Beneficência

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em meio à tantos surtos estou de volta

como vai a saúde de vcs gicelinhas? pq a minha já se foi faz tempo

votem e comentem💖

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Gizelly Bicalho.

Tradição era a continuidade ou permanência de uma doutrina, visão de mundo, costumes e valores que as pessoas a minha volta davam muita importância e eu passei a valorizar da mesma forma. Quando meus amigos passaram a construir suas famílias, objetivamos que em alguns feriados ao longo do ano passaríamos juntos em uma grande "festa", a Páscoa havia se tornando um deles. Por isso nos reuníamos no domingo que simbolizava a ressurreição exalando amor e fé mediante da representação.

No dia anterior a comemoração, as crianças dormiam na casa da minha avó para serem acordadas no domingo de ressurreição por um coelho, que trazia dentro de sua cesta diversos ovos e miniaturas do animal. Geralmente quem sempre foi o responsável por essa tarefa era o Fernando, mas com seu falecimento ficou combinado de o Luiz ocupar o posto. Nossa intenção sempre foi manter a fantasia da data, trazendo grande magia ao momento ensinando os pequenos desde cedo o significado ali implícito.

Era a primeira vez que Liz e Alessia passariam pela comemoração conosco, elas mal sabiam o que as esperava logo no domingo pela manhã. De certa forma seria uma surpresa para as crianças, pois ao longo dos doze meses até o feriado sempre falávamos que o coelho só os visitaria se tivessem um bom comportamento, assim como o papai Noel. Tradições, nós tínhamos e mantínhamos com grande afinco. Por isso no final da tarde de sábado havia ido buscar as minhas enteadas para levá-las para minha casa.

- Oi, meu amor. - Marcela me cumprimentou com um sorriso encantador ao abrir a porta de seu apartamento. - Entra. - Pediu dando espaço e senti falta de seu costumeiro beijo além do abraço.

- Não esqueceu de nada não? - Questionei passando por ela com um semicerrar de olhos. - Você já foi melhor, senhorita Mc Gowan. - Brinquei levando meus olhos a sala com alguns móveis arrastados de seus lugares.

- Acho que você não vai querer me abraçar comigo estando completamente suada. - Falou sorrindo pegando a vassoura encostada na parede. - Olha o meu estado, Gizelly. - Disse apontando para si fazendo-me detalhar bem o cabelo bagunçado e a roupa caseira feita para faxinar que vestia. - Nesse cantinho eu sou obrigada a fazer a limpeza.

- Eu não ligo. Você fica linda de qualquer forma. - Me aproximei puxando-a para meus braços e dei um beijo casto em seus lábios, me afastando logo. - Vim buscar as três para irmos para minha casa.

- Espera eu pôr as coisas no lugar e tomar um banho descente? - Indagou acariciando meu rosto recebendo logo minha confirmação. - Alessia e Liz já estão prontas.

- Cadê elas? - O silêncio na sala era no mínimo estranho, principalmente por causa de Alessia que adorava uma bagunça e falação.

- Estão no quarto arrumando as mochilas. - Informou pegando o balde de água de um canto para molhar o pano de chão. Eu nunca vi a loira fazendo limpeza do apartamento e para mim era curioso, aliás sempre estive acostumada com empregadas fazendo isso por outras pessoas. - Não perca o encanto em ver a segunda face da cinderela. - Brincou fazendo-me rir.

- Amor, você deveria contratar alguém para cuidar disso. - Falei incerta sentando no sofá enquanto ela estava aplicada em sua função. - Se quiser e...

- Não termina, Gizelly. - Interrompeu me olhando com seriedade, internamente me repreendi pelo que tentei dizer. - Não tenho condições para luxos, minha conta bancária não me permite pagar uma empregada. - Foi firme em sua fala começando a passar o pano no chão. - Você sabe que me mato de trabalhar para dar o mínimo de conforto a mim e minhas filhas, não deixando faltar nada, mas não as acostumando a uma vida além da que posso oferecer.

Entrelinhas | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora