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Maya Moretti

Esta foi oficialmente, a noite mais estranha da minha vida. Primeiro, estava a ver um jogo de basketball, quando um tiroteio começa. Segundo, o rapaz dos sonhos da Elena aparece meio morto. Terceiro, esse rapaz é irmão do Dylan. Quarto, descubro que eles fazem parte de uma Academia de Espiões. Quinto, existem mesmo espiões.
Podia escrever um livro a relatar a minha vida, quem sabe um dia.
E aparentemente o Dylan quebrou a regra mais sagrada, ao me trazer para cá, pelo menos foi isso que a Mya lhe atirou à cara. Acho que ela não gosta muito de mim, ou então só é desconfiada e fria.
Ela é mediana, aparenta ser um pouco mais velha que eu, tem os cabelos curtos e negros, uns olhos pretos frios e uma postura defensiva. E sem dúvida alguma, é mandona e controladora.

-Mya, deixa-me só levar a Maya a casa e eu já te explico tudo. Por favor, não contes a ninguém sobre ela, tens que manter segredo ou eu vou ser expulso. - pediu o Dylan, ela suspirou e concordou. Acho que no fundo, ela até é boa pessoa e tem um bom coração.

-Adeus Mya, peço desculpa pelo incómodo, tem uma boa noite- despedi-me dela um pouco embaraçada, pois não sabia o que lhe dizer. Ela olhou para mim desconfiada, deu meia volta e voltou para o sítio de onde veio.
Segui o Dylan até o carro e hesitei antes de entrar, respirando fundo quando o fiz.

-Não consigo acreditar. Não pode ser real, é impossível. Eu, eu não compreendo- comento, enquanto olho pela janela para as ruas de New Orleans.

- A realidade é algo que vai além da compreensão humana- respondeu ele e depois sorriu.
Fiquei a matutar naquelas palavras e quando dei por mim, o Dylan já tinha estacionado.

-Obrigada, por teres ajudado o meu irmão- ele disse-me e eu abri a porta do carro.

-Sempre às ordens, acho que estamos quites. Tu fizeste com que voltasse a andar de carro- disse caminhando para a porta de casa. Acenei-lhe com a mão e entrei.

Mya De Angelis

Voltei para a sala de treinamento e sentei-me no banco, à espera do idiota. Dormitei por uns momentos e acordei com o som de passos.

-Ora bem, começa a explicar-te. Tens 2 minutos, a contar- digo olhando para o relógio.

-O Enzo estava numa missão e foi alvejado, a Maya estava no jogo do primo quando o tiroteio aconteceu. Quando chegou cá fora, viu o corpo dele e trouxe-o até mim. Eu não tinha outra opção senão trazê-la para cá- ele fez um breve resumo da história, falando rápido e estalando os dedos.

-Compreendo, mas não sabemos se ela é de confiança. Se a D.Madalena souber, podes dizer adeus à tua carreira de agente secreto. O que é que vais fazer? Ela não pode andar à solta com informações confidenciais.

-Tu sabes que precisamos de pessoas novas, ela já conhece a ADE, é uma Moretti, só precisa de fazer o teste de admissão. É juntar o útil ao agradável.

-Por alguma razão essa ideia parece-me péssima, mas é a única solução. Pois, ela é uma Moretti, não achas estranho ela ter sobrevivido e eles não?

-Eu nem sabia que eles tinham uma filha. Mas é inegável, ela é igualzinha ao Arthur. Eles deviam ter motivos para a manterem escondida, sejam eles quais forem- ele andava de um lado para o outro numa agitação irritante.

- Mais um motivo para que nada faça sentido, ela apareceu do nada e descobre-se que ela é filha do Arthur e da Giselle, as coisas estão a ficar estranhas. Mudando de assunto, qual é que era a missão do Enzo?- questiono tentando aliviar a tensão e as incertezas.

-Soube-se que os WALA andavam à volta do estádio e o Enzo foi enviado para averiguar a situação, entretanto algo correu mal, ele ficou ferido e eles começaram um tiroteio. Por falar nisso, porque é que eles haveriam de andar pelo estádio? Não há nada lá, apenas os jogos de basket semanais- eu olhei para ele como se fosse estúpido, o que de facto é.

-Não é óbvio? Eles devem ter percebido o mesmo que nós, que a Maya é uma Moretti. Porque convenhamos, há anos que se fazem jogos ali e eles nunca atacaram, no jogo em que ela está presente, um tiroteio começa. Temos que a trazer rápido para cá, tivemos sorte de a encontrar primeiro. Eu disse que algo de estranho se está a passar e ela é o motivo. Todo o cuidado é pouco- afirmo passando as mãos pela cara, ele olha para mim incrédulo.

-O homem da pastelaria, um WALA. Como é que isto não me ocorreu? Mya, temos que ir falar com a D.Madalena, isto é urgente. Se eles a apanham... então foi por isto que eles a esconderam, eles estavam só a protegê-la. Pobre Arthur e Giselle, tenho tantas saudades deles- disse ele de repente e eu fiquei confusa. O homem da pastelaria? O que é que me escapou?

-Quem é que é o home- ele interrompe-me puxando-me pela mão e correndo pelo corredor, em direção à sala da D.Madalena. Ele para à porta e olha para mim:

-Obrigada Mya por acreditares em mim, além disso se não fosses tu nunca teria chegado a essa conclusão- ele abraça-me e eu empurro-o passado uns segundos.

-Não sejas lamechas, lembra-te que o lado emocional interfere com as missões e com a capacidade de execução- abanei a cabeça e ele riu-se.

-No dia em que tu fores emotiva, eu dou-te um prémio. Lembra-te que o lado emocional fortalece as comunicações e laços, o que é essencial num agente- ele respondeu e depois bateu à porta.

-Pode entrar.

-Boa noite D.Madalena. Desculpe incomodá-la e desculpe o horário, sei que é tarde, mas tenho informações que requerem a sua atenção- disse o Dylan determinado.

-Boa madrugada Dylan e Mya, sentem-se e fechem a porta- eu fecho a porta e sento-me em frente à secretária da mesma.

-Receio que não sejam exatamente boas novas- começou o Dylan- ... descobrimos que os Moretti têm uma filha e que os WALA andam de olho nela.

- Isso não é possível, Dylan andou a beber? Cheira a bebida.

-Sim D.Madalena, mas esse não é o ponto. O que lhe estou a contar é verídico, a Mya pode confirmar-lhe- lancei-lhe um olhar zangado por me ter metido ao barulho.

-É verdade, o acidente não matou os Moretti. Um deles sobreviveu, a filha. Maya Moretti- afirmei firme e segura acerca do que estava a dizer.

-Já sabem o que têm a fazer, tragam-na cá. Detestaria ver a filha da Giselle nas mãos erradas. Maya, vamos lá ver do que és capaz - comentou a D.Madalena e nós levantámo-nos prontos para a ir buscar.

Maya Moretti, o que é que estás a fazer? Quem é que tu és?

Serás a nossa ruína ou a nossa salvação?

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