discussão, porque ela exigia a verdade e não a pude contar. O que me faz pensar, tu não conheces a Maya como é que pudeste levá-la aí? Tu sabes o quanto sofri por não puder contar à Mel, mas o senhor já pode levar a menina ? Enlouqueceste Dylan? És irresponsável e inconsequente e não fazes nada quanto a isso!- digo descarregando toda a raiva de ontem nele, sei que exagerei mas ele tem que ouvir.
-Guarda os sermões para a Mya, tu achas que eu não sei? Mas o que é que podia fazer, tinha o Enzo a morrer nos meus braços e ela estava ali, não tinha opções. E andamos à procura de recrutas, então porque não? E já te tinha dito para trazeres a Melissa. És um cobarde e também não fazes nada quanto a isso!- ele rebate zangado e tenho vontade de atirar o telemóvel monte abaixo.
- Não me chames de cobarde, seu estupor!- grito irritado com o meu melhor amigo e a Melissa aparece atrás de mim, tocando-me gentilmente.
- Vete a la mierda! ( Vai à merda)- ele grita e desliga, sei que está pior que zangado porque falou em espanhol, coisa que só faz em determinadas situações. Olho para trás e vejo a Melissa com uma expressão amedrontada, dou-lhe um beijo na cabeça e entramos no carro, para irmos comer e depois para casa. Ela não diz uma palavra o caminho todo, o que me faz ficar preocupado já que ela adora falar. Ligo o rádio tentando reduzir o vazio e o silêncio que se instalou, e sorrio quando a vejo entrelaçar os dedos nos meus, mostrando que estava ali para mim, como sempre esteve.
Sentamo-nos para comer e ela pede uma lasanha e eu peço o mesmo. Comemos e vamos falando, mas vejo que ela me quer perguntar sobre o que aconteceu no monte. Como não o faz, respondo com um encolher de ombros:
-Era o Dylan, tu sabes como ele é e como eu sou também. Está tudo bem, nós acabamos sempre por nos resolver- ela sorri e concorda. Depois pago a conta e deixo a Mel em casa, seguindo para a minha perdido em pensamentos.
Entro no meu quarto e desabo na cama, adormecendo logo em seguida e percebendo que nunca dormi tão bem como dormi com a Melissa.
Obrigado Estrela Cadente, por concederes desejos e por os concretizares.
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Spy Girl
ActionMaya Moretti muda-se para a casa dos tios após um trágico acidente. O que ela não sabe é que nas ruas de New Orleans o perigo e a verdade estão submersos debaixo das camadas de terra. New Orleans não é como Florença, Marselha ou Lisboa ou será que t...