Consequências

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Dois capítulos em um dia só pq é natal viu?

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Gizelly Bicalho.

Uma mistura de sentimentos me tomava por aquela manhã, eu estava junto a Marcela na sala da diretora de um orfanato para conhecer e pegar Jamil para passar o fim de semana junto a mim e minha namorada. No mês que se passou, Mari trabalhou em cima da minha vontade de querer tornar-me madrinha da criança, ela havia conseguido que Mc Gowan tivesse a mesma função na vida do menino e depois de uma sabatina de reuniões, além de visitas domiciliares, fomos permitidas a pegá-lo no final de semana do dia das mães.

Mas antes de termos a honra, tivemos que nos comprometer a cumprir uns pré-requisitos como a ter disponibilidade de tempo para participar efetivamente da vida do afilhado com visitas ao abrigo, a escola, passeios, etc. Participar das oficinas e reuniões com a equipe técnica do projeto, respeitar as regras e normas colocadas pelos responsáveis do projeto e dos abrigos, além de ter nossos documentos corretos.

Depois que tudo foi acertado nos tornamos viáveis para apadrinhá-lo, e naquela manhã de sábado conheceríamos o menino para entregar na segunda pela tarde em seu orfanato. Assim que se passou um pouco mais de dez minutos que foram chamá-lo, ele entrou na sala com uma mochila nas costas e vestia um conjuntinho de moletom.

Marcela aparentava muito nervosismo, tanto que quando o viu entrelaçou nossos dedos apertando minha mão. Jamil era lindo, tinha cabelos pretos assim como os olhos, e eles eram na altura dos ombros, em estatura mediana era magro e mostrava-se envergonhado diante de nós. Eu sorri para o menino que dava a mão a uma funcionária, estávamos sentadas e levantei-me para cumprimentá-lo mesmo sem saber muito o que dizer, seria ideal se eu tivesse me preparado melhor para aquele momento, sem dúvidas não estaria tão perdida.

- Jamil, essas serão suas madrinhas. – A diretora levantou-se caminhando para ficar ao lado do menino. – Se chamam Gizelly e Marcela.

- Marhabaan, masa' alkhayr. – Ele disse fazendo-me não entender sequer a primeira palavra. Olhei confusa para as mulheres ao seu lado.

- Jamil, fale em português, querido. – A senhora pediu fazendo um afago no ombro do menor. - Não se sinta tímido.

- Olá, boa tarde. – Cumprimentou-me abrindo um sorriso curto. - É tudo muito novo, me sinto deslocado. – Acrescentou mordendo o lábio inferior em seguida.

- Eu também estou deslocada, Jamil, é tudo muito novo para mim assim como para você, mas espero que confie em mim e na Marcela a partir desse momento que passaremos a nos conhecer.

- Temos duas filhas, uma mais nova e outra mais velha que você. Gostaria de conhecê-las? – Mc Gowan questionou ficando de pé. Suas mãos buscaram os bolsos da calça. - Elas devem estar ansiosas por sua chegada.

- Eu quero encontrá-las. – Sussurrou dando um sorriso um pouco maior. - O que serão minhas?

- Seremos suas tias e as meninas podem ser amigas ou primas, espero que você se sinta à vontade para isso. – Estendi minha mão para que pegasse. Se confiasse em mim aceitaria meu convite. - Podemos ir?

- Hayaa eima! – Disse empolgado, antes que pudesse traduzir imaginei ser coisa boa pois sua mão juntou-se a minha. - Podemos tia.

- Oh, isso me deixa muito feliz, anjo. - Puxei-o para mim o abraçando e senti suas mãos rodarem minha cintura. - Obrigada por se permitir nos conhecer.

- Eu que agradeço, eima. – Pendeu a cabeça para trás para ver meu rosto. Já havia entendido que "eima" significava "tia". - É amiga da eima Mari?

Entrelinhas | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora